Salve, salve, simpatia!
Quarta-feira, dia de esporte.
O esporte vai muito além da competição: é uma ferramenta de transformação, união, inclusão e superação!
Nas quadras, nos campos e nas pistas, vemos histórias inspiradoras de quem venceu obstáculos, quebrou barreiras e encontrou no movimento uma forma de resistir e sonhar. Hoje, vamos mostrar como o esporte pode incluir, fortalecer elos, ensinar a lidar com a dor e abrir caminhos, principalmente nas periferias, onde cada vitória carrega muito mais do que um troféu, carrega esperança!
Claudinei Bezerra dos Santos, mais conhecido como Dinei, carrega no corpo e na alma uma história de dor que se transformou em missão. Aos 22 anos, um acidente de moto mudou completamente o rumo da sua vida. Ele seguia por uma avenida quando, de repente, um carro surgiu de uma rua lateral e o atingiu violentamente. No impacto, sofreu uma fratura exposta na perna direita.
No hospital, recebeu a notícia que ninguém está preparado para ouvir: a amputação era urgente. O sangue já não chegava ao pé e os ligamentos estavam gravemente comprometidos. A recusa inicial veio com desespero e lágrimas. Dinei foi anestesiado e, ao acordar, já não tinha mais a perna.
O luto pela perda do membro durou semanas. Ele se isolou, evitava visitas, mergulhou em um silêncio profundo, tentando entender por que aquilo havia acontecido. Mas, com o tempo, a dor começou a dar lugar à esperança. Pesquisou, estudou, se informou e descobriu que a amputação não era o fim, era o começo de uma nova forma de viver. Aprendeu a andar com prótese, voltou ao trabalho e começou a reconstruir sua história.
Foi nessa fase de reconstrução que conheceu o futebol de amputados. Um colega o levou para assistir a um treino e, ali, pela primeira vez desde o acidente, Dinei viu brilho nos olhos de pessoas como ele. Pegou um par de muletas, caiu, levantou, caiu de novo… e seguiu em frente. Encontrou no esporte uma paixão, uma motivação, uma família. Participou de campeonatos, viajou o país e se tornou um exemplo de superação, ajudando a resgatar outras vidas, como a dele havia sido resgatada.
Mas nada em sua vida se compara ao que veio depois: o nascimento do seu filho, Heitor.
Durante a gestação, já no sétimo mês, veio o diagnóstico: Heitor nasceria com uma má formação na perna esquerda, mais curta que a outra. O baque foi grande. Dinei e sua esposa, Paola, ficaram devastados. Se pudessem trocar de lugar com o filho, fariam isso sem pensar. Mas a vida, com sua sabedoria misteriosa, tinha planos que eles ainda não compreendiam.
Heitor nasceu saudável, alegre, cheio de vida, e com uma luz única. Com apenas sete meses, já engatinhava pela casa, subia no skate com equilíbrio e coragem. Nunca se viu como diferente. Sempre se enxergou como uma criança como qualquer outra.
Quando chegou o momento de usar a primeira prótese, ele rejeitou. Chorava, se recusava a colocá-la. Foi então que Dinei e Paola tiveram uma ideia: compraram um par de muletas infantis. Afinal, desde que nasceu, Heitor via o pai com muletas. Aquela imagem era familiar, reconfortante. E foi com elas que ele deu seus primeiros passos com segurança e liberdade.
A convivência com os atletas amputados e os treinos do pai foram fundamentais para que Heitor criasse identidade, confiança e orgulho de sua trajetória. Seus primeiros chutes em uma bola aconteceram nos mesmos campos onde o pai reencontrou a alegria de viver.
Hoje, com 8 anos, Heitor anda de bicicleta, joga futebol com brilho nos olhos e participa de partidas de futebol adaptado em sua própria categoria. Cheio de coragem e alegria, é inspiração para muitos, inclusive para o próprio pai.
Pai e filho vestem a mesma camisa, defendendo a equipe Guarulhos/Mamonas, cada um em sua categoria. Dentro de campo, dividem mais do que o amor pelo esporte: compartilham força, companheirismo e um legado de resiliência.
Para Dinei, tudo faz sentido agora. Ele acredita que sua dor preparou o caminho para que pudesse ser o pai que Heitor precisava. A amputação, que um dia foi motivo de sofrimento, hoje é ponte entre duas almas que se reconhecem, se inspiram e se fortalecem todos os dias.
Duas gerações, dois corações, e uma história de amor!
Nenhum obstáculo é maior que o amor, a fé e a vontade de viver.