terça-feira, 15 de julho de 2025

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A burrice confortável e o pudim de R$160

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Falamos também sobre o mercado de cursos online

Outro dia, gravando um episódio do Inteligência Orgânica, me peguei fazendo algo que sempre critiquei: tentando dar uma resposta definitiva para um mundo que está cada vez mais indefinido. Meu convidado era o Cleiton Maranhão, da Hotmart — alguém que, como eu, vive imerso no marketing digital, mas que também ri das contradições do próprio ofício.

A conversa começou como uma sessão de terapia: estamos ficando mais burros? A inteligência artificial está nos anestesiando com sua eficiência? Pensar demais virou defeito? E se sim… será que isso é realmente um problema?

Cleiton soltou uma daquelas frases que nos desarmam pela simplicidade desconcertante: “Se todo mundo ficar mais burro, a gente não precisa ser tão inteligente pra se destacar.” Dito assim, parece piada. Mas há algo de profundamente real nisso. Vivemos num tempo em que a ignorância virou estilo de vida e, mais grave, virou estratégia. Ser raso, produzir em massa, responder rápido, tudo isso é premiado. Enquanto isso, quem se aprofunda, paralisa.

A inteligência artificial — essa nova deusa do mercado — não erra, mas também não sente. Não tem medo, nem intuição. E talvez por isso mesmo seja sempre otimista. O que pode soar positivo, mas esconde um perigo: em um mundo que só reconhece o que funciona, tudo que não serve imediatamente para algo vira descartável. Inclusive o pensamento. 

Falamos também sobre o mercado de cursos online. Sobre como a educação virou um produto. Um conteúdo com promessa, dor e gatilho de escassez. Como se aprender só fosse legítimo se trouxesse retorno financeiro direto. O conhecimento virou transação. E a inteligência virou um plano de marketing.

Mas entre risos, um insight nos encontrou: o pudim.

O Cleiton tem um favorito em São Paulo que custa R$160. É feito com os mesmos ingredientes da padaria da esquina: leite condensado, leite e ovos. A diferença? O detalhe. A mão. O cuidado. A temperatura certa. O tempo que se mede no cronômetro e no olhar. Pudim sem furinho. Artesanal. Orgânico. Como a comunicação. Como o palco. Como a escuta verdadeira. Como o podcast que gravamos sem roteiro.

Enquanto houver quem faça pudim com alma, talvez ainda tenhamos salvação.

Porque no fim, mesmo num mundo saturado de IA, o que ainda nos move é o que não pode ser automatizado: a emoção gustativa que uma explosão de calorias açucaradas ainda provoca.

Viva o pudim!

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