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Emil Shayeb, produtor indicado ao Grammy: "Estou no caminho certo"

Uma verdadeira história de superação e sucesso. Essa pode ser a descrição tão concisa quanto completa quando falamos de Emil Shayeb
, produtor musical e multi-instrumentista nascido em Bauru
, interior de São Paulo
. Através de seu talento, ele tem trabalhos desenvolvidos com artistas como Gabriel Sater, Pe. Fábio de Melo, Fantine Tho
(Rouge), Larry Taylor, Jay Horsth, Luciana Pires, Gabriel Nandes
, entre outros.

Agora, Shayeb
se prepara para mais um ponto alto em sua carreira: uma indicação ao Grammy Latino
como produtor do cantor e compositor Gabriel Sater
, filho do lendário Almir Sater
.

Nesta entrevista que realizei com ele na última semana, Shayeb
revisita sua trajetória, desde sua iniciação musical com apenas 13 anos
e seu progresso como produtor musical e revelador de grandes talentos em sua gravadora, a Valetes Records
.

Para ele, o desafio em encontrar novos talentos deve ir de encontro com a originalidade
, onde devem possuir “algo muito único”
neles, “que não aparece em nenhum outro artista”
e que, como membro votante da Academia Latina de Artes e Gravação
, deve se manter a “imparcialidade tecnica”.

Confira:

Como iniciou sua trajetória como produtor musical?

Emil Shayeb:
“Eu tenho 39 anos e comecei na música aos 13 e aos 14 já me apresentava profissionalmente com bandas e quem é da minha geração vai lembrar que existia fita cassete quando comecei a experimentar gravação neste formato e nunca mais deixei este trabalho. Eu sempre tive bandas e produzia elas. Aos 24 anos, eu fui contratado pelo
Rick Bonadio
e eu tive acesso ao estúdio
Midas
, um grande estúdio com gravadoras grandes por trás e quando vi aquilo lá e comecei a ter essa experiência dentro do estúdio eu pensei: “eu gosto mais disso do que ser artista”. Nesse tempo eu já produzia bandas até que com 29 anos eu sofri um acidente, fiquei impossibilitado de tocar por um tempo mas conseguia produzir. Abri meu selo, comecei a produzir vários projetos que deram certo e segui esse caminho”
.

Foi uma transição bastante interessante. Em algum momento, quando você passa a perceber que o seu ofício seria ser produtor musical, você chegou a sentir saudade do seu lado artista?

Emil Shayeb:
“Não! É um dos motivos para que eu tivesse certeza que era para fazer o que estou fazendo, porque eu fui artista que fez turnê nacional, toquei para muita gente, era bom, eu gostava, mas eu não trocaria o que faço atualmente para voltar a ser artista. Acabo ajudando outros artistas a conseguirem o que eles querem do

que eu mesmo ser artista”

Neste trabalho de produção musical, você também tem uma gravadora e há quanto você constitui esta empresa e como tem sido o trabalho nela?

Emil Shayeb:
“Eu tenho uma gravadora, chamada Valettes Records e oficialmente ela começou em 2013. Antes disso ela já existia quando eu produzia vários artistas. Hoje a nossa prioriedade é trabalhar artistas novos a conseguirem lugar no business, impulsionar suas carreiras. Claro, nós trabalhamos com artistas maiores, grandes também, mas damos toda essa atenção para lançamentos, produção, assessoria, marketing, distribuição para essa galera nova acontecer”.

E o seu senso crítico na hora de avaliar esses trabalhos que você recebe, como que você observa um artista que você julga bom para ser desenvolvido em sua gravadora?

Emil Shayeb:
“A principal característica que me chama atenção é a originalidade. Ou é no modo de cantar, de interpretar, na letra que escreve. Alguma coisa muito pessoal e muito original, quando é muito forte, vai chamar a atenção. Claro que
depois disso, você precisa analisar seu carisma, mas o artista tem que ter algo muito único dele, que não aparece em nenhum outro artista e que chama a atenção positivamente”.

Emil, no mercado atual, isso é um grande desafio, não? Tenho observado que a maioria dos artistas, dependendo do gênero musical onde se encontram, eles são formatados de alguma forma, nos trazendo uma espécie de s
imilaridade em vários artistas. Como você encara esse desafio ao buscar um “algo mais” para trabalhar esse artista

Emil Shayeb:
“Geralmente, Marcelo, esse artista já tem essa característica com ele. Eu acho um pouco perigoso você querer seguir, surfar uma onda que já está acontecendo. Por exemplo: “A
Luísa Sonza
está fazendo isso, eu vou fazer  também”.
A Luisa Sonza é ela. Ela já tem o público dela e sabe o que funciona para ela. Se você é um artista novo, você precisa vir com algo que não é Luísa Sonza, que não é
Anitta
, que não é ninguém, para que você tenha a chance de chamar a atenção
para você. É difícil você se destacar mesmo com todo o marketing do mundo, se você não tem uma característica original”.

