domingo, 27 de julho de 2025

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Paulo Rosenbaum – Términos Inacabados Episódio 37

Episódio 37 – Colido ou Escapo?

Ingmar ainda está sentado no Antonio’s esperando Afanes voltar.  Esfrega insistemente a perna e o pescoço que continuavam doloridos. Ele não entende como pode ter levado aquele golpe e não ter reagido. Nunca havia perdido uma luta. Nunca havia refluído de um conflito. Já esteve às voltas com criminosos perigosos e gangues violentas. Estava sendo dificil ter sido colocado a pique por um filósofo que praticava Krav-Maga. 

Ao mesmo tempo reconheceu que subestimou o timing com que Afanes agiu e sabia que, de alguma forma havia salvo aquelas pessoas de um destino violento. 

Salo continua a sua obstinada procura por vestígios nos vãos das mesas enquanto espiona Afanes arremessar objetos em sua banca. A metáfora que obceda as pessoas não tem nada de racional. Elas buscam o que os seus inconscientes assopram e poucas se tornam conscientes desta busca. 

Ingmar chama Salo com um irritante sinal de estalar dois dedos

‘Nosso amigo não vai voltar, não? Já estou aqui faz uma hora e nada? Onde é que ele se meteu?’

‘Doutor, é que as vezes Afanes é meio estabanado. Sabes que ele é também filósofo?’

‘Amigo…teu nome é Salo, não?’

‘Salobral. Mas Salo está bem. Pois não? O amigo quer um chopp, empanado, alguma coisa para beliscar?’

‘Quero falar com o teu amigo, cadê ele caramba?’

 E Ingmar agitava-se na cadeira como se estivesse com a síndrome das pernas inquietas’

‘Creio que ele está na Banca, posso ir falar com ele que o Sr está aflito.’

‘Eu mesmo vou até lá. Onde é que é?’

“Posso ir chamá-lo, não custa nada’  Salo expressa preocupação no rosto e a preocupação denota um indício de culpa.

Ingmar olha para o rosto de Salo com desprezo interrogativo e fala com a agressividade daqueles que sabem como travar o maxilar:

 ‘Senta aí, vamos bater um papo’

 ‘Não posso, tenho que atender o pessoal’  Salo, tremulo, aponta para as mesas’

Ingmar Berthold olha em volta, o Bar está quase vazio. E então coloca sua arma em cima da mesa.

‘Estou falando, senta aí pô, caramba’

Em momentos decisivos as ações precisam ser tomadas acionando o cérebro reptiliano: fuga ou luta. Na máxima criada pelo poeta concretista: colido ou escapo, enfrento ou afino, reajo ou acato.

A adrenalina é a única garantia que o coração e os músculos responderão com eficiência frente a um desafio agudo. Quando o organismo chega ao veredito de qual será o próximo ato e o tempo é o imperador, o tirano do que é conveniente.

Nem sempre. 

Salo berrou algo para Afanes (a banca ficava a uns 80 metros do Bar) e saiu correndo.

 Continua

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