segunda-feira, 28 de julho de 2025

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Guilherme Garboso busca revolução em ''Roçando o Urbanismo''

O artista Guilherme Garboso lançará, no dia 1º de agosto, o projeto ”Roçando o Urbanismo”, uma obra sonora contínua de 30 minutos que aborda identidade, progresso e pertencimento.

O trabalho, sem faixas ou pausas, promete combinar poesia falada, crítica social e ambientações imersivas para provocar reflexões sobre a  vida urbana e o vínculo com a natureza.

Em entrevista ao iG Gente, Garboso explicou que a concepção do projeto surgiu da percepção de que a vida é ininterrupta.

A vida é fluida, não temos pausas, nem mesmo na morte – para muitas culturas – e por ser uma proposta que busca reflexões, ora irritantes e repetitivas, ora poéticas e ingênuas, então fez sentido trazer como trajetória algo que comece, e mesmo que termine o som, a sua finalização propõe uma continuidade para quem ouve” , afirmou.

A narrativa de Roçando o Urbanismo reflete a vivência de Garboso entre diferentes territórios. O artista nasceu no interior paulista, onde teve contato direto com a natureza, mas também viveu na capital  São Paulo, onde pode vivenciar o caos da metrópole. Segundo ele, a dualidade foi o combustível para a criação do novo projeto.

Ele explica que essa conexão vai além da estética sonora, sendo também um posicionamento político. “ Vivi o que vivi, ‘trupiquei’, sorri, sofri, compus o que senti e proponho que possamos refletir não só por ouvir a minha obra, mas que talvez ela seja gatilho para que possamos olhar esse rural, esse urbano, ver o que há em um e no outro, buscar revolução em ambos ”, disse.

O artista defende que o equilíbrio entre esses dois mundos é essencial para a saúde social e emocional. “ Não se deixar levar pela destruição cotidiana de nossas mentes e corpos, buscar melhorias em nossos trajetos e comunidades, cobrar de quem nos manda e reverter a cobrança sobre nós em igualdade para um alicerce de sociedade ”, acrescentou.

Crítica social e o grito da cidade

A crítica social permeia toda a narrativa de Roçando o Urbanismo. Segundo Garboso, o projeto propõe uma reflexão profunda sobre a modernidade, utilizando o ritmo acelerado das cidades como um provocador do esgotamento das pessoas e a perda de identidade.

Nesses tempos que vivemos, sombrios em muitos aspectos, belos em outros tantos… Não podemos deixar de observar a desintegração das personalidades, do esgotamento de humanidade que a modernidade nos trouxe ”, afirmou.

O conceito dos “ urbanoides ” surge como uma metáfora poderosa na obra. Segundo ele, ser urbanoide significa aceitar a desumanização imposta pelo sistema.

Somos bilhões, mas não somos unidos, somos nossas bolhas… Ser urbanoide está diretamente vinculado à perda de nossa aceitação por cada forma humana de ser ”, disse.

Para o artista, a obra permite que cada pessoa encontre um significado próprio a partir da escuta. “ O que busco nessa obra é que as pessoas levem dela o que quiserem a partir de suas experiências, porque as obras são nossas, elas nos conectam com nossas alegrias, nossos traumas, nos fazem pensar adiante, no aqui e agora, no amanhã que virá ”, declarou.

Sotaque e oralidade como armaduras culturais

Outro elemento central do projeto é a oralidade regional. Garboso escolheu valorizar sotaques e expressões populares como forma de resistência cultural. Para ele, o jeito de falar carrega histórias e memórias que não podem ser apagadas. “ Dar valor a tudo isso, é o que nos faz sermos essa terra Brasil, é mais que digno, eu creio ”, afirmou.

O artista explica que o sotaque é um símbolo de pertencimento e diversidade. “ A forma como a gente fala carrega muita verdade. O sotaque é uma armadura contra o apagamento cultural ”, pontuou.

Claro que, por ser de São Paulo, pude me colocar neste lugar que posso estar, de valorizar a minha parte da terra que vivo. Mas a ideia é que esse conceito se estenda para todas as regiões desse Brasil ”, completou.

Garboso descreve a cidade como um organismo que grita sem parar, sufocando quem nela vive. “ A cidade grita o tempo todo. E muitas vezes a gente grita junto, sem nem perceber ”, comentou.

O artista ainda ironiza a relação das pessoas com a tecnologia, tema presente no desfecho da obra. “ A gente adora o que nem tem. A tecnologia virou quase uma religião, mesmo quando não nos serve ”, disse. Para ele, o personagem “urbanoide” representa o que sobra quando o humano se dissolve na massa.

Roçando o Urbanismo será lançado em 1º de agosto nas plataformas digitais, mas está com o link de pré-save disponível. A obram também será apresentado em concertos ao vivo, instalações sonoras e audições dirigidas. 

gente.ig.com.br

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