O novo longa-metragem de Anna Muylaert, diretora de “Que Horas Ela Volta?”, apresenta uma perspectiva social com a qual não estamos acostumados. Em O Clube das Mulheres de Negócios, os papéis de gênero são invertidos: mulheres assumem posições de poder, enquanto homens são condicionados à submissão. Com um elenco estrelado por Rafael Vitti, Luís Miranda, Cristina Pereira, Irene Ravache, Louise Cardoso, Katiuscia Canoro e Grace Gianoukas, o filme combina elementos de comédia e suspense para abordar questões como patriarcado, racismo e classismo. A produção estreou nos cinemas brasileiros na última semana. O filme integrou a seleção do 52º Festival de Cinema de Gramado, onde recebeu o Prêmio Especial do Júri.
A trama se inicia com Jongo (Luís Miranda), um fotógrafo experiente, que chega a um decadente clube de campo da elite paulistana acompanhado por Candinho (Rafael Vitti), um jovem jornalista em início de carreira. O local é liderado por Cesárea (Cristina Pereira) e sua fiel assistente, Brasília (Louise Cardoso). Enquanto Jongo já conhece bem os desafios daquele ambiente, Candinho enfrenta revelações inesperadas que não apenas o levam a questionar sua identidade, mas também fortalecem seu vínculo com o colega mais experiente.
“O Clube das Mulheres de Negócios nasceu em 2015 – o ano do histórico #MeToo, foi filmado durante o governo Bolsonaro e será lançado com Lula eleito presidente pela terceira vez. Todos esses movimentos, golpes, choques, transformações e contra transformações da última década foram a inspiração para o tecido delirante desse filme que eu defino como uma chanchada macabra”, diz a diretora sobre o processo de realização do filme.
Com situações que flertam com o absurdo, o longa denuncia a violência promovida pelo machismo. “As protagonistas do filme estão aqui representando os homens, elas estão representando o status quo e uma série de atitudes opressivas que normalmente são praticadas por homens. E os homens nesse filme são os mais ingênuos, os mais frágeis, enquanto elas são aquelas que não têm vergonha de agir de maneiras opressivas, achando que estão seguras pelo esquema do patriarcado. Na verdade, é um filme sobre a opressão do patriarcado também”, comenta Muylaert sobre a inversão de papéis de gênero na obra.