sábado, 21 de dezembro de 2024

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5 motivos que tornaram “Memórias Póstumas de Brás Cubas” um sucesso

“Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, é um dos grandes clássicos da literatura brasileira. Recentemente, a versão em inglês da obra se tornou a mais vendida da categoria “Literatura Latino-Americana e Caribenha” na Amazon dos Estados Unidos. Isso aconteceu após um vídeo da escritora e leitora Courtney Henning Novak, em que avalia livros de vários países, viralizar no TikTok.

Com isso, o livro se tornou um best-seller, ultrapassando clássicos latino-americanos como “Amor nos Tempos do Cólera”, de Gabriel García Márquez, e a coletânea de ficções de Jorge Luis Borges. Além disso, a versão e-book de Brás Cubas figura em 11º na lista.

O ranking se refere às versões físicas dos
livros

comercializados pela Amazon para os clientes que moram nos EUA. Publicada pela editora Penguin Classics, a edição em inglês tem o nome de T he Posthumous Memoirs of Brás Cubas
, tradução feita por Flora Thomson-DeVeaux.

“A leitura deste romance é uma visita ao mais íntimo dos segredos da literatura brasileira, é uma viagem que transborda nossa autocrítica tantas vezes negligenciada pela preferência aos  best-sellers
 estrangeiros”, ressalta o professor de Literatura do Colégio Marista Pio XII, Ramon Felipe Ronchi. 

Sucesso centenário

Veiculado primeiramente como folhetim em uma revista, o que era comum na época, o livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas” foi oficialmente publicado como romance em 1881, tornando-se a primeira obra do Realismo na literatura brasileira.

O narrador, descrito como “defunto-autor”, é Brás Cubas, que começa a contar a sua autobiografia após a sua morte. De família rica, espelha as hipocrisias das elites brasileiras do século 19, refletindo sobre questões como moral e preocupação com as aparências.

O professor ressalta que o livro é “uma prata da casa”, mesmo essa grande
narrativa universal

sendo recém-descoberta pelas redes sociais. “O anti-herói Brás Cubas desnuda um realismo mágico que encanta qualquer leitor minimamente interessado numa boa dose de aventura pelos estreitos canais da ironia e moral”, observa. 

Características que explicam sucesso

Veja, a seguir, 5 motivos que tornaram “Memórias Póstumas de Brás Cubas” um enorme sucesso no Brasil e fora dele.

1. Atualidade 

Na opinião da professora de Literatura Brasileira e Portuguesa do Colégio Marista Paranaense, Rosane Decolin, a
obra

permanece atual por questão de identidade. A exploração e questionamento de quem é Brás Cubas, o que ele fez ao longo da vida e como não obteve êxitos é algo muito atual e humano.

“O narrador mesmo descreve que ‘não teve filhos, mas não deixou o legado da miséria a ninguém’ e isso remete às lutas e conquistas que pessoas fazem ao longo de suas vidas”, comenta. 

2. Narrativa em mosaico

A narrativa não linear cria uma espécie de mosaico, pois não segue uma linha cronológica. A história começa da morte do narrador e vai seguindo depois para os primeiros passos da infância e adolescência. Essa desconstrução narrativa cria uma trama extremamente interessante e diferente de tudo que já existiu, explica Gabriela Ceccon, professora de Língua Portuguesa e Redação do Colégio Marista Anjo da Guarda.

3. Realidade humana

Mesmo tendo sido lançada há cerca de 150 anos, Brás Cubas fala sobre a realidade humana, o que é inerente ao tempo. São abordados desde
questões sentimentais

, fatores como ódio, traição e medo, que permeiam a existência da humanidade. 

4. Quebra da quarta parede

Na obra, Machado de Assis frequentemente rompe a quarta parede, dirigindo-se diretamente ao leitor. Este recurso cria uma conexão íntima e imediata entre o narrador e o leitor, quebrando as convenções tradicionais da narrativa e oferecendo uma experiência de leitura dinâmica e envolvente.

5. Crítica social e psicológica

A obra é uma incisiva crítica social e psicológica da
sociedade brasileira

do século 19. Machado de Assis utiliza a vida de Brás Cubas para satirizar a hipocrisia, a vaidade e a corrupção das classes dominantes.

Por Paula Melech

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