A ditadura chilena foi uma das mais sangrentas da América Latina.
Comandada pelo general Augusto Pinochet, durou de 1973 a 1990, vitimando mais de três mil de pessoas com torturas e assassinatos, deixando centenas de órfãos que perderam seus pais.
Esse é o caso de Roberto Baeza, que teve seu pai morto, e Paulina Costa, cujo pai não morreu, mas está até hoje traumatizado.
Para passar a limpo esse triste capítulo da história chilena, Baeza e Costa realizaram o filme Ponto de Encontro( Punto de Encuentro , no original), que será exibido no próximo sábado (02/08), a partir das 9 horas, em um evento no Instituto Sedes Sapientiae, em São Paulo.
Depois da sessão haverá uma conversa com participantes do filme e psicanalistas, que analisarão essa traumática experiência.
O filme
Ponto de Encontro tem direção de Roberto Baeza, além de produção e roteiro de Paulina Costa.
Lançado em 2022, o documentário apresenta a história de seus pais, representados por atores, que relatam o que foi ter passado por um centro de tortura.
Mostram também as repercussões que esses traumas emocionais causam aos sobreviventes e suas famílias.
No caso em questão, um deles sobreviveu, mas o outro continua desaparecido.
O filme teve grande impacto no Chile, sendo bem recebido pelo público e vencedor de vários prêmios de cinema.
Depois da exibição haverá uma conversa com Roberto Baeza, Paulina Costa, Alfredo Garcia, um dos produtores do filme; Lucho Costa, sobrevivente da ditadura chilena, além de psicanalistas do grupo Faces do Traumático.
Objetivos
Muitos podem se perguntar por que realizar um documentário depois de tanto tempo?
Flavio Veríssimo, psicanalista e um dos organizadores do evento, faz uma análise sobre a importância de se discutir essa questão e os benefícios psicológicos que isso traz. Ele diz:
Penso que temos, enquanto “traumas sociais” da nossa história, duas marcas importantes: a escravidão e a ditadura.
Os traumas, sejam pessoais ou coletivos, não tratados estão fadados a se reapresentar, nos seus elementos brutos, na atualidade.
Podemos, como exemplo simplificado, ver isso facilmente na questão da escravidão, representada pelo racismo e, na questão da ditadura, na ascensão do fascismo.
Veríssimo também destaca que quando o filme fala sobre os traumas que os presos da ditadura viveram, assim como o impacto causado a seus parentes, pode ajudar muito os envolvidos, pois:
Fazer circular palavras sobre essas questões, possibilita a mobilização, não só para os atores e seus próximos, mas para todos os afetados pelas questões das ditaduras e suas violências (leia-se a todos nós também), que estejamos um pouco menos assujeitados aos efeitos mortíferos que essas questões, quando “mal-ditas”, podem ter sobre nós. Portanto, bem dizê-las, é uma forma social de tratar delas.
Inscrições
Promovido pelo Instituto Sedes Sapientiae, o evento do próximo sábado iniciará às 9 horas, com um café de recepção. O filme Ponto de Encontro será exibido às 10 horas, com posterior debate com os realizadores.
O valor da inscrição é de R$ 80,00 para o publico em geral, no site: https://sedes.org.br/site/eventos/codigo-9563/ .
Mas também disponibilizarão meia entrada para estudantes e o público com mais de 60 anos, vagas gratuitas para pessoas pretas, pardas, indígenas e trans, e para familiares e vítimas da ditadura.
Esta coluna é um espaço destinado à cultura e músicas latinas. Mais informações sobre esses temas você encontra em www.ondalatina.com.br e no Canal Onda Latina: https://www.youtube.com/@canalondalatina
Assista ao trailer do filme Ponto de Encontro :