quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Em Audiência, moradores do Residencial Athenas expõem dificuldades e grupo buscará soluções

10.12.2025 · 12:05 · Audiência Pública

Famílias do Residencial Athenas II, região da Mata do Jacinto, em Campo Grande, pediram apoio, respeito e melhores condições de vida, durante Audiência Pública na manhã desta quarta-feira, dia 10. Questões relacionadas à segurança, garantia de direitos e regularização foram abordadas.

A iniciativa é da vereadora Luiza Ribeiro, presidente da Comissão Permanente de Políticas e Direitos das Mulheres, de Cidadania e Direitos Humanos, com apoio da Comissão Permanente de Segurança Pública. A partir deste debate, um grupo irá fazer uma visita à comunidade para buscar soluções. Além da Câmara, devem participar Defesa Civil, Agências de Habitação do Estado e de Campo Grande, Guarda Civil Metropolitana e Defensoria Pública.

O debate iniciou dando voz aos moradores da comunidade. Alisson Pereira, representante dos moradores, reside há quase 20 anos no Residencial Athenas II. “A gente vem tentando melhorar nosso lugar. A gente sofre muito preconceito. Para a população em volta, tudo de ruim no bairro é o Athenas. Isso prejudica até mesmo as crianças, algumas tem vergonha, alguns pais fazem objeção aos filhos que moram no Athenas”, afirmou. Até mesmo o apelido de Carandiru para o local, como referência a antigo presídio de São Paulo, corrobora para esse preconceito. Ele citou a preocupação com as operações no local, com prejuízos psicológicos, principalmente para as crianças, prejuízos financeiros e também moral.

Uma das preocupações é com as ações de repressão no local. A moradora Marcela Souza Conceição lembrou que lá existem várias crianças, incluindo três autistas, além de idosos. “O respeito não está vindo dos policiais. Lá tem gente que trabalha, que sai cedo buscar seu pão, chega e tem a porta estourada”, disse. Ela citou a dificuldade das crianças diante do nervosismo com as ações policiais. “A gente só quer nossa dignidade! As crianças não podem passar dificuldades, não somos bandidos, temos famílias que trabalham e crianças que precisam de escola”.

Tainara Aparecida Souza Dias também reivindicou direitos. “Que a gente possa ter dignidade de moradia. Nossa comunidade está cansada de ser oprimida por forças de segurança, queremos que a prefeitura e o governo olhem nossas famílias”, disse. Ela citou as dificuldades que enfrenta até mesmo para atender as necessidades do filho autista.

A vereadora Luiza Ribeiro afirmou que os moradores do residencial não encontram oportunidade de falar, sendo tratados como invasores e criminalizam quem está ali. “Hoje trouxemos autoridades que podem falar problema de moradia, dignidade e da situação das pessoas que estão ali. A Câmara é instrumento para dar voz aos moradores de Campo Grande, todos são muito importantes para a gente”, afirmou

Impasse – O defensor público Danilo Silveira falou dos desafios para obter uma solução definitiva para os casos, explicando sobre o processo judicial. No caso do Athenas II, há uma ação pedindo a reintegração do local.  “A solução seria arrumar uma moradia digna, mas é uma solução que é utópica para falarmos agora”. No caso, ele pontua a necessidade de disposição política para realocar as famílias, que é a preferência deles, ou pagar a indenização ao proprietário pela área.

Representando a Emha, Douglas Torres afirmou que a solução é o reassentamento das famílias, todas no mesmo momento. A ideia seria mantê-las na região, porém ainda não há nenhuma área definida. “A gente vai solucionar o problema, buscando a área”, afirmou. Na visita, deve ser feito o cadastro das famílias que vivem nessa ocupação.

O subcomandante da Guarda Metropolitana, inspetor Pedroso, citou a importância de acolhimento pelas forças de segurança. “A Guarda tem que ocupar o papel de polícia comunitária, junto do cidadão de bem, independente de classe social. É importante que o cidadão se sinta acolhido quando vê viatura e não pense que terá seus direitos violados”. A integração com a comunidade e a visita institucional para estreitar os laços seriam algumas proposições.

Representantes da Águas Guariroba e da Energisa estiveram presentes na Audiência Pública, esclarecendo informações sobre as dificuldades para regularizações de fornecimento de água e luz, de forma a garantir também a segurança das famílias. A regularização fundiária e até mesmo a questão das instalações precisam ser revistas. Participaram ainda representantes do Conselho Tutelar.

Milena Crestani
Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal

camara.ms.gov.br

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