domingo, 15 de junho de 2025

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Ex-Globo vira palhaça terapeuta e leva riso a hospitais

Nascida em São Paulo,  Gabi Roncatti começou cedo a trilhar seu caminho no entretenimento. Atuou em programas como o “Fantasia”, do SBT, além de passagens por produções como “Vade Retro” (TV Globo) e “Troca Troca”. Mas foi ao unir arte e solidariedade que encontrou sua missão mais potente.

“Eu sempre brinco que o hospital é um palco escondido. A plateia é pequena, mas é a mais especial que existe” , reflete em entrevista ao iG Gente.

Da TV Globo para os corredores dos hospitais: uma transição natural

Após participações marcantes em programas e séries da televisão, Gabi Roncatti decidiu seguir um novo caminho. A escolha, no entanto, não foi abrupta — ela surgiu de forma orgânica, fruto de anos de envolvimento paralelo com trabalhos voluntários em hospitais.

“A transição foi muito natural. Desde nova eu fazia TV, mas também já atuava como voluntária em ambientes hospitalares. Quando percebi o impacto real da palhaçaria terapêutica, mergulhei de cabeça. Hoje, meu coração está nos hospitais” , conta.

Embora ainda guarde carinho pela atuação na televisão, Gabi admite que o projeto Rumo ao Riso ocupa totalmente sua agenda — e sua alma.

Rumo ao Riso: arte, ciência e cuidado em sintonia

Essa virada de chave resultou no projeto, lançado em 2024 com apoio da Blau Farmacêutica e produção de Erica e Fernanda Siccherolli. A iniciativa atua em hospitais da Bahia e de São Paulo e tem como objetivo “transformar o ambiente hospitalar com música, literatura, palhaçaria e presença”.

Durante sua formação, Gabi buscou referências sólidas, como os especialistas internacionais Marcelo Lujan e Gabriela Mouran. Ela também aprofundou-se em risoterapia e escuta ativa, ferramentas essenciais no contexto hospitalar.

Rock, humor e conexão: a força do riso no palco

Ao lado do marido, o músico Landau, Gabi criou o espetáculo Rock + Humor , uma fusão irreverente entre stand-up e rock’n roll que teve origem durante a pandemia e agora chega à quarta temporada. A dupla, junto ao DJ Paulo Beck, desenvolveu músicas autorais que hoje compõem a trilha das intervenções hospitalares.

“As canções foram pensadas para promover bem-estar, relaxamento e até alívio de dor. A música virou uma aliada terapêutica real” , conta.

Literatura para curar: histórias que atravessam paredes

Gabi também se lançou na literatura infantil com o livro “Di o Cachorro Pula Pula”, ilustrado por Viviane Aguiar e distribuído gratuitamente nos hospitais atendidos pelo projeto. 

“A ideia é tornar a leitura acessível a todos — inclusive pessoas com deficiência visual e crianças dentro do espectro autista” , explica.

Rir é remédio: impactos visíveis e imediatos

Para além do entretenimento, Gabi destaca o poder real da risoterapia. “Crianças que não queriam tomar medicação se acalmam, pacientes sem apetite voltam a comer, pessoas desanimadas retomam o ânimo. O riso é uma resposta biológica poderosa”, afirma.

A prática, segundo ela, complementa a medicina tradicional e contribui para resultados mais efetivos. “Quanto mais você ri, menos dor sente. E está tudo comprovado cientificamente”.

A dor do outro e o desafio de não levar para casa

Mas nem tudo são gargalhadas. Trabalhar em ambiente hospitalar exige preparo emocional. “O maior desafio é lidar com a gente mesmo. A gente vê muita dor real, diferente da ficção da TV. E é preciso fazer terapia, contar com psicólogos, para não levar essa dor para casa”, explica.

Expandindo fronteiras: da empatia à compaixão global

Com planos de levar o Rumo ao Riso para a Argentina e, futuramente, outros países da América Latina, Gabi quer formar uma rede internacional de palhaços terapeutas.

“Quero atingir mais pessoas, mostrar que gargalhar é bom. É uma descarga cerebral, mexe mais de 400 músculos, e transforma o dia de qualquer um” , diz.

Ela defende que empatia e compaixão andam juntas — e que ambas são essenciais não apenas nos hospitais, mas em toda a sociedade. “A compaixão, para mim, é ajudar o outro a sair do fundo do poço. E isso a gente leva para a vida, não só para o jaleco”.

O riso como filosofia de vida

Gabi encerra com uma reflexão que ecoa como missão: “Sem humor, sem empatia e sem compaixão, a gente não é nada. O sorriso e o amor, para mim, sempre vão ser a resposta”.

gente.ig.com.br

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