segunda-feira, 28 de julho de 2025

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Facções criminosas em guerra? Três crimes em sete meses levantam alerta no Vale do Taquari, em Coxim

Um trabalho integrado e ininterrupto entre as forças de segurança de Coxim e Rio Verde de MT (MS) – Polícia Civil, Polícia Militar e Polícia Científica – elucidou, em tempo recorde, uma sequência de crimes com fortes indícios de disputa entre facções criminosas rivais atuantes na região Norte do Estado. Os fatos, iniciados ainda no começo deste ano, culminaram em duas execuções e diversas prisões entre os dias 26 e 27 de julho.

Janeiro: Tentativa de homicídio inicia sequência de ataques

A ligação entre os crimes começou a ser traçada ainda em 06 de janeiro de 2025, quando Edeilson Cardoso dos Santos e Maylon Vinícius Gonçalves foram alvos de uma tentativa de homicídio. Na ocasião, dois homens em uma motocicleta abriram fogo contra a dupla na mesma região, onde meses depois, ambos seriam executados. Apesar de sobreviverem, as marcas da violência e o histórico criminal das vítimas já apontavam para envolvimento em conflitos de facção.

1º de junho: Maylon executado dentro de casa na frente de criança

No início de junho, o destino de Maylon se selou tragicamente. No dia 1º de junho de 2025, por volta das 3h30 da madrugada, sua residência na Vila Mariana foi invadida por um criminoso armado com uma pistola 9mm. Maylon foi surpreendido enquanto dormia, atingido na perna, braço e costas. Sua companheira também foi baleada no joelho e uma criança de apenas 5 anos, filho da mulher, presenciou toda a cena.

A perícia encontrou o local tomado por sangue e recolheu quatro projéteis deflagrados e sete munições intactas. A brutalidade do crime comoveu a população e reforçou os indícios de que se tratava de uma execução com motivação relacionada à guerra entre facções criminosas.

Link da matéria completa no Coxim Agora: Homem é morto a tiros dentro de casa na Vila Mariana; companheira fica ferida

26 de julho: Edeilson é morto em nova execução e operação é deflagrada

Na noite de 26 de julho de 2025, por volta das 21h52, a Polícia foi acionada após Edeilson Cardoso dos Santos, de 40 anos, ser executado na Rua 7, Bairro Vale do Taquari. Testemunhas relataram que dois indivíduos fugiram do local em uma motocicleta Yamaha YBR vermelha, sendo que o garupa portava uma arma de fogo.

Com informações obtidas rapidamente, equipes da Força Tática da Polícia Militar e Polícia Civil deram início a uma força-tarefa. Um jovem de 18 anos, abordado em atitude suspeita, revelou ligação com indivíduos de Rio Verde de MT/MS, que haviam recebido ordens para executar a vítima. A pistola 9mm, mais uma vez, foi a arma utilizada.

A operação se intensificou e, com apoio da Rádio Patrulha de Rio Verde, os dois autores – de 22 e 27 anos – foram presos ainda na mesma noite. Ambos confessaram ter vindo de outra cidade com a missão de executar Edeilson, a mando de integrantes locais de uma facção criminosa.

27 de julho: Prisões em massa confirmam organização criminosa em Coxim

Já no dia seguinte, 27 de julho de 2025, as forças policiais confirmaram a prisão em flagrante de seis integrantes da organização criminosa responsável pela execução de Edeilson. Foram detidos:

  • João Henrique Savala Dorneles de Freitas (Malbec)

  • Fabrício Marques de Paula (Cigano)

  • Roger Nunes Vilalba (Rian)

  • Vitor Vieira Pinto (Coelhão)

  • Leandro Caces Oliveira (SP)

  • Gabriel da Silva Crepaldi (TioCrepi)

As investigações revelaram que todos possuem funções definidas dentro da estrutura da organização criminosa. Rian era considerado o “geral” da facção em Coxim, responsável pela articulação das ações e fornecimento dos instrumentos do crime. Foi em sua residência que a execução foi planejada, com uso de pistola e motocicleta.

O mapa indica uma cadeia de retaliações ou conexões entre os crimes. (Polícia Civil)

Inicialmente, Malbec e Cigano foram escalados para executar a vítima, mas Cigano teria desistido da ação, sendo substituído por Coelhão, afilhado criminoso de Rian e também apontado como “geral” da cidade.

Já SP teve a função de resgatar e ocultar a arma utilizada no homicídio, enquanto TioCrepi foi incumbido de recuperar a motocicleta abandonada após o crime.

Motocicleta abandonada pelos executores, localizada, apreendida e periciada, salientando o excelente trabalho da perícia papiloscopista e da Polícia Científica, que confirmaram as digitais de um dos executores da ação no capacete deixado e no retrovisor da moto.

Ligações entre as execuções e avanço das investigações

A conexão entre os crimes ficou ainda mais evidente com a constatação de que Edeilson já havia sido alvo da tentativa de homicídio em janeiro, junto de Maylon – este posteriormente executado em junho. Em ambos os casos, o modus operandi foi semelhante: uso de pistola 9mm e motocicleta na ação.

Além das prisões e do armamento utilizado, os policiais conseguiram recuperar o celular da vítima Edeilson, que poderá conter informações cruciais sobre outros envolvidos, inclusive mandantes.

Ação exemplar e continuidade das investigações

O sucesso da operação foi fruto da atuação incessante das forças de segurança pública de Coxim, que mantiveram regime de plantão operacional ininterrupto, inclusive com diligências interestaduais. A atuação integrada da Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Científica e apoio da PM de Rio Verde foi fundamental para a rápida elucidação dos crimes.

As autoridades já comunicaram o auto de prisão em flagrante e representaram pela prisão preventiva dos envolvidos. Novas diligências seguem em curso para localizar a arma do crime, identificar líderes da facção e esclarecer outros possíveis homicídios com mesmo padrão de execução.

Conclusão

O desfecho da operação reforça o comprometimento das forças de segurança de Coxim no combate à criminalidade organizada. A união entre as instituições foi decisiva para desmontar parte de uma estrutura criminosa que, ao que tudo indica, vinha atuando de forma articulada e violenta na região.

A população de Coxim pode ter a certeza de que o trabalho continuará. A resposta rápida, firme e coordenada dada pelas forças policiais reafirma o compromisso com a paz e a segurança de todos os cidadãos.

Mikaela Loni com Maikon Leal

coximagora.com.br

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