sexta-feira, 10 de outubro de 2025

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“A arte me escolheu", diz Thiago Resinhole ao iGeek

Divulgação

iGeek

O podcast iGeek produzido pelo Portal iG e apresentado por Gio Hueb e Gessica Carvalho recebem no episódio desta quinta-feira (9), o artista memorável Thiago Rosinhole, diretamente da  Game Show Brasil 2025.

Thiago Rosinhole é um artista plástico e toy art designer. Ele é reconhecido como referência em customização, com trabalhos para marcas famosas ao redor do mundo, além de participações em exposições nos EUA, Itália e eventos como CCXP e a própria BGS.

Ele ficou famoso pelo projeto #WeAreAllMickey , que reinterpreta o Mickey Mouse em versões inspiradas em diversos personagens, e já atendeu personalidades como Neymar, Silvio Santos e Lewis Hamilton.

Como tudo começou?

Perguntado sobre como tudo começou, ele diz:

“Eu digo que a arte me escolheu. Ela me pegou durante o percurso, né? Eu trabalhava em banco, trabalhei em seis maiores bancos do Brasil, depois trabalhei em fintech, e o colecionismo era um hobby e a arte vem atrás do colecionismo. Desde criança eu sempre gostei muito de customizar tudo o que eu tive”.

Ele conta que em paralelo ao interesse pela customização, sempre foi um grande colecionador de bonecos e art figures, um hobby que o acompanhou por toda sua vida. E afirma que: 

“Não sei dizer quando começou exatamente como começou na minha minha história. Mas eu entendo a minha história como sempre fazendo customização, arte. E sempre tendo coleções”.

Enquanto Thiago trabalhava no mercado financeiro, isso era seu passatempo, ou melhor, um hobby. Mas aos poucos, as pessoas foram comentando seus trabalhos nas redes sociais e então veio o convite para customizar outros tipos de brinquedos. 

E afirma que só depois de muita pesquisa e depois de já ser um artista experiente, que ele encontrou seu próprio estilo e criar seu próprio toy design.

Thiago destaca que sua experiência anterior ao mundo artístico foi fundamental em múltiplos aspectos. Em suas palavras:

“No fim do dia, tudo é sobre conexões. Ninguém compra de uma marca, compra da conexão que tem com ela. Uso minha arte como um vetor para criar essas pontes entre marcas, público e influenciadores”.

Além disso, reforça que a bagagem corporativa que ele teve com a formação em Administração e os anos no mercado financeiro, trouxeram entendimento sobre viabilidade, comprometimento e gestão, essenciais para atuar como artista e parceiro de negócios. Sem essa trajetória, ele afirma que não seria o profissional que é hoje.

O famoso “Buddii”

Durante a conversa, Gio Hueb e Gessica Carvalho também puderem conhecer pessoalmente os icônicos personagens “Budii” e “Bulova” . Aproveitando o momento, as apresentadoras questionaram o artista sobre o processo criativo por trás das figuras tão marcantes.

Thiago responde dizendo que o Budii surgiu como uma mistura de suas experiências e emoções. Ele revela:

“A gente vive num mundo global, em que a gente é bombardeado por informações o tempo inteiro, e uma das grandes premissas da arte é ser usada como vetor  de protesto […] e eu queria na verdade correr para o outro lado, queria ser uma pausa no dia a dia, brincar com a memória afetiva, brincar com o lúdico”.

O artista destaca ainda a forte influência da Disney em seu processo criativo, não apenas pelos desenhos, mas pela história de Walt Disney e sua relação com o Mickey. Sobre essa busca por um personagem próprio, completa:

“Acho que todo artista procura o estilo dele. É um legado que se procura […] mais do que meu estilo, eu também quero deixar o meu personagem, a minha persona”.

Spoiler

Thiago Rosinhole revela que seu personagem Budii está evoluindo para se tornar um conceito mais amplo, uma família de personagens que representa pureza e fantasia. Ele explica:

“O Budii vai ser uma família. A ideia é que eles sejam um conceito. […] são crianças, menino ou menina, de uns 7 ou 8 anos. Porque a gente brinca em várias culturas que a criança até os 7 ou 8 anos é o anjinho ainda, né?”

O artista destaca que a essência do projeto está na celebração do lúdico e dos sonhos infantis:

“O Budii é sobre sonho, sobre fantasia. Então, eu brinquei com essa questão de ir até a Lua, de estar no espaço. Era um dos meus sonhos inocentes de criança, de ser um astronauta. E a arte me permite ser o que eu quiser”.

