A vereadora Luiza Ribeiro (PT) manifestou apoio à paralisação dos trabalhadores do transporte coletivo de Campo Grande e classificou como legítima a luta da categoria diante do atraso no pagamento de salários e direitos trabalhistas por parte do Consórcio Guaicurus. Na madrugada desta segunda-feira (15), a parlamentar esteve em frente à principal garagem da empresa, na região da Moreninha, onde cerca de 200 ônibus deixaram de sair para atender a população.
Segundo a vereadora, os trabalhadores não compareceram ao trabalho porque não aceitam mais ter seus direitos desrespeitados. Para ela, nenhum trabalhador pode ser refém de empresa alguma. A exigência da categoria é clara e urgente: pagamento imediato dos salários atrasados e dos direitos trabalhistas, incluindo o salário de novembro, o 13º salário e o adiantamento previsto para o dia 20, todos de uma só vez, conforme deliberação da assembleia geral do sindicato realizada na madrugada de quinta-feira (11).
Luiza Ribeiro destacou que é inadmissível que uma empresa de grande porte, que atua há anos na cidade e recebe antecipadamente recursos do vale-transporte, alegue falta de condições financeiras para honrar compromissos básicos com seus funcionários. “As famílias não podem esperar. Estamos falando de direitos fundamentais”, afirmou.
A vereadora também cobrou responsabilidade do Poder Público. Para ela, a Prefeitura, como poder concedente do serviço, precisa tomar providências imediatas, já que a situação é insustentável e afeta diretamente milhares de usuários do transporte coletivo. “Estamos aqui para manifestar total apoio aos trabalhadores e à luta sindical, especialmente em um momento de crise. Exigimos uma posição imediata do Consórcio Guaicurus e cobramos da prefeita que cumpra sua parte. Os trabalhadores não podem ser os mais prejudicados nessa disputa”, declarou.
Em nota divulgada na sexta-feira (12), o Consórcio Guaicurus informou ter pago 50% dos salários atrasados, o que foi considerado insuficiente pela categoria, que mantém a exigência do pagamento integral. Áudios que circulam em grupos de WhatsApp dos trabalhadores revelam desconfiança em relação às negociações, com relatos de temor de novos adiamentos.
Apesar disso, o Consórcio Guaicurus já faturou mais de R$ 1,8 bilhão desde que assumiu o serviço de transporte coletivo em Campo Grande. Esses valores foram apurados durante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Transporte Coletivo, realizada neste ano na Câmara Municipal, que investigou a atuação do consórcio, a gestão dos recursos e a qualidade do serviço prestado à população.
Mesmo com esse elevado faturamento, persistem inúmeras reclamações diárias dos usuários, como atrasos, superlotação e condições precárias dos ônibus. Ainda assim, a empresa atribui a incapacidade de cumprir obrigações trabalhistas à suposta inadimplência do Poder Público e recorre frequentemente à Justiça para obter mais recursos públicos, além das receitas provenientes das tarifas pagas pelos usuários e da publicidade.
Diante desse cenário, Luiza Ribeiro reforçou a necessidade de medidas efetivas. A vereadora lembrou que já existem pedidos de intervenção no transporte coletivo protocolados na Prefeitura e mobilização popular por mais transparência, responsabilidade e respeito tanto aos trabalhadores quanto aos usuários do serviço público essencial.
Paulo Victor
Assessoria de Imprensa da Vereadora









