Exemplares do livro “O avesso da pele”, do escritor Jeferson Tenório, estão sendo recolhidos de 75 escolas públicas de Mato Grosso do Sul, após determinação do governador Eduardo Riedel (PSDB).
De acordo com a Secretaria de Estado de Educação (SED), a medida se dá em função da linguagem utilizada em trechos do livro que contém expressões consideradas impróprias para a faixa etária da maioria dos estudantes atendidos pela Rede Estadual de Ensino (REE).
No Paraná, os exemplares também estão sendo recolhidos de colégios estaduais que ofertam o Ensino Médio no Paraná. A determinação foi da Secretaria Estadual de Educação (Seed).
Pelas redes sociais, o escritor Jeferson Tenório classificou a medida da Seed como “uma violência e uma atitude inconstitucional”.
Segundo o autor, “não se pode decidir o que os alunos devem ou não ler com uma canetada. Não vamos aceitar qualquer tipo de censura”.
Obra
A obra foi publicada em 2020 e narra a história de Pedro, que teve o pai assassinado em uma abordagem policial.
O racismo é um dos temas abordados no livro, que venceu o Prêmio Jabuti em 2021, considerado o mais importante da literatura brasileira.
“O avesso da pele” integra o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), do Ministério da Educação (MEC), que compra e distribui livros didáticos para escolas públicas no Brasil.
Por determinação do governador Eduardo Riedel, e após avaliação da SED da obra “O avesso da pele”, distribuída pelo Ministério da Educação, haverá recolhimento imediato dos exemplares, enviados para 75 das 349 unidades escolares da Rede Estadual de Ensino de MS. A medida se dá em função da linguagem utilizada em trechos do referido material, contendo expressões consideradas impróprias para a faixa etária da maioria dos estudantes atendidos pela REE (menores de 18 anos), com o uso de termos e jargões que inviabilizam a utilização pedagógica no ambiente escolar. Após o recolhimento, os livros serão encaminhados para o acervo da Secretaria de Estado de Educação.
Repercussão
O assunto também ganhou repercussão na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems), na sessão ordinária de terça-feira (5), após deputados estaduais repudiaram a distribuição do livro.
Na tribuna, o deputado Professor Rinaldo Modesto (Podemos), chegou a falar que o livro possui uma linguagem pornográfica.
Já a deputada Lia Nogueira (PSDB), afirmou estar estarrecida com a linguagem do livro para os alunos do ensino médio. “O livro é nojento. Não trata de educação sexual, mas trata o sexo de forma banal. Não estamos falando de bandeiras políticas e ideologias, mas de respeito na sociedade”.