sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Natal Sangrento e o “fim da infância”

Acredito que, em algum momento, já devem ter escutado esta frase: “Por favor, não faz isso, não estrague a minha infância”.

À parte, o fato de que não é possível destruir qualquer coisa usando de elementos externos, no tempo presente, sendo aquilo já vivenciado como foi; na realidade, vem se mostrando de modo diferente, uma vez que existe um apreço e prazer em rever figuras gravadas em nossa memória, com uma outra lente. Por vezes, mais sombria.

É o caso de Natal Sangrento (2025), dirigido por Mike P. Nelson, o segundo remake do filme original, de 1984, de mesmo nome, depois de Natal Sangrento (2012), que conta a história de Billy Chapman, que, após presenciar o assassinato de seus pais por um homem vestido de Papai Noel, cresce traumatizado e, anos depois, se torna um assassino que usa o traje do bom velhinho para vingar seu passado, transformando o Natal em uma caçada sangrenta.

Existe aqui, na versão de Nelson, uma proposta, uma tentativa de “amaciar” o nosso protagonista, movendo-o para a prateleira dos anti-heróis, dado que ele só mata o que considera – através de seus poderes mágicos de clarividência – “pessoas ruins”.

No entanto, tal conceito não cola, por algumas cenas de intenção cômica na parte central da história e, principalmente, a performance mais descompromissada de Rohan Campbell, como Billy Chapman, que vai lembrar, em alguns momentos, algo parecido que fez Tom Hardy na série de filmes sobre o personagem da Marvel, Venom.

No fundo, Natal Sangrento é, apenas, mais um capítulo divertido e fetichista que transformam figuras da infância em horrendos serial killers, assim, como já vimos, em: Mouse Trap – A Diversão Agora é Outra (2024) e Screamboat – Terror a Bordo (2025), com uma imagem transfigurada de Mickey Mouse; e, Ursinho Pooh: Sangue e Mel (2023), que fez do adorável urso fofinho, um assassino fora do controle.

Inclusive, já temos algo parecido com aquilo criado por Kevin Feige com a Marvel, no caso, o que foi denominado como O Universo da Infância Distorcida (TCU)(também conhecido como Universo Pooh), que é uma série de filmes britânicos e um universo compartilhado de filmes de terror slasher independentes, idealizada e criada por Rhys Frake-Waterfield e produzida pelo estúdio Jagged Edge Productions, do próprio cineasta, onde os filmes giram em torno de personagens da mídia infantil remodelados como vilões assassinos; Ursinho Pooh, Peter Pan e Bambi já apareceram em produções para o cinema, tendo Pinóquio e outros, nos planos.

O sucesso cultural e financeiro de Ursinho Pooh: Sangue e Mel, abriu as portas para toda uma nova gama de ideias e possibilidades para o gênero terror, que tem um público muito apaixonado por tudo aquilo que é macabro e sinistro; portanto, se já temos um Papai Noel malvado, podem esperar porque, possivelmente, teremos, em breve, um coelhinho da Páscoa usando uma motosserra, ou o carismático Snoopy portando uma foice, por aí.

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