segunda-feira, 29 de dezembro de 2025

Morre Cecília Giménez autora da restauração que virou meme global

Cecília Giménez Zueco, conhecida por recriar de forma amadora o quadro “Ecce Homo” de Borja, na Espanha e virar um fenômeno mundial  em 2012, faleceu nesta segunda-feira (29) aos 94 anos. A morte foi confirmada pelo prefeito de Borja, Eduardo Arilla. A causa não foi divulgada.

A espanhola nasceu em 23 de janeiro de 1931, em Borja. Foi uma grande fã de pintura desde pequena e realizou inúmeras obras, especialmente centradas nas paisagens. Em 2012, ganhou reconhecimento global após o desastroso resultado da sua tentativa de restaurar a obra “Ecce Homo”.

O Santuário da Misericórdia, onde Cecília dedicou grande parte do tempo de sua vida e onde a obra está exposta, a homenageou através das redes sociais.

“Falar de Cecília é falar de mãe dedicada, de luta, de força, mas acima de tudo é falar de generosidade, qualidades que lhe serviram para conquistar o carinho de todos. Daqui queremos te agradecer pela tua generosidade e pela tua entrega de tantos anos neste Santuário que tanto amaste. Descanse em paz, Cecília. Vamos lembrar de você para sempre”.

Fenômeno Global

A tentativa de Cecília, de restaurar, sem autorização formal, a imagem religiosa da igreja local de onde morava, na Espanha, viralizou em 2012 por ter descaracterizado totalmente a obra.

O resultado desastroso da restauração amadora, transformou o Santuário da Misericórdia de Borja, onde a obra está exposta, em atração turística, atraindo milhares de pessoas para conhecer “a pior restauração da história”.

A imagem havia sido pintada no início do século 20, por Elías García Martínez, e devido ao tempo estava bastante deteriorada, quando Cecília tentou repintar o afresco por cima. Na época ela tinha 81 anos, e ao perceber a dimensão do problema procurou a prefeitura e assumiu a responsabilidade pelos danos.

Perspectiva positiva

Em entrevista ao jornal “The Guardian”, em 2015, Cecília contou que demorou muito para enxergar sua ação como algo positivo, e que no início chorava todos os dias e se sentia mal com a perseguição das câmeras e com tantas perguntas. Mas com o passar do tempo começou a olhar a situação com outra perspectiva.

“Não sou um dos grandes pintores do mundo. Mas sempre amei pintar e até realizei algumas exposições individuais. Durante duas décadas, cuidei da pintura do Ecce Homo no Santuário da Misericórdia, restaurando-a sempre que achava necessário. Devido ao sal e à umidade do ar aqui, a tinta estava sempre descascando. Tenho certeza de que, se eu não tivesse me interessado em salvar a pintura, ela nem existiria hoje”, contou.

“Mais de dois anos depois, todos aqui veem o que eu fiz sob uma perspectiva diferente. A restauração colocou Borja no mapa mundial, o que significa que fiz algo pela minha aldeia que ninguém mais conseguiu fazer. Tantas pessoas vieram aqui – e à nossa bela igreja – para ver a pintura”, avaliou Cecilia.

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