Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcos Pontes, na Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF)
A Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), um dos mais importantes pilares da pesquisa científica brasileira, comemora 41 anos de existência em 6 de fevereiro de 2025. Inaugurada em 1984, a estação, localizada na Ilha Rei George, na Baía do Almirantado, tem sido palco de inúmeras descobertas e avanços científicos, contribuindo significativamente para o conhecimento sobre o continente antártico e suas implicações para o planeta.
A estação é mantida pela Marinha do Brasil e, apesar de ter sofrido um incêndio, em 2012, que afetou 70% de sua estrutura, foi reconstruída com modernos recursos e tecnologia avançada, sendo reinaugurada em 2020. A EACF passou pela reestruturação e hoje conta com 17 laboratórios numa área de 4,5 mil metros quadrados com capacidade para abrigar 64 pessoas. É dividida em seis setores distintos: privativo, social, serviços, operação/manutenção, laboratórios e módulos isolados. As fundações foram dimensionadas para ventos de até 200 quilômetros por hora, além de abalos sísmicos, e tiveram que atravessar camadas de 20 metros de gelo para chegar à rocha, estando apoiadas em blocos pré-moldados de concreto que chegam a cerca de 80 toneladas.
A nova Estação Comandante Ferraz permite aos pesquisadores e cientistas brasileiros conduzirem estudos em diversas áreas como oceanografia, glaciologia, biologia marinha, climatologia, meteorologia, microbiologia e fungos, telecomunicações, energia solar e eólica. O parque eólico é composto por 8 aerogeradores de 6KWp e é o primeiro implantado em instalações administradas pela Marinha do Brasil.
Maior e mais equipada, a estação contribui para o estudo da biodiversidade e para a compreensão das mudanças climáticas e seus impactos para as Américas, inclusive a Amazônia. Qualquer alteração detectada pelos cientistas da estação reflete mudanças nos hemisférios e suas interferências no clima. Existem vários projetos em andamento, desde pesquisas geológicas, até a coleta de DNA ambientais e desenvolvimento de biotecnologias, bem como projetos para o desenvolvimento da agricultura no local.
A reinauguração da Estação Antártica Comandante Ferraz traz para o Brasil a possibilidade de pesquisar em um cenário inóspito e diferente, a fim de encontrarmos novas soluções. O fato também mostra ao mundo a participação intensiva do Brasil no Tratado da Antártida, que permite a liberdade de exploração científica em regime de cooperação internacional.
Reinauguração da Estação Antártica Comandante Ferraz
Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF) reinaugurada
O Brasil reafirmou seu compromisso com a pesquisa científica no coração do continente gelado no dia 15 de janeiro de 2020 com a reinauguração da estação. Eu tive a honra de representar o governo brasileiro, como Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, nessa conquista para a comunidade científica e pude virar a página para um novo capítulo para a ciência brasileira.
A minha participação como Ministro da Ciência e Tecnologia na reinauguração simbolizou a importância que o governo brasileiro, na gestão do Presidente Jair Bolsonaro, dava para a ciência e tecnologia e para a pesquisa científica na Antártica.
A viagem à Antártida foi um momento histórico, marcando a primeira vez que um ministro da ciência brasileiro visitava a estação polar. E foi um momento inesquecível para mim.
Durante a cerimônia, destaquei a relevância da estação para o desenvolvimento da ciência no Brasil e a manutenção da presença ativa e influente do país na Antártica, além da necessidade de investimentos constantes em pesquisa e desenvolvimento, reforçando que o conhecimento gerado na Antártica tem impactos diretos para o futuro do planeta.
O evento contou com a participação de outras autoridades, dentre elas o Vice-Presidente da República, Hamilton Mourão; o Ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva; o Ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes e o Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Ilques.
Lançamento balão meteorológico, dando início às pesquisas nas novas instalações da EACF
Ao iniciarmos os trabalhos, um balão meteorológico, cujos dados serão aproveitados para a análise da dinâmica atmosférica local e suas interações com a América do Sul, foi lançado com a bandeira brasileira.
