O fotojornalista Sebastião Salgado afirmou estar próximo da morte em entrevista publicada em fevereiro de 2024, um ano antes do falecimento confirmado nesta sexta-feira (23). Aos 81 anos, o fotógrafo disse não desejar viver por muito mais tempo. “ Já vivi tanto e vi tantas coisas” , declarou ao jornal britânico The Guardian .
Na mesma entrevista, concedida com exclusividade ao veículo estrangeiro, Salgado refletiu sobre a humanidade e demonstrou preocupação com o futuro do planeta. ” Sou pessimista em relação à humanidade “, disse. ” Mas otimista em relação ao planeta. Está cada vez mais fácil para o planeta nos eliminar .”
Salgado morreu em Paris, onde morava, em decorrência de complicações causadas por uma malária adquirida nos anos 1990. A notícia gerou grande repercussão no meio artístico e entre figuras públicas que admiravam o trabalho do fotógrafo brasileiro.
Fotógrafo deixa legado de denúncia e restauração ambiental
O Instituto Terra, fundado por Salgado, publicou uma nota oficial lamentando a perda.
” Com imenso pesar, comunicamos o falecimento de Sebastião Salgado, nosso fundador, mestre e eterno inspirador. Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo “, declarou a entidade.
A nota também destacou a parceria com Lélia Deluiz Wanick Salgado, com quem criou o projeto de reflorestamento em Minas Gerais.
“ Semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade .”
O Instituto prestou solidariedade aos familiares e amigos de Salgado.
“ Neste momento de luto, expressamos nossa solidariedade a Lélia, a seus filhos Juliano e Rodrigo, seus netos Flávio e Nara, e a todos os familiares e amigos que compartilham conosco a dor dessa perda imensa ”, completou o texto.
Aos 80 anos, o fotógrafo já demonstrava aceitação diante do fim. “ Sei que não viverei muito mais. Mas não quero viver muito mais ”, disse. A frase, à época, causou comoção entre os fãs de seu trabalho.
Reconhecido mundialmente, Salgado documentou conflitos, migrações e desigualdades sociais com imagens em preto e branco que marcaram gerações. Foi vencedor de prêmios internacionais e expôs em museus e galerias de diversos continentes.