O Banco Central (BC) confirmou nesta semana o maior vazamento de dados já registrado no sistema Pix. Informações cadastrais de mais de 11 milhões de brasileiros foram expostas por meio do Sisbajud — sistema que conecta o Judiciário ao sistema financeiro — entre os dias 20 e 21 de julho de 2025. A falha ocorreu durante a manipulação de dados por parte de um fornecedor contratado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
De acordo com nota oficial, os dados expostos incluem nomes, CPFs, chaves Pix, número de agência e conta, todos vinculados a instituições financeiras. Apesar da gravidade, o BC assegurou que não houve comprometimento de senhas, saldos ou transações bancárias. Ou seja, o vazamento não envolveu o acesso a contas, apenas a exposição de dados cadastrais.
No total, mais de 46 milhões de chaves Pix ligadas aos usuários afetados foram expostas, o que representa uma escala sem precedentes. Até então, o maior incidente havia envolvido pouco mais de 400 mil chaves, em 2021.
O CNJ afirmou que a falha já foi corrigida e que está colaborando com a Polícia Federal e a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) para apurar responsabilidades. Também será disponibilizada uma ferramenta online para que os cidadãos consultem se seus dados foram comprometidos. O conselho ressalta que não realizará contato direto com usuários — qualquer mensagem oferecendo compensações ou solicitando informações pessoais deve ser tratada como tentativa de golpe.
O Banco Central declarou que, embora o caso seja classificado como de “baixo impacto” do ponto de vista técnico, optou por divulgar a falha por compromisso com a transparência. A recomendação para os usuários é manter atenção redobrada a tentativas de fraudes, como phishing e engenharia social, que podem se intensificar a partir do vazamento de dados básicos.
Embora não haja risco imediato às contas bancárias, a escala do vazamento reacende o debate sobre a segurança de sistemas públicos e privados que operam com dados financeiros sensíveis. O episódio também pressiona por revisões contratuais e técnicas em plataformas que lidam com informações protegidas, como o Sisbajud.
Foto: © Marcello Casal Jr / Agência Brasil