Durante a minha estadia na estação, acompanhei de perto os novos equipamentos e laboratórios, conversei com pesquisadores e reafirmei o compromisso do governo com a continuidade do PROANTAR. Fiz questão de ressaltar o papel dos cientistas brasileiros na cooperação internacional para a preservação da Antártica e os benefícios dessas pesquisas para a sociedade.
Com a participação do MCTI, a estação estava pronta para continuar contribuindo para o conhecimento global e o desenvolvimento do país.
O papel fundamental do MCTI e os avanços do Programa Ciência Antártica
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) desempenhou um papel essencial na reconstrução da EACF e no fortalecimento da pesquisa antártica. Durante a minha gestão, o Programa Ciência Antártica MCTI foi ampliado e consolidado, resultando no período de maior volume de publicações científicas sobre o Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR).
Vale ressaltar que durante a minha gestão no ministério, os investimentos do CNPq no PROANTAR resultaram em um aumento substancial na produção de artigos científicos de alta qualidade, contribuindo para o posicionamento do Brasil como um dos principais países com atuação na pesquisa antártica. A correlação entre os investimentos e a produção científica é clara, evidenciando a eficácia das políticas de fomento à pesquisa nessa área. Vide relatório
Gráfico
Principais ações do Programa Ciência Antártica MCTI
✔ Desenvolvimento de pesquisas de excelência sobre a Antártica e suas conexões com o Oceano Atlântico e a América do Sul.
✔ Manutenção do Brasil como membro consultivo do Tratado da Antártida.
✔ Lançamento de Chamadas Públicas para financiamento de pesquisas.
✔ Apoio a 21 projetos em execução e ao INCT Criosfera.
✔ Fortalecimento da infraestrutura científica, incluindo a aquisição de equipamentos para os laboratórios da EACF e os navios polares, além da instalação do Módulo Criosfera 2.
✔ Expansão da divulgação científica, incluindo material didático para escolas e vídeos educativos.
✔ Investimento modernização da infraestrutura científica e novos equipamentos para todos os laboratórios da Estação.
✔ Lançamento de nova Chamada Pública recorde, no valor de R$ 30 milhões.
Expansão da pesquisa com o Módulo Criosfera 2
O módulo Criosfera 1, instalado em 2012, está localizado a 2.500 km da EACF e a 667 km do Polo Sul geográfico. O Módulo Criosfera 2, posicionado 500 km mais ao centro do continente, permitirá a expansão da área de atuação do PROANTAR em 1 milhão de km².
Esse módulo possibilitará avanços em:
✔ Monitoramento dos gases de efeito estufa.
✔ Estudos climáticos sobre o impacto do El Niño/La Niña e do Modo Anular do Hemisfério Sul (SAM).
✔ Análises microbiológicas e atmosféricas para entender as mudanças climáticas e suas influências no Brasil, especialmente no agronegócio.
Conclusão
Pesquisadores em trabalho de campo
A reinauguração da Estação Antártica Comandante Ferraz é um marco histórico para a ciência brasileira. Com infraestrutura moderna e investimentos robustos, o Brasil consolida sua posição como um dos protagonistas na pesquisa antártica. Com o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, a estação se consolida como um centro de excelência para a pesquisa científica no continente antártico. As pesquisas realizadas na EACF contribuirão para o avanço do conhecimento científico e para a construção de um futuro mais sustentável para o planeta.
No entanto, preocupa, na atual gestão do MCTI, a grave crise no financiamento do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), que coloca em risco a continuidade das pesquisas e os investimentos já realizados. A falta de fomento ameaça comprometer décadas de avanços científicos, prejudicando a presença brasileira na Antártica e a produção de conhecimento essencial para o entendimento das mudanças climáticas e da biodiversidade polar. Além disso, a precarização da manutenção dos navios da Marinha do Brasil, fundamentais para o suporte logístico às expedições científicas, representa um risco adicional para o desenvolvimento da pesquisa na região. Sem esses recursos, o Brasil pode perder protagonismo e influência nas decisões internacionais sobre o futuro do continente gelado.