11.09.2025 · 4:32 · Vereador Landmark
O vereador Landmark Rios (PT) voltou a cobrar transparência da Prefeitura de Campo Grande na aplicação dos recursos da saúde pública. Segundo ele, não procede a alegação de que a tabela do SUS seria uma das responsáveis pela crise no setor.
“Hoje, nenhum hospital de Campo Grande recebe exclusivamente por tabela SUS. O pagamento é feito por contratualização de leitos, associado a recursos extras do teto de Média e Alta Complexidade. Ou seja, além do valor por procedimento, já se paga por pacotes de leitos contratados. O problema é que esses leitos nem sempre estão cheios”, explicou ele durante a sessão desta quinta-feira (11), na Câmara Municipal.
De acordo com o parlamentar, as instituições recebem por pacotes de leitos, mas muitas vezes oferecem um número menor do que o contratado, o que gera um cenário de incoerência. “O resultado é que o povo fica dias em corredores de hospitais e em UPAs aguardando atendimento, enquanto há leitos pagos que não estão ocupados. Isso precisa ser investigado”.
Outro ponto levantado por Landmark é a falta de adesão da gestão municipal a programas federais que poderiam aliviar a sobrecarga no sistema. “O Governo Federal pactuou o Programa Nacional de Redução de Filas e o Agora Tem Especialistas, pagando até três vezes o valor da tabela SUS. Mesmo assim, Campo Grande aderiu pouco, desperdiçando oportunidades de trazer mais recursos e atendimento à população”, destacou.
O vereador também denunciou que várias instituições comprovam produção acima do que foi contratado, mas a Secretaria Municipal de Saúde não amplia a contratualização formal, optando por termos aditivos temporários. “Isso gera insegurança financeira, atrapalha o planejamento e impede que os hospitais aumentem a capacidade de atendimento. Se houvesse contratualização estável, a saúde teria mais previsibilidade e o Governo Federal poderia planejar transferências de forma permanente”, reforçou.
Landmark defende a abertura da “caixa-preta da saúde” para apurar as irregularidades. “Antes de culpar a tabela do SUS, precisamos olhar para dentro da gestão municipal e responder perguntas fundamentais: quem ocupa os leitos em quartos enquanto o povo sofre nos corredores? Por que a SESAU não formaliza a produção extra comprovada pelos hospitais? E por que Campo Grande abriu mão de programas federais que poderiam ampliar em até três vezes os repasses?”, questionou.
Fiscalizações recentes e denúncias de irregularidades
Nos últimos dias, o vereador também esteve em outras unidades de saúde da Capital. Na UBS da Vila Carlota, constatou a falta de 37 medicamentos, compressor de ar inoperante e câmara fria quebrada há mais de um ano. Na USF do Tiradentes, verificou a ausência de medicamentos básicos e até de equipamentos para o pré-natal, obrigando servidores a utilizarem aparelhos pessoais. Já na USF Estrela Dalva, a câmara fria voltou a apresentar problemas apenas um mês após o conserto, somando-se à falta de 13 medicamentos e insumos odontológicos. No Centro de Especialidades Médicas (CEM), o cenário foi de carência de insumos básicos e estrutura precária. E mais recentemente, na UBSF do Jardim Tarumã, moradores relataram a escassez de vagas, longas filas na madrugada, ausência de médicos e dificuldade para renovar receitas de pacientes crônicos.
Na Câmara, Landmark também tem denunciado a falta de transparência da gestão municipal, com destaque para o possível desvio de R$ 156 milhões do Fundo Municipal de Saúde. Ele lembra que só em 2025, mais de R$ 486 milhões já foram enviados pelo governo federal para Campo Grande, além de repasses do Estado e do próprio município, sem que a população perceba melhorias concretas no atendimento.
Texto: Renan Nucci
Foto: Pedro Roque