A EJA (Educação de Jovens e Adultos) é um programa do governo Federal voltado para a educação de Jovens e Adultos para a formação no ensino fundamental e médio para as pessoas que não possuem idade escolar e/ou oportunidade. O programa foi instituído legalmente no país como modalidade de ensino em 1996, e em 2020 havia cerca de três milhões de matrículas de EJA no Brasil.
O perfil dos alunos do EJA são pessoas que não tiveram a oportunidade de estudar no ensino regular (com as idades propostas pelo ensino) e que quase na sua totalidade abandonaram o ensino por questões de trabalho, mas que agora têm a oportunidade de voltar às escolas e concluírem seus estudos e ainda de publicarem um livro!
A obra Antologia Literária
foi escrito por pessoas como Edison da Silva, de 53 anos, paulistano, criado no bairro Santa Mônica, que estudou em uma escola estadual, mas no 7º ano do ensino fundamental, por necessidades econômicas, precisou largar os estudos e começar a trabalhar. Outra autora é a Maria Lúcia Vieira Barros, de 63 anos, que migrou de Pernambuco para São Paulo e não conseguiu seguir com os estudos e hoje busca terminar o segundo grau para depois estudar psicologia. O livro conta com 128 escritores em um total de quatro escolas.
A ideia é pioneira e surgiu ainda no início deste ano, durante a 12ª Semana Municipal de Incentivo e Orientação ao Estudo e à Leitura de São Paulo, tradicional evento da cidade, criado por lei do vereador Professor Eliseu Gabriel (PSB). Todos os anos, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, ele lança um livro dos alunos e um dos professores que participaram das atividades da Semana.
“Sabemos que essas pessoas têm um universo de histórias de superação, criatividade e emoção. E agora elas estão inseridas no “Antologia Literária”, conta Eliseu.
O vereador relembra que durante a Semana da Leitura, quando os Trovadores Urbanos estiveram nas escolas com esses alunos, eles escreveram palavras após ouvir as músicas tocadas pelos trovadores, criando o muro do afeto, que inspirou a criação do livro. “Esses alunos nos lembram que suas dificuldades diárias e a idade não são obstáculos para a busca do conhecimento”, comentou.
“Como alcançar o respeito por meio das diferenças? Talvez pela educação. Eu mesma fiz a opção de retornar aos estudos porque acredito que este seja um meio de me socializar e me atualizar, só assim poderei contribuir para um mundo melhor”, são palavras de Maria Lúcia, agora autora de um livro.
Edison da Silva, ao lado de outros colegas, escreveu um acróstico tendo a palavra diversidade como raiz, de onde surgiram outras palavras como humanidade, diálogo, amor e empatia, formando uma escrita poética. “Aprender ao lado de colegas escrever esse acróstico foi muito importante, tenho certeza que a educação pode mudar a vida das pessoas e estou vivendo essa mudança, escrevendo um livro”, comenta.
Participaram do livro alunos da EJA das escolas: EMEF Jairo Ramos (Jardim Mangalot), EMEF Desembargador Silvio Portugal (Jardim Líbano), EMEF General Vicente Daile Coutinho (Vila Souza) e do CIEJA Vila Maria/Vila Guilherme.
Para sugestões e pautas: [email protected]