O mês de dezembro traz consigo uma data que permanece urgente: a prevenção ao HIV/ AIDS. Longe do grande surto que marcou os anos 1980 e 1990, mas ainda dependente de discursos que não deixem o assunto cair no silêncio, o tema retorna em um momento em que já se fala em cura e em vacina. A distância histórica, porém, não apaga o fato de que, logo após a descoberta do vírus, viver com HIV era, essencialmente, receber uma sentença de morte.
É esse espectro que assombra “Angels in America”, peça na qual Haysam Ali é o único brasileiro a integrar o elenco e que estreia dia 4, no Art of Acting Hollywood. Há mais de uma década morando nos Estados Unidos, ele interpreta um personagem que convive com a condição em plena efervescência dos anos 1980.
Em entrevista para o site Heloisa Tolipan, Haysam falou abertamente sobre o desafio de dar vida ao personagem no teatro, e analisou os dados atuais que mostram 40,8 milhões de pessoas vivendo com HIV em todo o mundo. Em 2024, dados do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids) indicavam 1,3 milhão de novas infecções e que 9,2 milhões de pessoas ainda não têm acesso ao tratamento.
“Ainda existe um estigma. Não se compreende mais como uma sentença de morte, como era no passado, mas as pessoas têm preconceito. Ainda que haja muitas pessoas indetectáveis e que não se sentem confortáveis em levantar a bandeira e falar sobre o assunto, porque ainda causa um certo desconforto em alguns círculos sociais”, afirma. O personagem que Haysam interpreta na série, contrai o HIV que rapidamente se torna AIDS, já que os efeitos colaterais da medicação eram terríveis.
Ao revisitar o período, Haysam lembra que uma das medicações mais usadas, o AZT — primeiro antirretroviral aprovado para o tratamento da infecção pelo HIV — era um remédio tão necessário quanto devastador. “Muita gente morreu naquela época devido a essa falta de entendimento. Cheguei a saber de situações, em pesquisas que fiz, de ambulância que ia buscar o filho de um casal e, quando ele estava desmaiado, tendo uma convulsão, o enfermeiro da ambulância se negou a atender quando soube se tratar de um paciente HIV positivo”, contou.







