Existe uma virada silenciosa quando a leveza encontra profundidade. É nessa confluência que Mar.iana estreou seu novo álbum, Oceano , nesta quinta-feira (24) pela Universal Music. O projeto expande a linguagem pop-organic que a artista vem desenvolvendo desde seu primeiro trabalho, e traz à tona novas camadas da sua sonoridade, estética e identidade.
Em cada faixa, a cantora reafirma sua escolha por caminhos afetivos e consistentes — e por mergulhos mais conscientes no próprio som.
A construção do álbum começou ainda em 2024 com o lançamento de três singles: O Que É Teu Te Encontra (feat. Maneva), Tanto Tanto (feat. Simão) e Gelada (feat. Atitude 67), faixas que anteciparam o clima ensolarado e a sonoridade pop-organic que Mar.iana cultiva com personalidade.
Oceano reflete a essência de quem ela é hoje: solar, leve e, ao mesmo tempo, profunda.
“Oceano é sobre descobrir que eu sou um universo inteiro dentro de mim. Depois do meu primeiro álbum, Amar, que era uma busca por quem eu era, agora eu tenho certeza de quem sou. E todas as músicas vieram desse lugar muito centrado” , conta a artista. “Escolhi esse nome porque entendi que o mar está no meu nome e na minha essência. E agora que eu sei para onde quero ir, eu só vou.”
Entre as faixas, há espaço para homenagens e afetos. A regravação de O Sol, a Lis e o Beija-Flor é uma escolha carregada de memória afetiva, resgatando lembranças com seu irmão e momentos íntimos com o violão. Já as composições inéditas foram construídas de forma colaborativa e cuidadosa . “Dessa vez, escolhi a dedo quem estaria comigo. Quis um processo mais intimista e focado, com pessoas que falam a mesma linguagem que eu”, explica.
A estética visual do projeto também acompanha essa transformação. Mar.iana aposta numa paleta que mistura o laranja do pôr-do-sol com o azul profundo do oceano.
“Eu não penso mais só na praia, agora penso no oceano em si, naquele mar depois da arrebentação. Ele é amplo, denso, infinito — como esse momento que estou vivendo”, diz ela, que coleciona registros de vários “entardecer” no celular e usa essa simbologia como fio condutor da era.
Ao traduzir sua identidade com mais precisão do que nunca, Mar.iana entrega ao público um projeto coeso, maduro e, ao mesmo tempo, naturalmente leve. “Acho que tive sorte de ser uma artista que não precisa sair da própria rotina para se expressar. Eu sou isso aqui, e minhas músicas são só uma extensão da minha vida.”
‘Eu Tô Gostando da Gente’ aposta em sonoridade urbana e popular
Junto do álbum, a nova música de trabalho Eu Tô Gostando da Gente chega para ampliar o leque sonoro de Mar.iana. A faixa, que conta com a participação do cantor Califfa, flerta com o urbano e explora novas possibilidades melódicas sem abandonar a vibe solar que define sua trajetória.
“Essa música é quase um pagode no violão. A gente até brincou sobre isso. E é exatamente essa mistura que me encanta: uma base popular brasileira com um toque urbano. O Califfa trouxe uma energia muito boa e abriu uma nova porta no meu som” , explica Mar.iana. Conhecido por transitar entre o trap e o rap, o cantor complementa a faixa com sua pegada melódica e contemporânea.
A escolha de um feat como esse não foi por acaso: “Eu queria algo mais popular, que conversasse com o público jovem, mas sem perder a essência. Todas as minhas músicas são feitas com banda, com gente tocando de verdade, e isso continua. Mas aqui a gente trouxe um beat leve que conversa bem com essa nova geração, sem forçar. É um passo à frente, mas ainda sou eu.”
Eu Tô Gostando da Gente também representa um ponto de virada no álbum. É a música que sintetiza a transição entre o universo good vibes que a cantora já domina e um caminho de amadurecimento, sem deixar a acessibilidade de lado: “Ela abre um novo ciclo para mim. É uma forma de dizer: estou pronta para experimentar mais, me expandir, crescer — e ainda assim continuar leve, sincera e conectada comigo mesma.”
Com influências que vão de Armandinho ao forró do Nordeste, Mar.iana encontrou um espaço singular dentro da música pop brasileira. E mesmo navegando por sons diversos, ela afirma com firmeza: “Hoje minhas músicas estão na prateleira da Mar.iana. Eu me descobri, e é disso que o álbum fala”. O feat com Maneva, por exemplo, reafirma essa maturidade: “Eles são gigantes, têm estrada, e aceitaram fazer esse som comigo. Isso significa muito.”
A conexão com o público do Sul do país também se reflete na escolha de Simão, artista de Itajaí(SC), como parceiro em Tanto Tanto : “Tenho um público muito forte no Sul e queria muito trazer essa vibe. Foi tudo pensado com muito carinho”, diz. Já Gelada , com Atitude 67, mantém o clima tropical e convida o ouvinte a curtir os momentos mais simples da vida.
A leveza, no entanto, não exclui a profundidade: “Eu sou muito solar, mas também mergulho nas minhas emoções. Por isso o nome Oceano. Eu fui muito fundo para fazer esse disco. Fui buscar minhas verdades, meus afetos, minha linguagem. Tudo nele sou eu — da cor à melodia, da letra à paisagem” , define.
No fim, o que Mar.iana propõe com Oceano é um mergulho sereno, mas transformador. Um som que acolhe, vibra e carrega consigo a energia do mar: sempre em movimento, sempre novo, sempre ela mesma.
Confira: