Cresce o uso de IA por crianças para apoio emocional
Em meio à crescente digitalização da infância, um levantamento global divulgado pela Norton revelou que 36% dos pais ao redor do mundo notaram seus filhos utilizando ferramentas de inteligência artificial (IA) como forma de companhia, conversa ou suporte emocional. Os pais que participaram da pesquisa têm filhos menores de 18 anos.
No Brasil, 39% dos pais afirmaram ter percebido essa relação com tecnologias de IA. Isso corresponde a cerca de quatro em cada dez crianças.
O relatório também aponta que 57% dos pais já discutiram com os filhos os riscos envolvidos nesse uso, como exposição a desinformação, deepfakes e manipulação de conteúdo.
Entre os principais sistemas citados como utilizados por crianças estão ChatGPT, Google Gemini, Microsoft Copilot, o chatbot My AI do Snapchat e a plataforma Character.AI.
Ainda que 43% dos pais acreditem que a IA seja benéfica ao desenvolvimento criativo e educacional, 29% não têm opinião formada e 28% consideram que os prejuízos superam os benefícios.
Um em cada oito sofrem cyberbullying
O relatório da Norton também indica que o cyberbullying atinge uma em cada oito crianças no mundo (13%).
O número é quase o dobro nos Estados Unidos, com 24% dos pais afirmando que seus filhos já foram vítimas desse tipo de violência virtual. No Brasil, o índice acompanha a média global, com 14%.
Os ataques não se concentram apenas nas redes sociais tradicionais. Plataformas de jogos online, mensagens de texto, Facebook, Instagram, TikTok e YouTube aparecem entre os canais mais mencionados como ambientes onde ocorrem agressões.
O estudo também revela que os agressores mais frequentes são colegas de escola (43%), amigos ou ex-amigos (39%) e pessoas conhecidas por meio de jogos (30%).
Apenas 27% dos pais se dizem à vontade para conversar com os filhos sobre o tema.
Crianças burlam limites de tempo na internet
Outro dado revelado pela pesquisa é que quase uma em cada três crianças consegue burlar os sistemas de controle de tempo de tela estabelecidos pelos pais.
Em 82% dos lares, há algum tipo de gerenciamento desse tempo, mas 29% das crianças admitem contornar as restrições e contar isso aos pais, enquanto 23% fazem sem que os responsáveis saibam.
Segundo os pais entrevistados, os filhos passam em média 3,83 horas por dia em frente às telas, e 55% dos adultos demonstram preocupação com esses hábitos. Apesar disso, 46% afirmam conversar frequentemente com seus filhos sobre segurança online.
Especialistas indicam diálogo constante
Para Leyla Bilge, diretora global de pesquisas sobre golpes da Norton, “ as crianças estão mais conectadas do que nunca ”, o que demanda preparo dos adultos para lidar com esse cenário.
A vice-presidente sênior da Discovery Education, Catherine Dunlop, reforça que escolas também devem colaborar nesse processo.
“ Ao promover a alfabetização digital, capacitamos os estudantes a usar a tecnologia com eficácia e a se destacar na vida acadêmica, pessoal e profissional ”, disse Bilge.