O corpo do médico e pecuarista Ramiro Pereira de Matos, de 67 anos, chegou a Campo Grande na manhã desta terça-feira (16), por volta das 11h06, após ser resgatado dos destroços do avião que caiu na Fazenda Piquiri, em Corumbá, região pantaneira de Mato Grosso do Sul.
De acordo com a delegada Ana Cláudia Medina, do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), a prioridade inicial da equipe foi garantir que o corpo fosse entregue à família, mesmo antes da análise completa da cena do acidente.
“O local da queda fica nas proximidades da sede da fazenda, o que dificulta bastante o acesso por terra. Foi necessário montar uma logística específica para avaliar os destroços, por isso optamos por priorizar a retirada do corpo”, explicou a delegada.
Após ser colocado em um saco mortuário, o corpo foi levado à sede da fazenda e, em seguida, transportado por via aérea até a Capital, em uma viagem de aproximadamente duas horas. De Campo Grande, ele será encaminhado a Araçatuba (SP), onde ocorrerá o velório.
Missão de apoio aéreo
O transporte do corpo até Campo Grande foi realizado por uma aeronave do GOA (Grupamento de Operações Aéreas) do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul, em uma operação humanitária solicitada pela Força Aérea Brasileira (FAB).
Segundo o major Jonatas Costa e Silva Lucena, a FAB localizou a aeronave e realizou a retirada do corpo da área do acidente até a sede da fazenda. A partir daí, coube ao GOA fazer o deslocamento até a Capital.
“Nossa missão foi exclusivamente o transporte do corpo. O local é de difícil acesso, com estradas de terra que poderiam levar de 8 a 10 horas de viagem. O traslado aéreo foi a forma mais rápida e segura”, explicou o major.
O voo de ida e volta durou entre 1h40 e 2h cada trecho. Lucena destacou que, no momento do resgate, as condições climáticas estavam favoráveis, embora na véspera houvesse a entrada de uma frente fria na região.
Acesso restrito e dificuldades na operação
O oficial explicou que o GOA não chegou até a cena exata do acidente.
“Nós pousamos apenas na pista da fazenda, que fica a cerca de 18 quilômetros do local da queda. Toda a parte de acompanhamento na área do acidente foi conduzida pela Força Aérea”, afirmou.
Segundo ele, a região é de acesso extremamente complicado, com vegetação densa e áreas alagadas, o que exigiu planejamento logístico para o resgate.
Investigações em andamento
O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) e o Dracco atuarão em conjunto na análise do caso, mas com objetivos distintos.
“O Cenipa tem o foco na prevenção de acidentes, elaborando hipóteses sobre o que pode ter ocorrido. Já a Polícia Civil trabalha para descobrir a causa real do acidente. Nossas atuações se complementam”, explicou a delegada Ana Cláudia.
As equipes devem retornar à área do acidente na quinta-feira (17) para iniciar a análise dos destroços da aeronave.
O acidente
Ramiro pilotava um Cessna 210 Silver Eagle, prefixo PS-FDW, que decolou por volta das 7h39 (horário de MS) de Itiquira (MT) com destino a Sonora (MS). A previsão era de chegada às 9h30.
Por volta das 8h30, ele enfrentou condições climáticas adversas e fez contato com outro piloto, relatando dificuldades durante o voo. Menos de uma hora após a decolagem, a aeronave perdeu contato.
Cerca de quatro horas depois, os destroços foram encontrados em uma área remota da Fazenda Santa Terezinha, próxima à divisa entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
De acordo com os primeiros indícios, Ramiro pode ter tentado um pouso de emergência, já que partes do motor foram encontradas espalhadas pela região, a aproximadamente 180 quilômetros de Coxim.
O filho do pecuarista, Waldyr Ribeiro Aguiar Paiva Matos, de 37 anos, confirmou a morte do pai em entrevista emocionada:
“Sim, infelizmente, ele faleceu”, disse.
Ramiro deixa esposa, filhos e netas. Sua morte causou grande comoção entre familiares, amigos e produtores rurais de diferentes estados.
Mikaela Loni com CGNews