Realizado na Praça do Rádio Clube, o festival, que chega a sua 2ª edição, busca honrar as tradições e a rica herança indígena, além de proporcionar representatividade e um espaço de reflexão sobre a importância da preservação das culturas originárias e dos direitos humanos.

“Esse é um evento que queremos que se torne tradição. São 24 comunidades indígenas na nossa capital e nós, enquanto administração municipal, queremos ouvi-los e trabalhar juntos pela preservação e difusão da cultura dos povos originários e que, cada vez mais, consigamos viver em harmonia”, declarou a prefeita Adriane Lopes.

Ansiedade por parte dos candidatos e muita animação na torcida. Ao todo, 13 rapazes e 23 moças concorreram aos tão cobiçados títulos. Entre os postulantes a mister, estava Wedyn Santos Pereira (24), da etnia terena. O jovem que está no último semestre do curso de audiovisual da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) é surdo e falou de representatividade e da emoção em participar do concurso.

“Eu estou muito emocionado pois sou o primeiro surdo a desfilar na história do mister e o único nesta edição. Além do mais, tem a questão das pessoas olharem e me verem de pele branca e não saberem que sou indígena. Eu gostaria muito de ganhar mas, do ponto de vista da representatividade, minha participação tem um grande significado para mim e para outros que virão”.

Na plateia, Ivete Santos da Mata (42), mãe de Wedyn, era puro orgulho. Ela acompanhou todos os detalhes antes do início das apresentações e tão logo, correu para a beira do palco para acompanhar bem de perto ao desfile do filho.

“Ele adora participar das festas indígenas e hoje é um dia muito especial para ele. Teve bastante apoio para que isso acontecesse, ele tá acompanhado pela Chris (Christiane Medeiros, intérprete de Libras da SDHU), algo muito importante para a comunicação e o entendimento dele sobre tudo que está acontecendo e esse sentimento não tem explicação. Estamos muito gratos por poder vivenciar tudo isso”, disse Ivete.

Maria Relinda Euzébio (56), cacique da Comunidade Dalva de Oliveira, elogiou a festa e lembrou do progresso e do quanto ainda precisamos avançar com relação às questões indígenas. “A festa está linda. É a primeira vez que participo e me sinto muito feliz em estar aqui reunida com meu povo. Há não muito tempo atrás, quase não tínhamos eventos para mostrar nosso trabalho e a nossa arte, hoje já conquistamos esse espaço. É muito bom ver tudo isso acontecendo e sabemos que podemos mais e precisamos de mais, e com a graça de Deus, vamos alcançar”, declarou a líder.

A festa acontece na semana em que se comemora o Dia Internacional dos Povos Indígenas, 09 de agosto, data criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1994, como forma de homenagear e reconhecer a importância dos povos originários e como ferramenta de conscientização sobre a necessidade de avanços com relação à inclusão e garantia dos direitos dos povos indígenas.

“Hoje é o Dia Nacional dos Direitos Humanos, e a gente sabe da importância dessa data, e nessa noite estamos celebrando a garantia do direito ao respeito, à cultura, ao fortalecimento das tradições, ao resgate histórico, o direito dos povos indígenas de serem e continuarem existindo com sua cultura e tradições”, salientou a subsecretária de Defesa dos Direitos Humanos, Thais Helena.

Todos os candidatos desfilaram em trajes casuais e vestimentas típicas indígenas. Após as apresentações, coube ao juri composto pela antropóloga, Priscila de Santana, a produtora cultural, Fernanda Teixeira e a Defensora Pública, Thaisa Raquel Defante, apontar os novos miss e mister indígena 2023 de Campo Grande.

Com votação bastante apertada, Gino Jorge Vieira, da Comunidade Darcy Ribeiro, foi escolhido como o Mister Simpatia. Já a faixa de Mister Indígena 2023 ficou com Vagner Marcos, da Comunidade Paravá.

“Muito feliz por conquistar o título e poder representar, não só a minha comunidade mas o nosso povo como um todo”, disse Vagner.

A disputa pela tão sonhada faixa de miss também não foi fácil. Após uma segunda avaliação solicitada pelas juradas, Lauriete de Oliveira, da Comunidade Nova Canaã foi eleita a Miss Simpatia e o título de Miss Indígena 2023 ficou com Juliane Moreira, da Comunidade Água Funda.

“Muito orgulhosa de ter sido escolhida, por poder representar minha aldeia e ser miss da nossa cidade. Dia 30 eu faço 17 anos e não podia haver presente melhor”, comemorou Juliane.

Autor – Assessoria Prefeitura de Campo Grande