quarta-feira, 13 de agosto de 2025

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Quem é Felca, o youtuber que expôs a adultização infantil

A discussão sobre a exposição precoce de crianças e adolescentes na internet — e os riscos de exploração sexual nesse contexto — ganhou proporções inéditas nos últimos dias. O motivo foi um vídeo de 50 minutos publicado pelo youtuber e humorista Felipe Bressanim Pereira, 27 anos, conhecido como Felca, que detalha casos de “adultização” de menores em redes sociais e aponta perfis suspeitos de lucrar com esse tipo de conteúdo.

O material, que acumula mais de 31 milhões de visualizações no YouTube, ultrapassou o ambiente digital e chegou aos principais telejornais do país. A repercussão mobilizou o Congresso Nacional e levou o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), a anunciar prioridade para projetos que endurecem regras contra a exposição de menores na internet. O governo federal também entrou no debate, defendendo responsabilização das plataformas digitais.

Da reação bem-humorada à denúncia com repercussão política

Felca nasceu em Londrina (PR) e iniciou sua trajetória online em 2012, como streamer de videogames. Com o tempo, migrou para os chamados “reacts” — vídeos em que comenta, de forma crítica ou humorada, conteúdos de terceiros. Foi nesse formato que ele construiu uma base sólida de seguidores: atualmente são quase 6 milhões no YouTube, 16 milhões no Instagram e 6 milhões no TikTok.

O estilo descontraído e direto, aliado a um vocabulário acessível, fez com que seu vídeo sobre adultização infantil se espalhasse rapidamente, alcançando não apenas o público habitual, mas também perfis de entretenimento e influenciadores de diferentes nichos. 

O conteúdo do vídeo: casos, críticas e apelos

No vídeo, Felca aborda desde a monetização de conteúdos com menores até a forma como algoritmos das plataformas podem facilitar a ação de criminosos. Ele cita casos concretos, como o do influenciador paraibano Hytalo Santos, acusado de expor adolescentes de forma sexualizada, e relembra episódios passados, como o de “Bell para Meninas” e o caso da adolescente Karolyne Deher, cujas imagens íntimas teriam sido comercializadas em canais pagos.

Entre os principais pontos levantados, estão:

Monetização como incentivo – Felca argumenta que retirar a possibilidade de lucro desses perfis seria um passo decisivo para frear o problema.
Algoritmos e redes de pedofilia – Explica que curtidas, tempo de visualização e compartilhamentos ajudam a direcionar conteúdos para públicos específicos, incluindo criminosos, que se comunicariam por códigos.
Exposição a ambientes adultos – Critica a presença de adolescentes em festas, consumo de álcool e comportamentos sexualizados.
Impactos psicológicos – Alerta para consequências como transtornos de ansiedade, depressão, estresse pós-traumático e distúrbios alimentares.

Repercussão no Congresso e no governo

As declarações tiveram efeito imediato no cenário político. Hugo Motta, presidente da Câmara, afirmou que projetos sobre o tema serão pautados ainda nesta semana. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, comparou a situação a uma “terra sem lei” e cobrou das plataformas digitais mais responsabilidade sobre o que é publicado e impulsionado por seus algoritmos.

O advogado-geral da União, Jorge Messias, reforçou que a discussão não pode ser confundida com censura, mas sim com a necessidade de proteger crianças e adolescentes de práticas criminosas.

Histórico de polêmicas e posicionamentos firmes

Essa não é a primeira vez que Felca entra em embates com figuras públicas e grandes empresas. Em 2023, ele recusou uma proposta milionária para divulgar uma casa de apostas e criticou influenciadores que promovem esse mercado, apontando riscos de vício e prejuízos especialmente para jovens.

O influenciador também já esteve no centro de debates sobre a CPI das Apostas, ao ironizar a postura de parlamentares que trataram a comissão de forma descontraída durante depoimentos de figuras conhecidas. Seu tom crítico e independente lhe rendeu apoio de seguidores fiéis, mas também adversários e ameaças.

A vida fora das câmeras

Felca costuma compartilhar, com franqueza, aspectos pessoais, como ter enfrentado depressão e problemas com álcool. Com 1,95 metro de altura, relembra episódios de bullying na infância e a dificuldade de socialização. Seu círculo de fãs, apelidado de “seita”, acompanha tanto as críticas contundentes quanto momentos de humor mais leve.

Após o vídeo sobre adultização, o youtuber afirma ter reforçado medidas de segurança, incluindo carro blindado e escolta, devido às ameaças que recebeu.

gente.ig.com.br

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