“Ninguém vai enfrentar o frio sozinho em Campo Grande. Estamos unindo forças para garantir acolhimento, dignidade e respeito à vida de quem mais precisa”, afirmou a prefeita Adriane Lopes ao anunciar o início do projeto “Inverno Acolhedor”, que começa a funcionar nesta quarta-feira (28), no Parque Ayrton Senna, região do Anhanduizinho.
A população em situação de rua poderá contar com uma estrutura inédita de atendimento montada no Bairro Aero Rancho, e que irá funcionar nas noites de frio intenso. O objetivo é oferecer apoio às pessoas que, por diferentes motivos, recusam os acolhimentos institucionais da SAS.
O Projeto “Inverno Acolhedor” será coordenado pela Secretaria de Assistência Social e Cidadania (SAS) e visa reforçar a proteção à população em situação de rua durante as frentes frias, com base nos alertas de frio intenso emitidos pela Defesa Civil.
A ação emergencial “Inverno Acolhedor – Ponto de Apoio no Frio”, será executada pela Superintendência de Política de Direitos Humanos (SDHU), em parceria com a Defesa Civil Municipal, a Fundação Municipal de Esportes (Funesp), a equipe do Consultório na Rua da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), e com a participação da Proteção Social Especial da SAS, que atua na organização e execução da ação.
A secretária municipal de Assistência Social e Cidadania, Camilla Nascimento, explicou que a iniciativa vem sendo planejada desde o início do outono, e que a estrutura no Parque Ayrton Senna será organizada apenas nas noites que houver alerta de temperatura igual ou inferior a 12ºC emitido pelos órgãos meteorológicos. A primeira ação emergencial ocorrerá já na noite desta quarta-feira, a partir das 18 horas e será encerrada às 6 horas de quinta-feira (29). A previsão é que a estrutura funcione até sábado, apenas no horário noturno, sempre das 18h às 6 horas.
As equipes envolvidas na ação utilizarão as salas internas do Parque, com fechamento adequado para a proteção noturna da população em situação de rua. O local contará com colchões e oferecerá alimentação fornecida por entidades parceiras e instituições religiosas que já atuam na defesa de direitos da população em situação de rua. Também serão entregues agasalhos doados pela Defesa Civil do município e cobertores. As equipes também prepararam a estrutura para garantir o cuidado humanizado inclusive dos pets que acompanham essa população, que poderá ficar protegida durante a noite e madrugada, períodos de maior risco para quem está em situação de rua.
As pessoas que desejarem receber atendimento no ponto de apoio serão encaminhadas pelas equipes do Seas, por meio das buscas ativas e denúncias ou também poderão ir de forma expontânea ao Parque.
Aqueles que optarem por permanecer nas ruas receberão cobertores e apoio emergencial, por meio de equipes móveis da SAS.
Segundo a secretária Camilla Nascimento, a ação será apenas um ponto de apoio emergencial e frisou que os acolhimentos da rede municipal seguirão funcionando normalmente, garantindo o atendimento regular à população. “A proposta é reforçar a rede de proteção neste período crítico, somando esforços para salvar vidas. É importante destacar que os serviços de acolhimento e atendimento à população em situação de rua continuarão sendo ofertados em nossa rede, como as abordagens feitas pelos Seas e o trabalho desenvolvido pelo Centro POP”, afirmou.
Além da assistência social e logística, a estrutura contará com o apoio do Consultório na Rua. A presença da equipe garante o acompanhamento de casos que demandem atenção clínica ou cuidados emergenciais, fortalecendo a rede de proteção integral a essa população.
As pessoas que buscarem atendimento na estrutura do Parque Ayrton Senna serão orientadas, a partir das 6 horas do dia seguinte, a seguir para o Centro POP, onde poderão continuar acessando os serviços da rede de Assistência Social ao longo do dia. O equipamento oferece, inclusive três refeições diárias.
A superintendente de Política de Direitos Humanos, Priscilla Justi, destaca que a ação é um esforço intersetorial para garantir que a população em situação de rua fique protegida diante do frio. “O cuidado vai além do abrigo, já que também iremos oferecer escuta, atenção em saúde e garantia de direitos”, pontuou.
A população poderá colaborar informando sobre pessoas em situação de vulnerabilidade expostas ao frio por meio do Serviço Especializado em Abordagem Social (Seas), para que as equipes possam atuar com agilidade. Os telefones para denúncias são (67) 99660-6539 e 99660-1469, além do 156.
O Serviço Especializado em Abordagem Social realiza atendimento à população de rua nas sete regiões da Capital, por meio de busca ativa e denúncias feitas via telefone. O trabalho é realizado continuamente pelas equipes, que fazem abordagens sociais 24h por dia, nos sete dias da semana, incluindo feriados e finais de semana, no entanto o indivíduo tem por opção aceitar ou não o acolhimento. As recusas de atendimento por parte da população em situação de rua são um direito garantido pela Constituição Federal de 1988, em seu Art. 5º, Inciso XV.
Estratégia
No período de frio, a SAS intensifica, por meio do Seas, as abordagens na região central, viadutos, praças e espaços públicos, locais onde as pessoas em situação de rua costumam se abrigar. As equipes recebem reforço no número de técnicos que atuam nas abordagens e os veículos do Seas são abastecidos com cobertores entregues às pessoas que recusam o acolhimento.
Desde as primeiras quedas de temperatura e o período de chuvas, registrados entre março e abril, os técnicos vêm monitorando os serviços de meteorologia para reforçar o estoque de cobertores e preparar as unidades de acolhimento, que neste período chegam a registrar um aumento de até 50% no número de acolhidos.
De janeiro até maio deste ano já foram entregues mais de quatro mil cobertores à população em situação de rua e para famílias em vulnerabilidade por meio dos Cras, Centros de Convivência do Idoso, Centros de Convivência e pelo Seas.
Também são realizadas buscas ativas em diversos pontos e localidades, mapeadas pelos bancos de dados da SAS. As pessoas que aceitam o acolhimento são encaminhadas para uma das duas UAIFA’s ou para a Casa de Passagem Resgate, destinada aos migrantes, além das demais entidades cofinanciadas.
Nas unidades de acolhimento são oferecidas quatro refeições diárias, elaboradas por nutricionistas da SAS, há alojamentos individuais para grupos familiares, além de atendimento, assistência psicossocial e trabalho integrado com as demais pastas da gestão pública.
A Rede Municipal de Assistência Social também dispõe do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP), localizado na Rua Joel Dibo, 255, Centrro.
A unidade oferece trabalho técnico para a análise das demandas dos usuários, orientação individual e grupal e encaminhamentos a outros serviços socioassistenciais e das demais políticas públicas que possam contribuir na construção da autonomia, da inserção social e da proteção às situações de violência.
O local também promove acesso à higiene pessoal, alimentação e provisão de documentação civil, proporcionando endereço institucional para utilização, como referência, do usuário. Entre janeiro a abril deste ano, o Seas realizou mais de 2,4 mil abordagens.
Já o Centro POP realizou 5.586 atendimentos técnicos e 923 encaminhamentos entre janeiro e o dia 19 de maio. Também foram servidas no local, mais de 22.800 mil refeições no mesmo período.