Com 26 anos e prestes a completar 20 de estrada, Geyson Luiz está no elenco de “Cangaço Novo”, do Prime Video. Na produção, dá vida a Pino, um cangaceiro insaciável pelo ódio. Em breve, o artista também será visto no longa “Salomé” e na segunda temporada de “Lama Dos Dias”, do Canal Brasil, em que interpreta o jovem anarquista Farmácia. A produção, que teve a primeira parte lançada em 2019, resgata o início do manguebeat
e remonta à cena cultural da cidade de Recife dos anos 1990.
Com diversos espetáculos na bagagem e se graduando em licenciatura de teatro na UFPB, o limoeirense já atuou em vários projetos do novo cinema paraibano, entre eles, “Nó do Diabo”, “A Noite Amarela” e “Ambiente familiar”. Por um deles, o curta “Boyzin”, abocanhou o prêmio de melhor ator no “16° Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro”, em 2021. Em 2019, integrou o elogiado filme “Fim de Festa”, de Hilton Lacerda. Confira os melhores momentos do bate-papo na íntegra!
1. Como avalia a sua caminhada artística?
Como diz Guimarães Rosa: “Viver é um rasgar-se e remendar-se, uma trajetória intensa, cheia de vontade de conhecer o outro, me conhecer em tantas histórias com suor e sangue, corpo e alma”. Vivendo a arte e fazendo interpretações.
2. E como se vê daqui a duas décadas?
Mais vivo do que nunca, com a memória boa e o corpo disposto, presente no que faço, com o meu povo.
3. Você está em “Cangaço Novo”, certo? Fale um pouco de Pino, seu personagem nesse projeto que costuma receber bastante elogio.
Entre as belezas e as estranhezas dessa caminhada, um “anjo” caiu na terra, vindo dos céus. O ódio em seus olhos é camuflado com um sorriso para os homens. Um ser desumano, Pino é um cara que escancara diversas problemáticas a quem associei as propagandas sobre o “poder”.
A beleza do encontro tem suas provocações, do reflexo da perspectiva humana ao mais belo e ao mais horrendo da natureza e da civilização. Uma visão insaciável, a fome de tudo que está pela frente, sem afeto, sem memória, apenas ódio.
4. Além da empreitada do Prime Video, tem o protagonista de “Lama dos Dias” que retrata o manguebeat.
Como é poder usar seu ofício para simbolizar a cultura nacional?
Necessária, é a história do meu povo. O movimento fez parte da minha construção como cidadão e vai além da música. Essa efervescência que ele carrega é o que representa de mais valioso em nós.
5. Aliás, estamos observando uma crescente presença de produções nordestinas. Como vê essa mudança para quem as acompanha e para o mercado?
Ocupar esses espaços ainda é um ponto em discussão e um ato de resistência. É um tempo importante para o nordeste e o início de uma grande história que estamos firmando, agora, com mais força e a união de “todes”.
6. Fazer novela está nos seus planos?
Sim, se houver a possibilidade, vou amar. Investigar as “personas” e suas camadas junto ao público deve ser uma realização incrível. Tornar-se um criador parte do espectador é no que penso ao assistir às tramas que marcaram a minha geração.
7. E como é sua relação com os fãs? Conte sobre o retorno quanto a tudo que tem feito.
Único. Recebo mensagens delicadas, poéticas, profundas. Algumas têm essa característica de ser um desabafo. Confesso que me assusto um pouco com a dimensão das coisas, mas é gratificante ver o resultado.