A Fazenda Corredor, iniciativa da AGEMS em parceria com a concessionária Way 306, incentiva solidariedade e garante condições de acolhimento, dignidade e serviços a populações vulneráveis

O número 344 da rua Rua Leandro Ortiz de Menezes, no Residencial Figueira II, é endereço de risos, afeto e dignidade para idosos em Costa Rica. Na casa de muro baixo e amplo jardim, eles encontram acolhimento e carinho em um lar que se sustenta com solidariedade, apoio do poder público e ajuda da comunidade.

A cidade está na rota da rodovia estadual MS-306, ponto inicial do trecho norte concedido em Mato Grosso do Sul, onde infraestrutura e social andam juntos, ganhando força no inovador Projeto Fazenda Corredor.

A Associação Lar Recanto dos Idosos ‘Roberto Lopes Goncalves’, uma ILPI – Instituição de Longa Permanência para Idosos – é uma das beneficiárias da iniciativa pioneira da Agência Estadual de Regulação (AGEMS) em parceria com a concessionária Way 306. Desde 2022, todo ano, o espaço que acolhe pessoas da terceira idade em situações de vulnerabilidade social pode contar com um auxílio de R$ 10 mil repassados por proprietários rurais que escolheram a entidade como destinatária de recursos do projeto.

Um apoio que ajuda a fornecer abrigo, alimentação e carinho a quem não tem familiares ou pessoas próximas para esse cuidado. Dezesseis homens e cinco mulheres residem no Lar atualmente.

Festa de aniversariantes no Lar dos Idosos – julho 2025

“Esse recurso é sempre muito útil, nos ajuda a cuidar bem dos nossos vovôs e vovós”, conta Margarida Fátima Silva, presidente da instituição e entusiasta da dedicação aos idosos. “Agora estamos com o projeto pronto para construção de uma nova sede. Se Deus quiser, em breve poderemos acolher um número maior de idosos, em um espaço mais adequado”.

  Na nova sede, com mais espaço, a expectativa é aumentar a capacidade para 46 acolhidos – 33 homens e 13 mulheres, “podendo chegar a 52, com a construção de dois chalés, para morarem dois casais se desejarem unir em matrimônio”, anima-se a presidente da entidade.

Com o projeto técnico pronto e aguardando formalização do terreno doado, a instituição conta com apoio do Município e do setor privado, como os produtores que aderem à iniciativa da Fazenda Corredor, para as ações do presente e os planos futuros. “Esse recurso que chega do projeto da rodovia a gente usa para tudo o que precisar, e fazemos uma reserva quando não é necessário o uso imediato”, revela Margarida.

Infraestrutura e desenvolvimento socioeconômico

Concedida desde abril de 2021, a MS-306 se tornou referência quando se trata de pensar a regulação “fora da caixa”, ampliando benefícios que começam com mobilidade e infraestrutura, e levam à comunidade a sustentabilidade e o olhar social.

“Temos buscado não só fiscalizar contratos, mas fazer uma regulação proativa, criando soluções, transformando realidades e levando cidadania, de forma que a concessão gere o desenvolvimento econômico e social”, afirma o diretor-presidente da Agência, Carlos Alberto de Assis.

Com aval da AGEMS, a Fazenda Corredor é um modelo inovador no segmento de concessões rodoviárias. Envolve a parceria com produtores rurais para que áreas agrícolas localizadas na faixa de domínio sejam utilizadas de forma sustentável em benefício das comunidades lindeiras.

Na prática, longas faixas de terras onde tradicionalmente já se estendia o plantio de cultura rasteira podem permanecer ocupadas, desde que com segurança e a adesão dos produtores ao projeto social.

“É um projeto muito vinculado à realidade de Mato Grosso do Sul. O proprietário fica autorizado a cultivar naquele trecho marginal da estrada e mantém a limpeza do local. A concessionária fica desobrigada de retirar essa plantação e de cercar a área. E o usuário é beneficiado porque o custo desse investimento de limpeza, cerca e manutenção tem impacto reduzido na tarifa”, destaca a diretora de Rodovias, Caroline Tomanquevez. “Tudo é feito com muita segurança, e a comunidade como um todo ganha quando parte do que é arrecadado na plantação é destinada a uma instituição social escolhida pelo produtor”.

Com o mais recente repasse neste ano, o total destinado pelo projeto chega ao montante de R$ 217 mil e inclui ainda instituições assistenciais como Apae e Rede Feminina de Combate ao Câncer.

Solidariedade que se multiplica

Casa da Sopa (arquivo 2022)

Há três anos, a Casa da Sopa é mais uma organização abraçada pela iniciativa que une infraestrutura e impacto social. “Obviamente esses recursos nos ajudaram muito na manutenção da casa, em pagamento de despesas como água, energia e de funcionário”, relata o presidente da instituição, Darlan Luiz da Silva.

É um resultado concreto da concessão e da regulação em auxílio à comunidade diretamente impactada. A instituição responsável pela Casa da Sopa abre as portas para 60 pessoas terem comida na mesa toda semana na ‘Sopa Fraterna’. O funcionamento do espaço também permite outras assistências, que incluem doações de roupas e de cerca de 50 cestas básicas por mês.

Ciência, desenvolvimento agrícola e oportunidades

Com cerca de 219 quilômetros de extensão total de concessão, entre Costa Rica e Cassilândia, a MS-306 tem autorização para corredores de plantio em trechos específicos, onde a atividade agrícola não compromete a segurança viária. Assim como fiscaliza a execução de todas as obras e investimentos contratuais da concessionária, a AGEMS acompanha o desenvolvimento dos projetos que têm a adesão dos produtores, explica o coordenador da Câmara Técnica de Rodovias, Vinicius Echeverria.

Em um desses projetos, a Fazenda Corredor também está adubando o caminho de jovens estudantes e preparando profissionais para um futuro de conhecimento e oportunidades.

Há casos de áreas lindeiras autorizadas para o plantio em que o proprietário, em vez de instalar a própria lavoura, cede o espaço para o Instituto de Pesquisa e Inovação na Agricultura Irrigada – Inovagri, que tem um campus em Chapadão do Sul. A instituição criada por professores e pesquisadores de universidades públicas do Centro-Oeste é voltada para o ensino, pesquisa e extensão, através da viabilização de bolsas de estudo, equipamentos e materiais de consumo. Atualmente, atende a 27 estudantes.

O cultivo e comercialização da produção das margens da MS-306 é uma fonte de recursos para o treinamento prático oferecido aos estudantes durante a vida acadêmica, visando entregar ao mercado de trabalho profissionais mais bem qualificados em diferentes áreas de indústria, comércio, serviço público, ou diretamente no campo como produtor rural. O Inovagri também viabiliza intercâmbios entre universidades do Centro-Oeste para conhecimento de diferentes realidades da agricultura.

“Nessa parceria, o produtor que prefere não plantar na área que agora está regularizada, permite que a gente ocupe. Nós contribuímos com a manutenção, a limpeza, livramos de praga, de ervas daninhas. E dali vem o retorno financeiro, dessa própria produção”, celebra o diretor-geral do Instituto, Ricardo Gava.

Foto destaque: Imagem ilustrativa – visa aérea MS-306