O terrorismo e a violência em suas várias modalidades é um instrumento político milenar. Já o terrorismo na literatura era uma categoria menos conhecida e pouco explorada. No decorrer dos anos, primeiro na Europa e depois na América do Sul, Henaux arregimentou vários discípulos em sua cruzada contra os usurpadores infiéis, e depois não foi difícil convencê-los a formar uma egrégora, uma espécie de exército machadiano.
O nome original de vindicta fidelis foi conservado. As notícias sobre as atividades da seita saiam muito ocasionalmente nos rodapés dos grandes jornais.
Enquanto isso vários críticos literários de periódicos importantes haviam se acidentado em circunstâncias peculiares, outros morreram subitamente, e alguns sumiram sem que nunca mais seus paradeiros ou corpos fossem localizados.
Ele já vigiava Ernesto Ficci e sua fortaleza no Cosme Velho há algum tempo, mas nunca o considerou de fato uma ameaça. Por outro lado, Jerusa foi eleita como alvo quando Franz soube pelo garçom da história que Afanes lhe transmitiu.
Um diário ou carta de Machado poderiam ser uma ameaça direta ao seu desiderato. Diferentemente de Jerusa Meson, Franz não tinha interesse específico no texto “A queda que as mulheres”, mas apenas no conjunto da obra do mestre.
Se houvesse uma carta ou texto que, de algum modo, colocasse em risco a honra do escritor, ele precisaria agir.
A suposta carta versaria sobre a distinção reparadora que Machado fez entre o tolo e o homem de espirito.
O tolo, como já nos referimos antes seria uma tradução sem transcriação. “Tolo” no sentido de bolo seria o sentido que o senso comum atribuiria à palavra. Mas na descrição que Assis fez era muito mais do que isso. O tolo tinha uma conotação maligna. Poder-se-ia afirmar que o tolo teria uma vertente que se aproximaria de homem ordinário, manipulador, chegando ao arquetípico “cafajeste”.
Não estaria mal a aproximação com o nosso “malandro”, que reuniria as carectarísticas acima, com um toque de malicia.
No caso de homem de espirito, o texto considera não apenas o sensivel e com características de refinamento intelectual, mas portador de uma dignidade ética, talvez espiritual que a distinguiria do “tolo”.
Continua