Ao longo dos primeiros 45 dias em que esteve preso em uma cela especial, o tenente-coronel Mauro Cid gerou uma movimentação intensa no batalhão do Exército. Como revelou VEJA, foram mais de 70 pessoas, entre militares, autoridades e familiares, em busca de prestar algum tipo de solidariedade ao ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.
Diante do que considerou uma “farra” e uma excessiva quantidade de pessoas, o ministro Alexandre de Moraes acabou com a festa. Ele determinou que qualquer visitante, antes submetido apenas a um registro prévio na chegada, teria de solicitar a ele autorização para visitar o militar.
Na decisão, Moraes inicialmente havia restringido a livre visita aos advogados, à esposa e aos filhos – deixando até os pais de Cid fora da lista. Uma intervenção da cúpula do Exército, no entanto, fez o ministro alterar a regra e incluir os familiares.
A ordem do ministro fez as visitas a Cid despencar. Desde 19 de junho, quando foi expedida, apenas familiares e advogados vão ao encontro do militar – ou seja, apenas quem já está previamente autorizado. Ele tem direito a visitas às terças, quintas e domingos, das 13h às 17h.
Pessoas que acompanham o caso do tenente-coronel afirmam que, na prática, ninguém tem coragem de se submeter à canetada de Moraes, o que justificaria a baixa procura no quartel.
Além disso, quem conversou com Cid recentemente afirma que ele está bem, mantendo a prática de exercícios diária, além de um acompanhamento religioso e psicológico. A esses poucos visitantes, ele costuma dizer que não tem esperança de sair tão cedo do local.
Mauro Cid foi preso em 3 de maio sob a suspeita de integrar uma organização criminosa que burlou o sistema do Ministério da Saúde para emitir certificados falsos de vacinação contra a Covid-19. Depois disso, a situação ficou mais delicada após VEJA revelar que uma varredura no telefone dele encontrou uma série de documentos, estudos e até um detalhado plano golpista que previa a anulação das eleições, o afastamento de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e a decretação de uma intervenção militar.