Yeltsin ainda mantém o foco na conquista da vaga nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, onde vai tentar repetir o feito de Tóquio 2021 – lá ele conquistou dois ouros
Nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, em 2021, o campo-grandense Yeltsin Jacques fez história ao ganhar duas medalhas de ouro no megaevento esportivo. Além de ser campeão e recordista mundial (3 minutos, 56 segundos e 60 centésimos) da prova de 1.500m, ele também triunfou nos 5.000m na classe T11 (atletas cegos).
Destaque nas provas de 1.500 metros, Yeltsin adicionou mais uma medalha de ouro ao seu currículo em julho deste ano, quando participou do Campeonato Mundial de Atletismo Paralímpico, em Paris, na França. Ele também trouxe o bronze dos 5.000m no mesmo campeonato.
Agora, nesta terça-feira (3), ele foi convocado para o Parapan de Santiago 2023 e vai representar o Mato Grosso do Sul em um dos principais torneios das Américas. Com apoio do Governo do Estado através do Bolsa Atleta, Yeltsin relata a importância do recurso em sua trajetória.
“É um apoio fundamental que mantém a base do esporte, que me mantém aqui feliz, focado, fazendo o que eu tenho que fazer, que é trazer medalhas para gente, trazer orgulho. Vamos dar resultados para Mato Grosso do Sul. O que o Bolsa Atleta nos proporciona, não só para mim, como para todos os atletas sul-mato-grossenses, é essa oportunidade de estar no mais alto nível, a nível desportivo nacional”, destaca Yeltsin.
Para se manter entre os melhores do mundo, os atletas precisam de incentivos financeiros, e o Governo do Estado trabalha para oferecer todo suporte para que os esportistas continuem sendo referência.
“Hoje, dizemos que somos o Mato Grosso do Sul em Tóquio, trouxemos quatro medalhas, e eu trouxe dois dos 22 ouros do Brasil, de todas as modalidades. Então, o nível que a gente atingiu hoje aqui em MS é muito alto. Somos referência mundial no esporte paralímpico e estamos nos tornando no esporte convencional também”.
Mesmo sendo de Campo Grande, o campeão lembra que precisou sair do Estado, pois não tinha pista de atletismo para seus treinamentos. Porém, hoje as condições são melhores e o Governo de Mato Grosso do Sul está investindo nestas estruturas, inclusive no interior, como em Ponta Porã e em Chapadão do Sul.
“A gente tem melhorado e isso tem trazido resultado para as futuras gerações. Mais uns oito, dez anos aí, vamos ter talvez dez, doze, quinze Yeltsins aqui no Mato Grosso do Sul. Não só no atletismo, talvez natação, ciclismo, vôlei, esportes coletivos também, como no futebol.”
Preparação para Paris 2024
As Paralímpiadas de Paris 2024 começam em menos de um ano, exatamente no dia 28 de agosto, e Yeltsin trabalha muito para subir ao lugar mais alto do pódio mais uma vez. No Mundial de Atletismo Paralímpico, em julho deste ano, na sede da próxima Olimpíada, ele saiu satisfeito com o resultado, um ouro nos 1.500m, com direito a recorde da competição, e bronze nos 5.000m.
“Estive lesionado ano passado, ainda estou em fase de recuperação. Então a gente não conseguiu fazer uma prova de 5.000m tão boa, mas ainda saímos muito felizes com o resultado, com o bronze. E o ouro nos 1.500m, que é a prova que sou recordista mundial, agora recordista do campeonato mundial também e campeão paralímpico. Então a gente foi lá e conquistou mais um, mostrando que estou bem e preparado para o ano que vem, no grande desafio que serão os Jogos Paralímpicos 2024”.
Em novembro, Yeltsin participará do Parapan-Americanos no Chile e vê a competição como um preparativo para Paris, a qual analisa que o nível competitivo será mais intenso do que foi em Tóquio.
“Estará muito forte. Eu espero que os adversários venham ainda melhores, porque ali em 2021 eu sempre fui um atleta de referência a nível mundial, mas não era o ‘cordeiro’, como a gente brinca. Eu era o leão. Estava caçando. Agora sou a caça. A gente sabe que, principalmente japoneses, quenianos também, eles estão treinando muito bem, são muito bons e que vai ser uma prova muito forte. Estamos trabalhando para chegar lá e trazer o ouro de novo. Sempre tem que respeitar os adversários, tudo pode acontecer, mas o ouro é nosso”.
Sobre o ciclo olímpico de três anos, menor do que os anteriores devido a pandemia da covid, o corredor acredita ser bom para ele.
“Porque como eu falei, agora eu sou a caça, então para mim é uma vantagem, porque é um ciclo mais curto, os adversários estão treinando esses três anos focado em ganhar de mim ano que vem. E a gente sabe que eles tiveram um pouco menos de tempo para isso. Tive toda oportunidade depois que cheguei de Tóquio, de me recuperar da lesão, me tratar, ficar 100%”, diz.
Yeltsin ainda completa que “ano que vem ainda tenho o grande desafio antes dos Jogos de Paris, que é o Mundial em Kobe, uma cidadezinha que fica a 500 km de Tóquio. Então assim, eles vão estar em casa, eles não vão querer perder de novo, e eu estou indo lá pra ganhar”.
Apaixonado pelo esporte desde criança, quando seu pai o levava para assistir às corridas, Yeltsin começou a investir na modalidade aos 15 anos, ainda nas corridas de rua, em Campo Grande.
Hoje, com 31 de idade, ele ostenta um currículo sensacional, além das conquistas citadas, ainda inclui: ouro nos 1.500m nos Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019; ouro nos 1.500m e bronze nos 5.000m dos Jogos Parapan-Americanos de Toronto 2015; prata nos 1.500m e bronze nos 800m no Mundial de 2013 na França.
Com o reconhecimento mundial no esporte paralímpico, o atleta é uma inspiração para outros jovens do Estado que estão começando na modalidade e tem o sonho de conseguir uma carreira tão vitoriosa quanto a dele.
João Pedro Flores, Programa de Estágio Supervisionado
Fotos: Álvaro Rezende