Sobre a expansão desse universo, Thiago adianta: “Essa mesma criança vestida de astronauta vai ter várias fantasias. […] ele na verdade é um urso. Um urso marrom […] Um urso é um grandão, um ursinho, um teddy bear. Mas, eu já tenho pronto para lançar em algum momento um unicórnio, gato, porco, pato, dinossauro”.

Quando questionado sobre o momento certo para lançar o conceito da família de personagens, Thiago Rosinhole explica sua estratégia gradual:

“Porque como Walt Disney, o Mickey foi o primeiro, o Buddii urso é o primeiro. E eu quero que as pessoas conheçam ele, o conceito dele primeiro, pra depois a gente poder apresentar a família”.

O artista também revela que o projeto já está em desenvolvimento, mas segue um processo de amadurecimento:

“Em algum momento isso vai acontecer, eu ainda não sei exatamente como nem quando, mas eu tenho esse […] dos meus sonhos”.

Ele detalha ainda que as escolhas estéticas tornam o personagem atual único, porque mesmo sendo um urso, ele recebeu orelhas alongadas e texturas que remetem ao lúdico, criando uma identidade híbrida que dialoga com diversas referências de forma intencional.

Referências de toda uma vez, acabam moldando a originalidade 

Explicando sobre todo o processo de criação em torno do personagem, Thiago desmistifica a ideia de originalidade pura, defendendo que a criação nasce da síntese de referências. Ele afirma:

“Ele (o Budii) é, literalmente, a soma de várias experiências e tudo que eu tinha como um design. Eu faço grafite, eu desenho, eu coloco essa frase pra sacanear muito o artista que se acha acima dos outros, que é original. Ninguém é original”.

E acrescenta, sobre a construção do personagem:

“Não existe, eu inventei isso. Eu posso dizer que eu inventei o Budii a partir de várias experiências e influências que eu tive na verdade de uma vida inteira. Agora, algo cem porcento novo, inédito, que não tem em lugar nenhum, é mentira”.

O artista plástico reflete sobre a complexa busca pela originalidade no processo criativo, mesclando desejo e consciência técnica:

“Eu tenho uma busca enorme para tentar ser original mesmo. Não estou sendo hipócrita. Eu quero ser original, quero ser diferente, quero ser reconhecido pelo meu traço. Mas eu acho que eu consumi tanta coisa, que não tem como eu criar algo só meu. Eu posso ressignificar tudo. E você olhar alguma coisa: nossa, você é muito Thiago!”.

Ele afirma que equilibra emoção e razão:  “Mas a gente é acima de tudo a gente é o que a gente viveu. E não é poesia, é mais racional do que parece”.

Momentos marcantes  

Questionado sobre momentos que marcaram a trajetória do artista até aqui, Thiago destaca dois marcos em sua carreira, citando realizações afetivas e de grande importância pessoal:

“Meu primeiro toy de bronze, de 1,40m, feito no Texas, que está sendo entregue para a esposa do Dusty Hill, que é o baixista do ZZ Top. Ela comprou em homenagem a ele. Ele colecionava figuras de cultura pop. Ela se apaixonou pela minha arte”.

O artista detalha a dimensão e o significado da obra:

“Ela fez questão de ser a primeira a comprar o toy gigante de 1,40m, de puro bronze, quase 200kg de bronze. Essa marcou muito”.

Ele também revela a conexão emocional com uma de suas obras mais significativas:

“A Bulova é uma marca muito límbica para mim. Foi o primeiro relógio que eu ganhei do meu pai na adolescência, que era dele”.

Ele explica ainda sua percepção singular sobre a marca:

“Era uma marca que eu admiro muito e que eu vejo como uma referência global. Não só como marca de luxo, porque eu não vejo a Bulova como uma marca de luxo. Eu vejo ela como uma marca de trend. Ela cria novas trends. Ela vai além”.

Thiago também destaca que um de seus trabalhos mais marcantes: o computador personalizado criado para Neymar. A encomenda partiu da Horus, e o artista mergulhou na história do jogador para desenvolver uma peça repleta de simbolismos afetivos.

“Eu estudei ele, coloquei um monte de símbolos que fizessem ele relembrar a carreira, emocionar. Uma das coisas que eu me especializei é essa parte límbica de contar a história das pessoas”.

O design incorporou elementos como os anéis olímpicos (em referência à primeira medalha de ouro do Brasil em futebol), o número 10 e até mesmo um personagem de Among Us – jogo que o atleta costumava jogar. E no meio de todos os símbolos, tinha ainda o logotipo pessoal do jogador.

Thiago conta que devido a mudança repentina do logo, ele decidiu refazer todo o logo que já havia feito no projeto, em apenas um dia, temendo que o anterior não agradasse ao jogador. A atitude surpreendeu Neymar, que acabou chamando o artista para outros projetos futuros.

tecnologia.ig.com.br

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