quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Policial confessa ter cometido crime para encontrar Tim Lopes

A verdade veio à tona.

A entrevista completa que Jorge Lordello realizou em um hotel no Rio de Janeiro  com o comissário Daniel Gomes vai ao ar nesta quarta-feira (10), no canal Na Cena Do Crime, no YouTube, às 18hs.

O policial Daniel Gomes contou a Jorge Lordello que, para esclarecer a morte de Tim Lopes, localizar os restos mortais dele e identificar Elias Maluco  e seus comparsas executores da morte do repórter da Globo, precisou cometer um crime.

Ou seja, para esclarecer um crime de grande repercussão que era o desaparecimento de Tim Lopes, Daniel Gomes cometeu um crime também, que somente agora foi revelado.

Esse segredo ficou guardado com ele até hoje e somente agora ele resolveu contar tudo a Jorge Lordello.

Daniel Gomes é policial civil no Rio de Janeiro há quase 40 anos e está na ativa na polícia com 72 anos de idade. Na época em que tudo aconteceu, ele tinha 49 anos de idade

Fui ao Rio de Janeiro com a missão de esclarecer uma enorme dúvida sobre a morte de Tim Lopes em 2002. Entrevistei com exclusividade o policial Civil Daniel Gomes, que foi o responsável pela investigação do desaparecimento do repórter da Globo, e ele resolveu me contar um segredo que guardava há 23 anos.

A verdade é que o Comissário Daniel Gomes arriscou sua carreira na Polícia Civil para esclarecer esse bárbaro crime e somente agora ele resolveu contar toda a verdade. Entenda que, na época dos fatos, ele foi obrigado a esconder a estratégia que realizou para desvendar o crime, pois poderia ser punido e até perder o cargo público.

O que os chefes do Comando Vermelho não imaginavam é que o tirocínio de um único policial civil vocacionado pudesse revelar toda a trama e colocá-los atras das grades.

O corpo de Tim Lopes somente foi encontrado e a família pôde fazer o enterro digno dele, por causa da atuação de um policial civil carioca, que depois de brilhante trabalho de investigação foi injustiçado.

Tim Lopes estava desaparecido por vários dias após ir à favela da Vila Cruzeiro no dia 2 de junho de 2002. A cobrança e a pressão para o encontro do repórter, vivo ou morto, era enorme. A polícia tinha feito várias tentativas, mas nada de localizar o repórter cinematográfico.

A lei do silêncio imperava e ainda impera naquela comunidade dominada pelo medo imposto pelo Comando Vermelho. A verdade é que ninguém da comunidade iria contar à policia onde Tim Lopes tinha sido enterrado.

O policial civil Daniel Gomes sabia da dificuldade que teria para encontrar o corpo de Tim Lopes. E se ele não encontrasse os restos mortais do repórter desaparecido, provavelmente o crime ficaria sem solução e a impunidade iria prevalecer mais uma vez.

Daniel Gomes resolveu usar método investigativo não convencional e que não era legal. Ele colocou sua carreira em risco na tentativa de esclarecer a morte de Tim Lopes.

O caso Tim Lopes poderia ter acabado como o de Priscila Belfort, que até hoje é tida como desaparecida.

A região da Vila Cruzeiro, onde Tim Lopes desapareceu em 2 de junho de 2002, é uma comunidade carioca de enorme extensão territorial.

Em toda essa área dominada pelo Comando Vermelho rege a chamada lei do silêncio, ou seja, ninguém colabora com a Polícia Civil para esclarecimento de crimes ocorridos dentro da comunidade. Se alguém se atrevesse a ajudar a polícia e a facção descobrisse, todo mundo sabe que a sentença seria de morte no micro-ondas.

A Polícia Civil sabia que Tim Lopes havia sido descoberto no interior da Vila Cruzeiro e que provavelmente estaria morto.

Mas enquanto não se acha o corpo, não podemos falar em homicídio e sim desaparecimento.

Veja o caso de Priscila Belfort, que desapareceu em 9 de janeiro de 2004 após sair para almocar no centro do Rio e nunca mais foi encontrada. Todo mundo acredita que ela foi morta, mas, como os restos mortais não foram encontrados até agora, ela é tida como desaparecida.

Daniel Gomes cometeu um crime para poder esclarecer um crime de grande repercussão. Além de encontrar os restos mortais de Tim Lopes, ele também identificou e prendeu Elias Maluco e seus comparsas executores.

Elias Maluco foi preso pela Polícia Civil em 19 de setembro de 2002 na Favela da Grota, Complexo do Alemão, 109 dias depois de ter ordenado a morte do jornalista investigativo. Ele não estava armado e, por isso, não reagiu à prisão.

Mais 8 participantes da morte do repórter investigativo foram presos. São eles André da Cruz Barbosa (André Capeta); Cláudio Orlando do Nascimento (Ratinho); Maurício de Lima Matias (Boizinho); Claudino dos Santos Coelho (Xuxa); Elizeu Felício de Souza (Zeu); Ângelo da Silva (Primo); Reinaldo Amaral de Jesus (Cadê); e Fernando Sátyro da Silva (Frei).

Fica aqui meu agradecimento ao comissário Daniel Gomes pela confiança em meu trabalho e por ter me dado a oportunidade de poder levar ao público a investigação completa que ele fez, para que fique nos anais da história policial brasileira.

Posso dizer que o policial civil Daniel Gomes é um profissional vocacionado e corajoso. Ele transpira a profissão 24 horas por dia.
Tem quase 40 anos de profissão e não quer se aposentar. O Daniel é escritor de vários livros, dá aula para policiais que estão começando a carreira e já ministrou palestra até para a policia americana.

Parabéns, Daniel Gomes, por sua trajetória inspiradora na polícia carioca.

gente.ig.com.br

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