terça-feira, 16 de dezembro de 2025

Vereador se revolta com exoneração de médica após denúncia e aponta retaliação na saúde de Campo Grande

O vereador Landmark Rios (PT) reagiu com indignação à exoneração da médica Letícia Mella, demitida após denunciar publicamente as condições precárias da UPA Coronel Antonino, em Campo Grande. Para o parlamentar, a decisão da administração municipal configura retaliação e expõe a forma como a gestão tem lidado com os problemas estruturais da saúde pública na Capital.

Para Landmark, a medida adotada revela uma inversão grave de prioridades. “Em vez de corrigir os problemas denunciados por quem está na linha de frente do atendimento, a gestão opta por punir a profissional. Isso é inaceitável. Minha solidariedade à médica Letícia e a todos os trabalhadores da saúde que enfrentam condições precárias, baixos salários e ainda correm o risco de perseguição quando denunciam a realidade”, afirmou.

A médica foi exonerada após publicar um vídeo em que mostra problemas estruturais da unidade, como paredes deterioradas nos consultórios, e questiona as condições de trabalho oferecidas à população. A repercussão foi imediata. Familiares, colegas de profissão e entidades de saúde manifestaram solidariedade à profissional, alegando que Letícia já chegou a comprar medicamentos do próprio bolso para atender crianças. Colegas classificaram a exoneração como “retaliação absurda” diante de uma denúncia que deveria ter gerado providências urgentes.

O caso também mobilizou o Conselho Municipal de Saúde, que cobrou explicações formais da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau). Em documento oficial, o órgão alertou que, se confirmadas, as denúncias indicam dois problemas graves: a manutenção de uma unidade de saúde em condições incompatíveis com os princípios do SUS e uma possível perseguição administrativa a uma profissional que denunciou falhas no serviço público. O Conselho deu prazo de até 20 dias para que a Sesau apresente relatório detalhado sobre as condições da UPA Coronel Antonino e esclareça a base legal da exoneração.

Landmark lembra que o episódio não é isolado e se soma a uma série de problemas que vêm sendo acompanhados e denunciados pelo seu mandato ao longo dos últimos meses. Entre eles, o sucateamento da saúde bucal, com dezenas de compressores odontológicos quebrados em unidades de saúde, situação que levou o vereador a articular R$ 150 mil em emendas parlamentares para reposição de equipamentos, com previsão de liberação ainda no primeiro quadrimestre de 2026. Mesmo assim, a categoria dos odontólogos já anunciou paralisação a partir desta quarta-feira (17).

Outro ponto crítico é a situação dos farmacêuticos da rede municipal, que também discutem greve diante da falta de medicamentos, sobrecarga de trabalho e descumprimento de acordos por parte da prefeitura. O vereador destaca ainda denúncias recorrentes de profissionais que relatam escassez de insumos básicos, equipamentos sucateados e até casos em que trabalhadores custeiam materiais de trabalho do próprio bolso para manter o atendimento à população.

“O que está acontecendo com a médica Letícia é sintoma de um problema muito maior. Temos profissionais adoecendo, unidades sem estrutura, falta de medicamentos, equipamentos quebrados e uma gestão que responde com silêncio ou punição. Retaliar quem denuncia é atacar o SUS e a população”, concluiu Landmark.

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