quarta-feira, 12 de março de 2025

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Biologia + IA – Inicia-se a Vida Híbrida!

IA e Biologia: Como Essa Fusão Pode Mudar Nossas Vidas?

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A Fusão entre Chips e Microcérebros

Um Futuro Que Já Começou
Imagine um mundo onde materiais inteligentes consertam sozinhos ferimentos no corpo humano, onde minicérebros criados em laboratório ajudam a curar doenças, e onde células humanas são controladas por dispositivos menores que um grão de areia. Parece ficção científica, mas é exatamente o futuro que a futurista Amy Webb descreveu em sua palestra no SXSW 2025, um dos maiores eventos de tecnologia do mundo. 

Webb não só mostrou avanços impressionantes, como também fez um alerta urgente: se não entendermos e regulamentarmos essas tecnologias, elas podem sair do controle — e grandes empresas de tecnologia podem decidir sozinhas o futuro da humanidade. Este artigo vai explicar, em linguagem simples, o que está em jogo e por que todos nós precisamos participar dessa conversa.

Como a IA e a Biologia Estão Se Misturando?

Para entender os riscos e as oportunidades, primeiro precisamos saber o que está sendo criado. Webb falou sobre três tecnologias principais:

Metamateriais - Materiais Inteligentes que se autoconsertam
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Metamateriais – Materiais Inteligentes que se autoconsertam

1) Meta Materiais Programáveis: Materiais Que “Pensam”
O que são? São materiais artificiais projetados por inteligência artificial (IA) que podem mudar de forma, textura ou função sozinhos, dependendo do ambiente.  Exemplo prático: Imagine um osso quebrado que se regenera em semanas, graças a um implante feito de um material que “sabe” como estimular o crescimento celular. Ou uma roupa que se ajusta sozinha à temperatura do seu corpo.

Problema ético: Webb alertou que esses materiais já estão sendo testados para uso militar, como armaduras que se autoreparam em combate. Quem deve controlar esse poder: governos, empresas ou cientistas independentes?

2) Organoides Computacionais: Miniórgãos em um Chip
O que são? Organoides são versões miniaturizadas de órgãos humanos (como cérebros, corações ou fígados) cultivados em laboratório. Quando conectados a computadores, eles podem simular funções reais do corpo. Exemplo prático: Um “minifígado” em um chip pode testar se um remédio é tóxico sem precisar de cobaias animais. Um “minicérebro” pode ajudar a estudar doenças como o Alzheimer.
Problema ético: Webb questionou: e se esses organoides começarem a mostrar sinais de consciência? Quem decide os limites entre um aglomerado de células e um ser vivo?

3) Wearables Celulares: Tecnologias Dentro do Corpo
O que são? São dispositivos microscópicos acoplados a células humanas para controlar suas funçõesExemplo prático: espermatozoides biônicos induzidos por uma capa que funciona como uma bobina, poderiam ser conduzidos por uma espécie de imã para garantir a fecundação do óvulo.
Problema ético:  Privilégios de fecundação e procriação para poucos abastados.

Futurista Amy Webb
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Futurista Amy Webb

AGI vs. Inteligência Viva (LI): Qual a Diferença?

Webb passou boa parte da palestra explicando dois conceitos que muitos confundem: Inteligência Artificial Geral (AGI) e Inteligência Viva (LI).

O que é uma AGI? Uma IA capaz de aprender e realizar qualquer tarefa intelectual humana, como resolver problemas complexos ou criar arte. Exemplo: Um sistema de AGI poderia diagnosticar doenças melhor que um médico, mas ainda seria um programa de computador, sem consciência ou vontade própria.

Inteligência Viva (LI), O que é?
Organismos criados em laboratório que combinam partes biológicas (como células) com tecnologia. Eles podem evoluir, se adaptar e até se reproduzir sozinhos. Exemplo: bactérias sintéticas projetadas para comer plástico. Se escaparem do controle, porém, poderiam destruir ecossistemas ou mutar de formas imprevisíveis.

Por que isso importa? A AGI é uma ferramenta, como um martelo. Já a LI é como criar uma nova forma de vida — e isso traz perguntas assustadoras: esses seres teriam direitos? Quem seria responsável se causassem um desastre?

Os Perigos da Falta de Regras

Webb foi clara: o maior risco não é a tecnologia em si, mas a velocidade com que ela avança — enquanto as leis e a ética ficam para trás. Ela destacou três problemas:

a)Dados Biológicos Viraram um Negócio – Empresas como Google e startups de biotecnologia estão coletando dados do seu DNA, do seu cérebro e até das suas células.

