sábado, 21 de dezembro de 2024

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Bala romana com 2.000 anos fez parte da Guerra Civil de Júlio César

Augusto Dala Costa

Bala romana com 2.000 anos fez parte da Guerra Civil de Júlio César

Uma bala de funda em formato de amêndoa com mais de 2.000 anos foi encontrada na Espanha, gravada com o nome de Júlio César de um lado e com uma cidade desconhecida do outro — é, muito provavelmente, um sinal de apoio da localidade ao futuro ditador romano em sua Guerra Civil para chegar ao poder. Cientistas da Universidade Autônoma de Madrid descreveram o achado no periódico científico Zephyrvs
.

Quando ainda era general, César garantiu a vitória do exército romano
durante as Guerras da Gália, entre 58 a.C. a 50 a.C. Após o final da campanha, o militar não se dispôs a abrir mão do poder e da lealdade das legiões e cruzou, famosamente, o rio Rubicão em 10 de janeiro de 49 a.C., o que fez seu rival político — Pompeu, o Grande — declarar que o ato equivalia a um estado de guerra civil.

E guerra civil foi o que de fato aconteceu, durando de 49 a.C. a 45 a.C. Ela envolveu da Itália à Grécia, do Egito à Espanha e das províncias dos Bálcãs às províncias da África. A batalha final da campanha foi em 17 de março de 45 a.C., em Andaluzia, no sul da Espanha, e ficou conhecida como a Batalha de Munda. Dezenas de milhares de soldados de Pompeu foram mortos e César retornou à Roma antiga
vitorioso.


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Batalhas e balas romanas na Espanha

A bala ou projétil de funda entalhado dá aos arqueólogos mais algumas informações sobre as batalhas espanholas da guerra civil. Um dos lados cita uma cidade que nunca apareceu nos registros dos conflitos de César no país — IPSCA — enquanto o outro mostra CAES, uma forma abreviada do nome do general. O item é conhecido como “glans inscripta” (bala inscrita) pelos especialistas, mede 4,5 cm por 2 cm, pesa 71 gramas e tem uma parte deformada, provavelmente por ter atingido um objeto duro ao ser atirada.

Como o artefato foi encontrado próximo a Montilla, a localização provável de Munda nos tempos romanos
, acredita-se que Ipsca tivesse realmente sido envolvida na última batalha decisiva da guerra civil, embora não seja citada na história do conflito. No século I a.C., muitos projéteis eram inscritos, já que serviam bem para mensagens curtas e específicas.

No caso da bala espanhola, o objetivo era provavelmente propaganda política e encorajamento para as próprias tropas do futuro ditador, mostrando que a cidade Ipsca apoiava César, e não Pompeu. Na Espanha, há apenas uma bala além da recentemente encontrada que leva o nome de César, na qual se lê CAE / ACIPE, frase em latim que significa literalmente “pegue isto, César”, mas que, coloquialmente, equivale a “toma essa, César”, provavelmente uma provocação das tropas de Pompeu.

A bala do estudo recente é a primeira aparição de um projétil usado pelo exército de César, e é uma informação importante aos historiadores, já que a maioria das cidades locais da Europa apoiou Pompeu. Ispca parece ter apoiado o general e provavelmente fabricou munição, além de talvez providenciar fundeiros para seu exército.

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