quinta-feira, 17 de julho de 2025

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A Arte da Guerra das BigTechs

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A Arte da Guerra das BigTechs

O General chinês Sun Tzu que viveu há 500 AC, entrou para a história como um extraordinário estrategista militar. O Livro: “A Arte da Guerra” é estudado mundialmente e recomendado nos MBAs que formam executivos na área empresarial. Os ensinamentos parecem atemporais, motivo pelo qual até hoje são aplicados por militares e estrategistas em geral.

Um desses ensinamentos diz que se você vai para uma Guerra e conhece pouco o oponente há uma chance considerável de derrota. Se for para uma Guerra sem conhecer bem a si próprio, seus meios e condições, essa chance de derrota aumenta muito. Se for para um confronto sem conhecer o oponente adequadamente e tão pouco a si mesmo, a derrota será mais do que certa.

Seguindo a cartilha, os paises resolveram associar o poder dos dados e dos algorítimos controlados pelas BigTechs com  suas estratégias de controle e competitividade na corrida global pela hegemonia de poder.

O mundo está diante de um cenário armamentista muito perigoso frente ao cenário do Oriente Médio, a guerra entre Rússia e Ucrânia, além de outras conflitos, sobretudo no continente africano. Contudo, há mais de uma década o ciber espaço é cenário de confronto entre diversas nações, especialmente àquelas que disputam a hegemonia global de poder.

No espaço digital, onde algoritmos, inteligência artificial (IA) e sistemas autônomos definem estratégias de defesa e ataque. Nesse cenário, as Big Techs — gigantes da tecnologia como Meta (Facebook), Google (Alphabet), Amazon, Microsoft, Palantir, OpenAI, Tencent, Alibaba e Huawei — assumiram um papel central, não apenas como fornecedoras de infraestrutura digital, mas como parceiras ativas de governos e forças armadas.

Neste artigo eu destaco a crescente militarização das Big Techs e aponto as evidências. Por exemplo:

*Colaboração direta com programas militares (ex.: contratos com o Pentágono, OTAN, Exército de Libertação Popular Chinês).

*Executivos de tecnologia assumindo cargos em projetos bélicos (ex.: CEO do Spotify como presidente de empresa de drones com IA; generais chineses em conselhos de empresas tecnológicas).

*Tecnologias que justificam essa associação (IA generativa, drones autônomos, vigilância em massa).

*Impactos na imagem dessas empresas, incluindo protestos de artistas e boicotes.

Contratos Militares
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Contratos Militares

As Big Techs e a Militarização da Tecnologia

Contratos Militares e Parcerias Estratégicas
As Big Techs têm firmado acordos bilionários com forças armadas e agências de inteligência, fornecendo desde sistemas de nuvem até IA para tomada de decisões em combate. Alguns exemplos notáveis:

Big Techs Ocidentais

*Microsoft: Venceu um contrato de US$ 10 bilhões com o Pentágono para o Projeto JEDI  (Joint Enterprise Defense Infrastructure), fornecendo infraestrutura em nuvem para operações militares .
*Amazon: Desenvolve sistemas de reconhecimento facial para o Departamento de Defesa dos EUA e fornece serviços de AWS GovCloud (nuvem) para agências de segurança .
*Palantir (Peter Thiel): Empresa especializada em análise de dados para inteligência militar, usada pela CIA e forças armadas para identificação de alvos e operações de contrainsurgência .
*Google (Alphabet): Participou do Projeto Maven, usando IA para análise de imagens de drones, mas enfrentou protestos internos, levando ao cancelamento parcial do contrato .

Big Techs Chinesas
*Tencent: Incluída pelo Departamento de Defesa dos EUA na lista de “empresas militares chinesas” em 2025, acusada de colaborar com o Exército de Libertação Popular (ELP) . A empresa nega, mas relatórios indicam que seu WeChat (equivqlente ao Whatsapp) é usado para vigilância em massa e coleta de dados estratégicos .
*Huawei: Acusada de fornecer infraestrutura de 5G para sistemas de comando militar chinês, incluindo comunicações seguras para o ELP .
*SenseTime: Empresa de IA especializada em reconhecimento facial, usada pelo governo chinês para monitorar minorias étnicas e otimizar sistemas de **drones autônomos .
*Alibaba: Seu “AliCloud” é integrado a projetos de defesa cibernética chineses, incluindo simulações de guerra digital .