Emil, você é membro votante do Grammy Latino. Você me falou sobre a avaliação que você tem sobre os artistas de sua gravadora. No caso do Grammy, a sua avaliação é similar ao trabalho que você realiza em seu trabalho diário?

Emil Shayeb:
“No Grammy é diferente porque é uma avaliação muito mais técnica, não é um olhar de quem quer contratar alguém. Eu tenho que olhar com imparcialidade tecnicamente. Eu estou analisando um trabalho que já aconteceu e agir com o mindset técnico. Quando estou avaliando o artista para contratar, vejo o lado artístico. Não que no Grammy você não avalie o artístico, claro, mas é uma avaliação muito mais fria, não uso muito a emoção”.

Você trabalha um artista muito interessante que é o Gabriel Sater e sob suas mãos de produtor, ele está concorrendo ao Grammy Latino. Traçando um paralelo sobre a sua avaliação na premiação, como é ter um artista da sua gravadora concorrendo à premiação?

Emil Shayeb:
“Pra mim e para a gravadora, é o reconhecimento de um trabalho que você espera na carreira. O Gabriel (Sater), é importante frisar, que eu venho trabalhando com ele há quase 3 anos, mas ele tem mais de 20 anos de carreira. E o Gabriel é esse artista que te falei: ele tem um pacote que não tem como o artista dar certo. Ele é extremamente talentoso, ele compõe muito bem, ele canta muito bem, ele toca viola e violão muito bem, ótimo ator …”

É carismático ….

Emil Shayeb:
“Vou chegar nisso. O mais importante: ele é carismático é humilde. Ele se dá bem com todo mundo. Onde ele vai, ele faz amigos. Não subiu para a cabeça dele. Eu acho que é um pouco de personalidade, criação, um pouco de tudo, na verdade. Ele tem a postura certa. Existe uma equipe por tràs da carreira do Gabriel, tecnicamente falando. É claro que, se não fosse ele, nada disso existiria e para toda essa galera trabalhar com vontade, ela precisa admirar o artista. E eles admiram o Gabriel. Ele consegue cativar isso nas pessoas. É muito legal”.

Como que foi receber a notícia de que seu artista estava indicado ao Grammy Latino?

Emil Shayeb:
“Para ser bem sincero, Marcelo, faz duas semanas que recebi essa notícia por e-mail. Eu ainda estou digerindo, tá? …”

Ainda não caiu a ficha?

Emil Shayeb:
“Não, porque foi tão loucura e desde que fomos indicados, rádios estão nos procurando, correria para ver viagem e eu ainda não tive tempo para parar de pensar. O Gabriel está muito feliz e está sendo muito ótimo para ele”.

Este ano, o Grammy Latino será na Espanha. E qual sua expectativa para esse evento?

Emil Shayeb:
“Estou ansioso e acho que minha ficha vai cair lá, no evento. Quanto à expectativa, eu tenho até conversado com ele sobre isso e é a primeira indicação dele, primeira vez de todo mundo aqui, ele está concorrendo com o pai dele, que é o Almir Sater e estamos bem realistas, otimistas, se ganhar será lindo, mas se não ganhar, pô cara, fomos indicados, o reconhecimento já tivemos. Conseguimos uma coisa muito legal para o trabalho que temos feito nos últimos anos e vamos ser gratos por isso”.

Existe uma mística no mercado musical, de que os filhos não “vingaram” igual ao seus pais. No caso do Gabriel Sater, onde o pai é Almir Sater, que marcou história no cancioneiro brasileiro, como você analisa essa situação sob a sua visão de produtor?

Emil Shayeb:
“O que você falou é verdade, a maioria dos filhos dos artistas não vingam como os pais. O Gabriel é uma excessão e eu vou te falar porque: ele nunca pediu ajuda para o pai dele, eles vivem bem e não têm nenhum problema de relacionamento, mas a carreira dele sempre foi independente do pai dele, tanto é que até conhecer ele, ele nunca tinha gravado uma música com o pai dele. Ele só gravou esse ano. Então, ele confiou a carreira dele indo atrás e demorou 20 anos para ele concorrer pela primeira vez ao Grammy. Outro termômetro legal, é que, geralmente o que acontece com artista musical em novela é que acabou a novela, você os números do artista dar uma caída no streaming. Ele segurou. Já faz um ano que ele saiu da novela e os números dele continuam constantes, então, ele é um cara que está dando todos os sinais que vai se segurar e crescer mais ainda. Eu não posso falar agora, mas eu sei de alguns projetos dele para o ano que vem – grandes – e se você perguntar para mim, eu acho que daqui para frente ele entra em uma subida exponencial na carreira dele. Ele é um cara que vai surpreender mais ainda”.

