01.12.2025 · 7:13 · Vereadora Luiza Ribeiro
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A Câmara Municipal de Campo Grande viveu uma manhã marcada por emoção, coragem e reivindicações profundas na última quarta-feira (26). Atendendo a uma solicitação que chegou ao seu gabinete, a vereadora Luiza Ribeiro (PT) convocou e conduziu uma audiência pública para discutir a violência obstétrica, uma pauta que, segundo dados nacionais, já atingiu cerca de 25% das mulheres brasileiras e segue devastando famílias, interrompendo vidas e violando direitos.
Para Luiza, que tem na defesa das mulheres um pilar permanente de sua atuação parlamentar, o debate é indispensável.
“A violência obstétrica acontece todos os dias, e muitas vezes em silêncio. Ela destrói sonhos de famílias inteiras. Precisamos enfrentar esse tema com seriedade, respeito e políticas públicas que garantam segurança e dignidade às mulheres e aos bebês”, afirmou a vereadora.
O plenário foi tomado por pais, mães e avós que transformaram suas histórias de dor em mobilização, buscando justiça por Levi, Kalleb, Elisa, Dante, Dudu, Antônio Gabriel e tantas outras crianças que perderam a vida ou sofreram sequelas em decorrência de negligência ou condutas violentas durante o parto.
Entre os relatos, Adalberto Fontoura, pai de Antônio Gabriel, entregou à vereadora um pedido formal de providências com boletins de ocorrência, leis violadas e um esboço de projeto de lei. “O médico foi avisado e se recusou a voltar. Uma sucessão de erros, negligência, omissões, que não apenas contribuíram, mas causaram sua morte. Hoje, nossa dor se transformou em ação”, desabafou.
Ariane de Lima, mãe de Dante, emocionou os presentes ao narrar sua experiência. “Entrei na maternidade carregando meu filho no ventre, cheia de sonhos e vida. Saí de lá com meus braços vazios. Meu filho não sobreviveu por falta de vaga em UTI, por negligência, por omissão”, relatou. Ela afirmou que já existem “mais ou menos uns 100 relatos” de famílias em situação semelhante.
A avó de Ravi, Mirian Souza da Silva, também denunciou falhas e insistência indevida no parto normal, que resultaram na morte do neto. “Precisa de humanização no atendimento. Uma anamnese completa, todo o estudo para saber qual é o melhor momento e a melhor forma para aquele parto. E precisa também olhar para o psicológico da mulher naquele instante”, defendeu.
Outro depoimento marcante veio de Vanessa Quadro Reis, mãe da pequena Elisa, que sofreu hipóxia severa durante o parto, viveu com sequelas e faleceu em 2023. “Espero que a gente possa prevenir para que não aconteça mais esse tipo de negligência, imperícia ou imprudência com nossos bebês”, pediu ela.
A audiência contou com representantes do Ministério Público, Defensoria Pública, Polícia Civil, OAB, Secretaria Municipal de Mulheres, secretarias de Saúde e profissionais da saúde e assistência social, ampliando o debate e reforçando a necessidade de protocolos oficiais, responsabilização e prevenção.
A defensora pública Thais Dominato Silva Teixeira destacou o papel da formação profissional e do empoderamento das mulheres. “A gente precisa mudar práticas, trabalhar com medicina baseada em evidências e mostrar quais procedimentos não podem mais ser realizados. As mulheres precisam entender quais são as práticas violentas e pleitear seus direitos”, afirmou. Ela propôs ainda a criação de um observatório e de uma Casa de Parto no município.
O promotor Marcos Roberto Dietz chamou atenção para a gravidade do cenário: “Os índices de violência obstétrica são alarmantes. Na 76ª Promotoria, temos cerca de 60 procedimentos para apurar irregularidades na saúde pública”.
A delegada Nely Macedo lembrou que a violência obstétrica está inserida em um ciclo maior de violações contra as mulheres. “Mulheres não são incubadoras, elas têm direitos que devem ser respeitados. Protocolo e atendimento humanizado não têm custos”, reforçou.
Ao encerrar o encontro, a vereadora Luiza Ribeiro reiterou que seguirá acompanhando cada caso e transformando as reivindicações em ação política. “Estamos aqui por todas as mulheres de Campo Grande. Vamos cobrar mudanças, criar mecanismos de prevenção, buscar responsabilização e lutar para que nenhuma mãe viva violência no momento mais sensível e transformador de sua vida”, concluiu.
Paulo Victor
Assessoria de Imprensa da Vereadora