Exemplo de Risco: Um aplicativo de saúde pode vender informações sobre seu genoma para empresas de seguros. No futuro, isso poderia aumentar o preço do seu plano se você tiver genes ligados a doenças.

b) Desigualdade Extrema;
Teremos humanos 1.0 e humanos 2.0.?
O que significa? Pessoas ricas poderão pagar por melhorias genéticas (como imunidade a vírus ou maior inteligência), enquanto outras viverão com corpos “desatualizados”. Isso criaria uma divisão social perigosa.

c) As Big Techs Controlam a Política
70% dos consultores de IA do governo dos EUA têm ligações com empresas como Meta e Google.
Como isso afeta você? Se as próprias empresas que desenvolvem tecnologias perigosas também influenciam as leis que as regulamentam, qual é a imparcialidade?

Casos Reais Que Parecem Filme (Mas São Reais)

Para deixar tudo mais concreto, Webb citou exemplos atuais:

1) Edição de Genes em Bebês: Em 2018, um cientista chinês modificou geneticamente embriões para torná-los imunes ao HIV. Resultado: ele foi preso, mas o caso mostrou que a tecnologia já existe — e é usada sem controle.

2) Patentes de Células: Empresas já registram patentes de células humanas modificadas. Ou seja, alguém pode “ter direitos” sobre partes do seu corpo.

3) Armas Autônomas:  Conforme vemos no conflito entre Rússia e Ucrânia, bem como nos ataques a Faixa de Gaza, drones com IA podem escolher e matar alvos sem intervenção humana. E se essa tecnologia for aplicada a organismos sintéticos?

Gilberto Namastech
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Gilberto Namastech – Futurista

O Que Podemos Fazer? O Movimento Namastech defende uma ampla educação para todos. É urgente que as escolas públicas, igrejas, organizações sociais em geral, promovam um amplo debate e conscientização sobre os futuros plurais. Não podemos nos reduzir enquanto humanidade na condição de objetos envezados pelos interesses dos Tecnofeudalistas dos Poder Global.  É claro que os benefícios oriundos da mescla entre biologia e tecnologia podem e devem ser considerados, em favor da Vida e do apoio às pessoas que efetivamente podem ter suas condições cerebrais, motoras e de saúde de forma geral, reestabelecidas. Contudo, a garantia de universalidade de acesso evitará a eugenia digital que celebra e contempla os mais privilegiados em detrimento de uma maioria populacional que sequer acessa os serviços básicos de saúde em âmbito global.

Precisamos de um amplo letramento digital, biológico e sobretudo, filosófico, que tenha como centro o conhecimento das potencialidades e as implicações éticas que delas derivam. políticas públicas nesse sentido, precisam ser revistas e obrigatoriamente comprometidas com a inclusão e a detecção de tudo o que for invasivo no sentido manipulatório tanto no nível biológico, quanto neuronal. O Direito precisa ser atualizado a luz dessas novas contendas e aperfeiçoqdos ao ponto de negar privilégios e ambições como patentes genéticas que utilizam de neurônios humanos para processamento de dados por exemplo. A biocomputação, os metamateriais (materiais inteligentes), a inteligência artificial e quaisquer outras que possam delas evoluir, devem ter o compromissõ absoluto e inegociável com a Vida no sentido mais amplo e abrangente e nunca se vulnerabilizar em detrimento dela. “Se as pessoas não entendem a tecnologia, não podem exigir seus direitos”, afirmou Amy Webb em sua palestra.

Propostas Práticas do Movimento Namastech estão em sintonia com a Futurista Amy Webb:

Leis Globais, Não Apenas Locais!
Ela comparou a situação atual à época da invenção da bomba atômica: só um acordo internacional evitou uma catástrofe. Precisamos de tratados globais para controlar tecnologias como a LI.

Transparência Radical!
Empresas e governos devem divulgar claramente como usam dados biológicos e quem lucra com eles. “Se uma empresa modifica seu espermatozoide, você tem o direito de saber quais genes foram alterados”, afirmou.

Participação Popular!
Webb sugeriu a criação de assembleias públicas onde cidadãos comuns discutam regulamentações. 

Gilberto Lima Junior é Palestrante Internacional, Empresário no segmento de negócios de base tecnológica, Conselheiro e Membro do Board de diversas Organizações no Brasil e no Exterior. Para consultar sobre Consultoria, Palestras, Imerções etc acesse suas Redes Sociais: @gilbertonamastech e Gilberto lima Junior no Linkedin.

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