Um novo capítulo da história cultural de Niterói (RJ) está prestes a começar com a inauguração do Casarão Cauby Peixoto, no bairro do Fonseca. O espaço será o primeiro centro cultural público da Zona Norte e chega como símbolo de cidadania, memória e descentralização.
“O Casarão Cauby Peixoto representa um marco histórico para a cultura de Niterói”, afirma o secretário das Culturas, Leonardo Giordano, ao iG Gente.
“Pela primeira vez, a cidade passa a contar com um equipamento público de cultura na Zona Norte, na região que, por décadas, esteve à margem dos investimentos culturais.”
O espaço multifuncional abrigará teatro, salas de ensaio, exposições, coworking e uma programação voltada para todas as idades, com oficinas, cursos e eventos. Tudo pensado para atender tanto quem produz quanto quem consome cultura.
“Mais do que restaurar um imóvel histórico, estamos colocando em funcionamento um espaço de cultura vivo, acessível e permanente, que valoriza as memórias locais e oferece oportunidades concretas de formação, fruição e encontro para toda a comunidade.”
A escolha do bairro também carrega significado. “Escolher o casarão no Fonseca foi uma decisão que une simbolismo e estratégia”, diz Leonardo.
“Estamos falando de um bairro histórico, populoso, com forte produção cultural e artística, mas que sempre teve pouco acesso a políticas públicas na área da cultura.”
Segundo o prefeito Rodrigo Neves, essa entrega simboliza um novo olhar da administração municipal. “Estamos construindo uma política cultural que valoriza os territórios, escuta as demandas da população e reconhece que cultura é um direito de todos.”
A previsão é de que as portas do casarão se abram ao público em novembro.
“A inauguração será uma grande celebração da cultura popular e da produção local”, adianta o secretário ao iG. “Mais do que uma festa, é o início de uma nova etapa: um centro cultural que nasce para acolher, estimular e projetar os artistas da região.”
Casarão Cauby Peixoto
Não por acaso, o casarão leva o nome de Cauby Peixoto. Nascido em Santa Rosa e criado no Fonseca, o cantor foi um dos grandes ícones da música popular brasileira, com mais de 50 discos lançados e uma carreira que atravessou décadas e estilos, do bolero ao rock, da bossa nova ao samba-canção.
“Homenageá-lo é reconhecer a relevância da Zona Norte na formação cultural da cidade e do país”, afirma Leonardo Giordano.
“Dar esse nome ao centro é dizer que a arte feita nos bairros populares é tão importante quanto qualquer outra.”
Cauby ganhou notoriedade nos anos 1950 com sua voz aveludada e presença inconfundível. Foi o primeiro a gravar uma música de rock em português (Rock and Roll em Copacabana) e eternizou sucessos como Conceição e Blue Gardênia.
Chegou a cantar com Nat King Cole em Nova York e foi chamado pela revista Time de “Elvis Presley brasileiro”.
“Cauby é referência, mas o protagonismo é coletivo e contínuo”, destaca Giordano. “O espaço será também um lugar de memória viva, onde tradição e inovação caminham juntas.”
Logo na inauguração, o centro cultural terá uma exposição sobre a vida e obra do cantor. A proposta é que o acervo não seja apenas um tributo estático, mas um ponto de diálogo com os novos artistas.
“A ideia é que os artistas do território possam se inspirar, reinterpretar e dialogar com esse legado.”
Cultura
A Secretaria das Culturas já investe cerca de R$ 10 milhões anuais em editais que contemplam todas as regiões da cidade, e a Zona Norte será amplamente beneficiada.
“O novo centro cultural estará totalmente inserido nesse circuito, e será mais uma porta aberta para que artistas da Zona Norte apresentem seus projetos, tenham acesso a recursos, espaços e formação”, ressalta Leonardo.
O impacto para o bairro do Fonseca promete ser profundo. “Para a juventude, é uma chance real de se ver representada, de descobrir caminhos e desenvolver talentos. Para os artistas, é um lugar para produzir, ensaiar, se apresentar. Para a comunidade, é um espaço de encontro e pertencimento.”
E há mais por vir. Segundo o secretário, o Casarão é apenas o começo.
“A criação do Centro Cultural Cauby Peixoto é parte de uma política mais ampla de descentralização e democratização do acesso à cultura. O que estamos fazendo agora é abrir caminhos — e eles não param aqui.”
Preservar memórias e criar novos futuros são faces da mesma moeda. “A memória cultural é um dos pilares da cidadania”, conclui o secretário.
“Manter vivos esses legados é essencial para fortalecer o pertencimento e inspirar novas gerações.”