domingo, 15 de junho de 2025

Rádio SOUCG

  • ThePlus Audio

O Cacique que virou eternidade

Salve, salve, simpatia.

Hoje, o samba está, um tom mais baixo…

O samba amanheceu de luto. O Brasil perdeu neste sábado, 14 de junho de 2025, decorrente de um câncer de próstata, um dos maiores do samba. Aos 88 anos, nos deixou Ubirajara Félix do Nascimento, o eterno Bira Presidente. Mas como chorar por alguém que, mesmo partindo, deixa um legado que nunca vai morrer?

Fundador do bloco Cacique de Ramos e do revolucionário grupo Fundo de Quintal, Bira não era só um sambista, era o próprio samba que pulsava no subúrbio carioca, que sorria com seu pandeiro, que acolhia o povo no “Doce Refúgio”, como era chamada a sede do Cacique. Ele era a batida que embalava as dores e alegrias do Brasil profundo, o mestre que transformou uma roda de samba em revolução cultural.

Criado em Ramos, berço de sua história, foi iniciado nas rodas com lendas como Pixinguinha, João da Baiana e Donga. Aos sete anos, já sambava com alma na Mangueira. Mais do que um músico, era um líder, homem de fé, filho de mãe de santo, um servidor público que virou monumento do samba com suor, sorriso e compromisso com sua comunidade.

O Cacique de Ramos não seria o que é sem ele. O Fundo de Quintal não soaria como soa. O samba de raiz, sem o tantã, o repique de mão e o banjo que ele ajudou a introduzir, talvez jamais tivesse alcançado tantas gerações. Bira era esse elo entre o passado e o futuro. Foi palco, foi bastidor, foi professor, sem diploma, mas com sabedoria de sobra.

Pai, avô, bisavô, Flamenguista! Dançarino de salão, amigo, símbolo, referência. Bira era o tipo de pessoa, que fazia questão de deixar o mundo mais leve, ritmado, bonito. E conseguiu! Com seu pandeiro e seu gingado, eternizou canções como “O Show Tem Que Continuar”,” Miudinho, meu bem,miudinho” e “A Amizade”. Títulos que hoje dizem muito mais do que versos, são sua verdade.

Hoje, o pandeiro silencia em respeito, mas amanhã, e todos os dias que virão, ele volta a soar em cada roda de samba, em cada criança que aprende a batucar, em cada favela onde a arte é resistência. Bira Presidente não morre, virou eternidade, virou saudade boa, virou batida no peito do Brasil.

Descanse Cacique, e obrigado por tudo!

gente.ig.com.br

Enquete

O que falta para o centro de Campo Grande ter mais movimento?

Últimas