Conhecida por interpretar grandes personagens na TV, Giselle Tigre está em cartaz até o dia 17 de agosto com a peça Pietà – Um Fractal de Memórias, no Teatro de Arena Eugênio Kusnet, em São Paulo. No espetáculo, ela interpreta Odete, que vive uma relação conturbada com o filho Pedro ( Dan Rosseto).
A peça se passa na década de 1980, ambientada em uma noite de Natal, data em que emoções costuma aflorar e as pessoas se mostram mais sensibilizadas. E aborda assuntos atuais como saúde mental, depressão, um dos principais fatores para o suicídio.
O tema não é exatamente uma novidade para a atriz, que mantém um canal nas redes sociais dedicado à promoção de práticas de meditação, equilíbrio mental e bem-estar.
“Essa temática sempre foi fonte de pesquisa para mim. Falo muito sobre saúde mental e como a prática de olhar pra dentro me ajudou a ser mais serena e a encontrar paz” , ressalta Giselle em entrevista exclusiva para o iG Gente.
A artista ainda revelou seus novos projetos da carreira e lembrou o momento histórico ao atuar na novela exibida pelo SBT, Amor & Revolução (2011), e suas expectativas para novos trabalhos nas telinhas. Confira a entrevista na íntegra:
1. Interpretar um tema tão delicado e atual como a depressão traz responsabilidades e desafios. Como foi para você mergulhar nesse universo em cena?
Essa temática sempre foi fonte de pesquisa para mim. Tenho uma canal no Instagram onde promovo práticas de meditação gratuitas há 2 anos @pazeandocomgiselletigre. Nele, falo muito sobre saúde mental e como a prática de olhar pra dentro me ajudou a ser mais serena e a encontrar paz, apesar das turbulências próprias da vida.
2. Durante a construção da personagem, houve algum momento ou situação que te tocou emocionalmente ou despertou algum gatilho pessoal?
Ao contrário da situação vivida pelo Pedro, personagem do Dan Rosseto, meu filho no espetáculo, sempre tive um relacionamento ótimo com minha mãe. Logo, não despertou gatilhos emocionais. Mas a situação deles é muito tocante e isso me sensibilizou muito. A família é a base de tudo: é a nossa fortaleza ou nosso pesadelo.
3. O que você espera que o público sinta ou reflita ao assistir à peça? Há alguma mensagem principal que gostaria que ficasse após o espetáculo?
O próprio título da peça já sugere que a compaixão é um despertar para curar muitas dores. A autocompaixão é uma potência que precisa ser acessada. Não se julgar tão ferozmente. Você é humano e erra.
Não temos nenhum domínio sobre o outro, mas sim sobre nós mesmos. Cada um acessa de formas diferentes as adversidades. Mas todos podemos nos transformar a partir da autoconsciência. E buscar ajuda em práticas terapêuticas é um dos caminhos mostrados no espetáculo.
4. Você protagonizou um momento histórico na televisão brasileira com o primeiro beijo gay em rede aberta, em “Amor & Revolução”. Como foi viver essa experiência e lidar com a repercussão?
Foi muito impactante perceber que representar uma história de amor de um casal do mesmo sexo causou tanta comoção. Existia em 2011, época que passou a novela Amor & Revolução, uma ausência muito grande de personagens homoafetivos protagonizando histórias felizes na TV aberta. São tabus que vão sendo quebrados.
A repercussão dura até hoje, 14 anos depois. É muito potente isso. Sinto-me honrando e dando representatividade a muitas mulheres. E acredito que isso contribui para diminuir o preconceito com casais do mesmo sexo, que sempre existiu e sempre existirá.
5. Quais são os próximos passos da sua carreira? Podemos esperar um retorno à TV aberta ou há novos projetos no teatro ou no streaming?
Este ano estou a todo vapor com shows musicais. Tenho três projetos em andamento. Muita gente não sabe que também sou cantora, com várias músicas gravadas disponíveis nas plataformas. Tem o “Baile Mysteriozo”, show de forró que me apresento em São Paulo há um ano, tem tambem o “Tributo” ao compositor cearense Ednardo, e o show do meu repertório autoral “Arvorada”.
Vou gravar um filme em Pernambuco, terra onde nasci, em setembro e estou me preparando para gravar a segunda temporada da série Não Costumo Me Apaixonar por Telefone que faço com a Luciana Vendramini.
Um spin off das personagens Marina e Marcela do beijo gay. A primeira temporada foi ao ar em junho no canal do YouTube da roteirista e diretora Eve Cosenday e já contabilizou mais de 1 milhão de visualizações só no primeiro mês. E em dezembro vou ao Festival de Cinema Aruanda na Paraiba lançar o curta metragem ESTRELA, do premiado cineasta Ismael Moura, onde interpreto uma pessoa em situação de rua. Estou quase irreconhecível neste filme incrível.
Sou fã de projetos independentes. Eu mesma já escrevi, produzi e atuei em um espetáculo musical infantil “Agora é Tempo” que quero remontar em São Paulo.
Fazer TV aberta depende de muita gente e pouco de mim. É um um veículo muito concorrido. Minha última novela foi em 2022 na Record. Mas não espero por convites, faço minha trajetória independente de estar no grande streaming. Essa emancipação foi muito necessária para meu crescimento artístico.