terça-feira, 23 de dezembro de 2025

IA “clona” Luísa Sonza cantando Taylor Swift e web debate

A música brasileira pode estar vivendo um novo capítulo com a ascensão da inteligência artificial como ferramenta criativa. A versão brasileira de um sucesso de Taylor Swift, intitulada “A Sina de Ofélia”, com voz simulada da cantora Luísa Sonza, ganhou recentemente um clipe produzido inteiramente por IA e passou a chamar atenção pelo desempenho expressivo. Em poucas horas no ar, o vídeo ultrapassou 300 mil visualizações no YouTube, impulsionado pela curiosidade do público e pela rápida repercussão nas redes sociais.

Embora Luísa Sonza nunca tenha gravado oficialmente a faixa, a associação da canção com uma voz digitalmente recriada da artista foi suficiente para gerar alto engajamento. O caso reacendeu discussões sobre autoria, ética e limites criativos no uso da inteligência artificial, especialmente quando envolve artistas reais e grandes nomes da música pop.

O episódio não é isolado. Nos últimos meses, diferentes artistas brasileiros passaram a experimentar a tecnologia em seus projetos audiovisuais, com resultados variados. Ana Castela, por exemplo, apostou em um clipe totalmente feito com inteligência artificial para a música “Tropa do Chapelão”, parceria com o DJ Diplo e parte do álbum “Let’s Go Rodeo”, lançado em maio. Apesar da inovação, o trabalho dividiu opiniões e foi alvo de críticas intensas nas redes sociais, levantando questionamentos sobre estética e autenticidade.

Já no campo emocional, a inteligência artificial foi usada como ferramenta de homenagem. O cantor sertanejo João Paulo (1980–1997), que formava dupla com Daniel, “reapareceu” no clipe da música “Meu Grande Parceiro”, lançada pela filha, Jéssica Reis. A canção celebra a memória do artista, morto em um acidente de carro quando a filha ainda era criança. Em entrevista ao programa “Encontro”, da TV Globo, Jéssica relatou a emoção ao ver o pai recriado digitalmente no vídeo. “Dá a impressão que ele realmente está falando com a gente. Foi uma surpresa enorme para mim e para minha mãe”, contou.

Outro exemplo vem do rock nacional. A banda “Titãs” lançou, em abril deste ano, um clipe especial feito com inteligência artificial para a música “São Paulo 1”, faixa do álbum “Olho Furta-Cor”, lançado em 2022. O videoclipe chegou três anos após o lançamento da canção e chamou atenção justamente pelo uso da tecnologia para ampliar a narrativa visual da obra.

A força da inteligência artificial na música também ganhou grande repercussão fora do universo dos clipes. Quem não se lembra do dueto entre mãe e filha que emocionou o país, quando a tecnologia possibilitou um encontro inédito entre Elis Regina, morta há 43 anos, e Maria Rita. A ação fez parte de uma campanha publicitária da Volkswagen, lançada em 2023, em comemoração aos 70 anos da montadora no Brasil.

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