sexta-feira, 13 de junho de 2025

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“Jogam os usuários dentro daquela sucata e ainda dizem: Coloca até não caber mais”, afirma ex-funcionário do Consórcio Guaicurus

12.06.2025 · 10:13 · Vereador Maicon Nogueira

Na tarde desta quarta-feira (11), o vereador Maicon Nogueira e os demais membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ouviram os ex-funcionários do Consórcio Guaicurus: Weslei Conrado Moreli e Gabriel da Silva Souza Almeida.

Wesley mora atualmente em Florianópolis, mas trabalhou na empresa de 2022 a 2024. De acordo com ele, acumulava duas funções, a de motorista e manobrista, e saiu da empresa por causa das más condições de trabalho. “É uma falta de respeito com o povo. “Jogam os usuários dentro daquela sucata. E ainda um encarregado dizia: Coloca até não caber mais”, indignou-se. O ex-colaborador ainda esclareceu que já chegou a trabalhar onze horas direto sem intervalo, por falta de motoristas.

“Faltava freio, painel de luz estragado, motor que não tinha potência adequada, além do stress diário do elevador. Passageiro reclamando, superlotação e a gente ficando doente. Praticamente ia gente sentado no capô. Não cabia mais gente. Eles estão cientes que existe a superlotação, pois pelo painel enviamos mensagem avisando. O transporte público de Campo Grande é desumano”, desabafou.

MOTORISTA QUEM PAGA

Durante as inspeções o vereador Maicon Nogueira relatou que conversa com muitos colaboradores da empresa e obteve os seguintes relatos: “Se o motorista se envolve em um acidente e os passageiros se machucam, o motorista paga a medicação para o passageiro e posteriormente é descontado do salário do seu salário. O senhor já identificou um motorista reclamando que a empresa descontou do seu salário um serviço que deveria ser coberto pelo seguro que não existe, que nunca foi contrato? perguntou.

Ele respondeu que sim e teria uma amiga que se envolveu em um acidente. “Ela se machucou e até onde eu soube, correram atrás do motorista para pagar a medicação. Eles devem colocar um pouco de pressão, por meio de advogados”, evidenciou.

FAZER UM ‘PEGA”

O vereador questionou o que seria um “pega” e o ex-colaborador explicou que “Se você trabalhou oito horas, a partir dali o que fizer é um ‘pega’. E é normal o motorista dar três pegas seguidos”, relatou.

Ele citou um exemplo de um motorista que ainda é funcionário, que entrou para trabalhar às quatro horas da manhã e sairia às 17 horas. “Eu pegava um salgadinho, que era o que dava para fazer na correria e comia dentro do ônibus”. Wesley disse ainda que na atual empresa que trabalha as condições são completamente diferentes. “Aqui temos uma hora de intervalo e nos pontos de descanso para os motoristas têm banheiro, tv, ar-condicionado, micro-ondas, dentro dos terminais. É perfeito”, assegurou.

MESMO DEFEITO

O ex-colaborador informou que já pegou ônibus para sair que estava com o mesmo defeito do dia anterior. “Cheguei desistir de colocar no diário de bordo porque colocava e não resolviam. Diferente da empresa atual que trabalho. Temos contato direto com o patrão e eles se preocupam mesmo e falam para não desistirmos de relatar, pois priorizam a manutenção desses ônibus”, disse.

Na oitiva de Gabriel da Silva Souza Almeida, que foi bilheteiro, de junho de 2023 a janeiro de 2024, aproximadamente, o mesmo relatou que estava presente para representar os trabalhadores que sofreram assédio, intimidação jurídica e desenvolveram problemas de saúde física e mental durante suas atividades laborais no Consórcio Guaicurus. “Meu objetivo é mostrar que além de um serviço de péssima qualidade e tarifa abusadamente cara, a empresa contribui com a fragilização dos direitos trabalhistas e aumento de exploração de trabalho, que por consequência piora a qualidade do serviço prestado”, finalizou.

Assessoria de Imprensa do Vereador 

camara.ms.gov.br

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