Você acredita que em meio a este mercado que nos encontramos e até porque o Gabriel Sater traz muito do interior do Brasil como o Almir fez e que parece seguir o mesmo caminho, você visualiza que o Gabriel venha a realizar parceria com outros artistas de diferentes gêneros musicais ou ele vai continuar cantando o Brasil da forma como ele tem feito?

Emil Shayeb:
“Eu não posso falar pelo Gabriel, eu posso falar pelo relacionamento que nós temos. Ele está focado no nicho dele, que é o que você disse, uma música raiz, mas como pessoa, eu acho que ele não está fechado à participações com

outros artistas. De novo: eu não posso falar por ele, mas conhecendo ele, se for uma música que ele ache legal e um artista legal, ele é um cara muito aberto. E ele ajuda muito artista emergente realizando colaborações. Ele é um cara legal. Vai

depender do momento da carreira e de suas prioridades”.

Quanto o valor do Grammy você acredita que deverá agregar à sua gravadora e ao seu trabalho como produtor?

Emil Shayeb:
“Uma das coisas que eu já senti, Marcelo, é que eu não mudei meu jeito de trabalhar por causa do Grammy. Eu venho trabalhando da mesma forma e o Grammy foi um reconhecimento de que eu estou no caminho certo. Mas agora,
as pessoas parece que o que eu falo elas aceitam (risos). Parece que as pessoas escutam mais e até respeitam mais …”

Trouxe respaldo …

Emil Shayeb:
“É, por causa do prêmio. Mas é o mesmo trabalho que vinha fazendo antes. Mas acho que é um prêmio de peso e é até normal de isso acontecer, mas não vou mudar o meu jeito de trabalhar. Eu sempre gosto do feedback dos artistas

e sempre estou querendo fazer o que é real e o que é verdade para o artista, então, eu me sinto muito honrado, mas o jeito de trabalhar não muda”

Mas não há como fugir da lógica que uma indicação a um prêmio dá um entusiasmo muito grande, é inevitável, e com base nisso, quais são os seus planos daqui para frente com a sua gravadora?

Emil Shayeb:
“Graças á Deus, nós temos vindo de cinco anos de um crescimento bom. Nós somos independentes e tudo o que fazemos é com recurso próprio, trabalho próprio e parcerias. Para o ano que vem eu quero expandir um pouco mais – falo como empresário agora – quero contratar mais algumas pessoas, porque a demanda de artistas está aumentando, então tenho falado até “não” para artistas que eu gostaria de trabalhar porque eu sei que não daria conta. Mas vou aumentar a equipe para atender mais artistas. Quero continuar trabalhando também com artistas grandes como o Gabriel Sater, mas quero focar mais em artistas que estão

começando a carreira e que não tiveram a chance de trabalhar em uma gravadora séria”.

Quais são as próximas metas para o produtor Emil Shayeb e como você avalia a sua carreira após todos esses anos?

Emil Shayeb:
“Eu estou bem realizado, estamos chegando no final do ano, eu estou profissionalmente e pessoalmente super realizado, super satisfeito, muito grato mesmo por tudo o que aconteceu e pelos artistas com quem trabalhei neste ano. E para o ano que vem eu quero continuar fazendo o que eu já faço, mas quero fazer mais. Eu amo muito o que faço e eu fico aqui no estúdio 12, 13, 14 horas por dia, chego cansado em casa, mas não vejo a hora de voltar ao estúdio. Eu amo música, amo o que eu faço e amo ver os artistas crescendo. Eu quero fazer mais e os frutos que vierem serão muito bem vindos”.

A música escolhe?

Emil Shayeb:
“Escolhe. Eu não sei te explicar porque e nem como, mas escolhe. Trabalhar com música é altamente gratificante. Os futos deste trabalho não é só material, é espiritual também. Eu vejo muita gente – com razão – com medo de trabalhar com música e eu fico com a impressão que essas pessoas não são 100% felizes. A música exige muita dedicação e estudo. E só vai entender a sua pergunta e a minha resposta quem foi escolhido”.

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