Nas negociações para aderir ao governo, o Centrão pediu, em diferentes ocasiões, os ministérios da Saúde, do Desenvolvimento Social, responsável pelo Bolsa Família, e do Esporte, além da presidência da Caixa e da Fundação Nacional de Saúde. Há meses o presidente Lula diz que abrirá espaços para políticos do PP e do Republicanos na Esplanada, mas até agora não fez as mudanças prometidas nem selou a aliança com o grupo.
O presidente considera a fatura apresentada pelo Centrão cara demais e quer entregar pastas de menor porte, mas mesmo estas não são de fácil substituição, porque estão nas mãos de legendas que apoiaram o petista na campanha de 2022, como o PSB e o PCdoB. Como a meta é trazer mais legendas de centro para o governo, a tendência é que os aliados históricos percam espaço. Não é certo que isso ocorrerá, mas Lula já está preparando o terreno.
Com a esperteza que lhe é peculiar, o petista fez seus assessores circularem a versão de que ele está sofrendo diante da possibilidade de demitir parceiros de longa data, como se já não tivesse feito isso, sem choro nem vela, em outras ocasiões. Reconhecidamente pragmático, Lula nunca teve pudor de submeter companheiros ao sacrifício. Quando o escândalo do mensalão estourou, a primeira reação dele foi dizer que tinha sido traído. José Dirceu logo caiu do cargo de ministro-chefe da Casa Civil.