Executivos de Big Techs em Cargos Militares
A militarização de executivos é um fenômeno global:

Estados Unidos
Em junho de 2025, o Exército dos EUA criou o “Destacamento 201”, uma unidade experimental que nomeou executivos do Vale do Silício como tenentes-coronéis da reserva militar. Entre eles:
– Shyam Sankar (Palantir): Diretor de tecnologia, agora integrado ao desenvolvimento de sistemas de IA para guerra cibernética .
Andrew “Boz” Bosworth (Meta): CTO (Chefe de Tecnologia) do Facebook, envolvido em operações de desinformação e guerra psicológica .
– Kevin Weil (OpenAI): Executivo de produto, trabalhando em IA generativa para propaganda militar .

China
Generais do ELP em conselhos empresariais: Empresas como ByteDance (TikTok), Tencent e Alibaba têm oficiais militares em posições estratégicas, garantindo alinhamento com as diretrizes do Partido Comunista Chinês (PCC) .
– Integração civil-militar: O programa “Fusão Militar-Civil” da China obriga empresas de tecnologia a compartilhar inovações com o ELP, como no caso da Huawei e DJI (drones).

Tecnologias que associam as Big Techs com o foco Militar

-Inteligência Artificial (IA) e Sistemas Autônomos

– IA generativa: Usada para deepfakes(Meta, OpenAI) e manipulação de narrativas em operações psicológicas .

– Drones autônomos:  “Helsing HX-2” ( financiado pelo CEO do Spotify) e DJI(China) são usados para reconhecimento de alvos .
– Análise preditiva:  Palantir e Tencent processam dados de vigilância para identificar insurgentes .

Vigilância em Massa e Controle Social
– Reconhecimento facial: SenseTime(China) e Amazon Rekognition(EUA) são usados para monitorar dissidentes .
– Dados de redes sociais: WeChat(Tencent) e Facebook (Meta)  fornecem informações para perfis comportamentais usados em operações militares .

Guerra Cibernética
– AliCloud (Alibaba) e Microsoft Azure são plataformas críticas para ataques e defesa cibernética .
– Huawei: Acusada de instalar backdoors em infraestruturas de telecomunicações globais .

CEO Spotify vira Tenente Coronel
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CEO Spotify vira Tenente Coronel

Efeitos Negativos para a Imagem das Big Techs

O Caso do CEO do Spotify e a Empresa Bélica Helsing

Em 2025, Daniel Ek, CEO do Spotify, investiu €600 milhões na Helsing, uma empresa de IA militar, e assumiu sua presidência. Isso gerou uma crise de imagem:

– Artistas como a banda Deerhoof removeram seus catálogos do Spotify, declarando: “Não queremos nossa música matando pessoas” .
– Laura Bird, cantora independente, também retirou suas músicas, afirmando: “Se você tem uma assinatura do Spotify, seu dinheiro está financiando a máquina de guerra”  .

Protestos Contra Big Techs Chinesas
Sanções dos EUA: A inclusão da Tencent e SenseTime na lista de empresas militares chinesas levou a quedas nas ações e boicotes .
– Resposta da China: O governo chinês denunciou as sanções como “repressão injustificada” e ameaçou retaliar .

A Guerra Híbrida e o Futuro das Big Techs

A militarização das Big Techs representa uma nova era de conflitos, onde dados, algoritmos e IA definem o poder geopolítico. Enquanto governos e corporações avançam nessa integração, a sociedade civil e os artistas reagem, exigindo transparência e limites éticos.

Se, por um lado, a tecnologia pode aumentar a eficiência militar, por outro, ela corrói a confiança do público e coloca em risco direitos humanos fundamentais. O caso do Spotify e da Helsing são exemplos de como o capital gerado pela cultura está sendo usado para financiar a guerra — um paradoxo que pode definir o futuro não só das Big Techs, mas da própria democracia digital.

Futurista
Internet

Gilberto Namastech – Futurista

Gilberto Lima Junior é Humanista Digital, Palestrante Internacional e Membro do Board de empresas de base tecnológica. Redes Sociais: @gilbertonamastech

Referências para o Artigo:

– [1] TNI: La militarización de las grandes empresas tecnológicas
– [2] O Globo: EUA incluem Tencent na lista de empresas militares chinesas
– [3] AP News: Gigantes tecnológicos chineses protestam por lista dos EUA
– [5] Cubadebate: El auge de la industria de defensa digital
– [6] CEPA: China apuesta fuerte por la IA militar
– [8] Revista Fórum: Vale do Silício no front

tecnologia.ig.com.br

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