domingo, 22 de dezembro de 2024

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"Elas por Elas": Regiana Antonini fala sobre vida, carreira e etarismo

Regiana Antonini
é uma das gratas surpresas do remake
de “Elas por Elas”, no qual dá vida à Maninha, a curiosa funcionária da casa de Sérgio, personagem de Marcos Caruso. A mineira também pode ser vista em “Eulália”, no Prime Video, e trabalhando na adaptação de “Meu Ex Imaginário” e “Tô Grávida” para o cinema.

Formada em publicidade, jornalismo e artes cênicas, ela começou a escrever para o teatro em 1990. Hoje, coleciona mais de 50 obras de sucesso. Na televisão, estreou assinando um episódio do “Você Decide” e, na sequência, para diversos humorísticos de canais abertos e fechados, como “A Diarista”, na Globo, e “Treme Treme” e “Xilindró”, no Multishow.

Além disso, é a grande responsável pelo longa “Uma Pitada de Sorte”, estrelado por Fabiana Karla. Ainda adaptou a peça “Doidas e Santas”
para as telonas e foi colaboradora do roteiro de “Linda de Morrer”, protagonizado por Glória Pires.

Como intérprete, brilhou em produções como “Salsa e Merengue”, “Passione” e “Pega Pega” e em seriados e projetos de sucesso como “Adorável Psicose” e “Porta dos Fundos”. Já nos palcos, sua mais recente incursão foi em “Compulsão”. Confira o bate-papo na íntegra!  

1. Regiana, você é atriz, autora e diretora. Acredita que, às vésperas de 2024, integrar uma telenovela é essencial para a carreira artística?

Estar numa novela é sempre maravilhoso, talvez não seja primordial, mas é necessário, pois é uma vitrine e abre portas para fazer outras coisas acontecerem. Na mídia, existe uma atenção maior quando se está em algum produto audiovisual na TV aberta. Com relação aos apoios culturais e aos patrocínios para teatro (principalmente), estes acontecem muito mais rapidamente quando se está no ar. 

Com relação ao público, já foi assim também. A pessoa saía de casa para ver o artista, e não a peça propriamente dita. Atualmente, não mais. Agora, com as redes sociais, isso mudou. A “nova geração” não assiste mais aos folhetins, nem vê os espetáculos, o que é preocupante de maneira geral para a nossa cultura. 

2. Aliás, pouco te vemos atuando na televisão e em outras mídias. É uma opção?

Não é uma escolha minha, e sim da vida. As pessoas que movimentam o mercado me veem mais como autora. Mas eu amo encenar e quero fazer cada vez mais meu trabalho de atriz.

3. No elenco de “Elas por Elas”, dá vida à Maninha, a funcionária da casa de Sérgio (Marcos Caruso), apesar de ser uma mulher branca, de olhos azuis e loura. Como vê essa mudança de padrão com o qual, infelizmente, estávamos acostumados a ver apenas atores negros chamados para esse tipo de personagem?

É algo absolutamente necessário. Creio que demorou para acontecer. Isso de maneira geral. Agora, falando de mim, acho uma oportunidade maravilhosa. Estou abrindo meu leque, pois só era convidada para fazer a “perua”, a rica ou algum papel mais engraçado, como a vizinha fofoqueira ou a secretária mandona. A empregada nunca.

Entretanto, estou ali, exercendo toda a minha humildade e determinação que uma doméstica precisa ter. Para mim, está sendo um aprendizado, não só como profissional, mas também como pessoa.

4. Atualmente, você vem se dedicando a transformar duas peças suas para a sétima arte. Qual a diferença de escrever para essas frentes?

Teatro é diálogo. Todas as informações de uma narrativa precisam estar naquilo que os personagens dialogam. Eles contam a história, ou seja, nele, a fala tem uma força enorme. É a parte mais significativa. 

Já no cinema, não é assim, pois a trama é manifestada pela câmera. A palavra já não é mais tão importante. E este é o desafio principal: o que será pronunciado pelos dizeres e o que será dito pela câmera.

5. Grande parte de seus projetos foram desenvolvidos para a comicidade, certo? Como lida com a preocupação com o politicamente correto?

Ótima pergunta. Sempre tive o cuidado, na maioria dos meus textos, para não ofender, nem machucar ninguém. O humor é sempre uma crítica ao que acontece no mundo. Por isso, ele envelhece rápido, pois as mudanças ocorrem depressa. 

Alguns programas, filmes ou espetáculos de dez anos atrás estão datados, por ainda terem “aspectos” que atualmente seriam inaceitáveis, como machismo, homofobia e gordofobia. Aliás, hoje em dia, não se pode nem pensar em fazer uma piada assim. 

Como criadora, sempre tive essa atenção, mas, agora, muito mais. Tem que partir da gente, entende? Somos formadores de opinião. Devemos “rebolar mais” para fazer uma comédia saudável. Vamos falar do quê? Essa indagação existe, sim. Entretanto, podemos discorrer sobre muitas coisas dentro do comportamento humano.

Falar mal dos outros nunca foi engraçado. Contudo, a minha geração de roteiristas, de modo geral, não tinha essa precaução. Às vezes, achamos que tudo isso é uma chatice, nos limita e tal. Porém, estamos passando por uma transformação de valores e devemos acompanhar as mudanças e nos adaptar cada vez mais.

6. Outro tema comentado nos últimos tempos é o etarismo nas escalações (e na vida). Como observa o mercado para mulheres depois dos 50 anos?

Esse tema existe demais. Penso que nunca mais vou ser contratada como escritora por uma emissora, porque já passei dos 50. No entanto, o que eles não sabem é que estou realizando incontáveis conteúdos! E, assim como eu, existem roteiristas trabalhando em seus projetos e desenvolvendo histórias que só com a vivência podem contar. 

Como atriz, é a mesma coisa, ou pior, pois entra a “imagem”. Parece que só as personagens com menos de 50 anos têm uma trajetória boa para ser contada, o que não é verdade. As mudanças na vida acontecem em qualquer idade. O amor também. Então, para mim, esse fator não deveria existir. Jamais! 

Como espectadora, amaria ver a Natália Timberg, a Fernanda Montenegro e o Lima Duarte fazendo uma novela. Mas onde estão esses veteranos? Em casa.

7. Quais seus próximos passos profissionais?

Adaptei o livro “Ser Artista”, do Marcus Montenegro, para o teatro. A estreia será em março do ano que vem. Além disso, estou escrevendo sobre maternidade para Camila Rodrigues e inteligência artificial para Zulma Mercadante, chamado “Bad Feelings”. 

Também escrevi para Inês Galvão o “Desesperada”. Todos em fase de captação [de recursos financeiros]. Em 2023, me dediquei a oito roteiros teatrais e mais de duas sinopses de filmes e programas. É como já disse: estou produzindo materiais como nunca! Não posso parar! 

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