O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (9) a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil. A medida entra em vigor no dia 1º de agosto e atinge em cheio o agronegócio brasileiro, incluindo o café, que tem forte presença no mercado norte-americano.
Em vídeo, o diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos, classificou a decisão como uma notícia dura para o país. “Temos que trabalhar numa agenda de negociação”, afirmou.
Matos lembra que a tarifa impacta todos os produtos exportados para os Estados Unidos, gerando custos adicionais para consumidores americanos e prejuízos para empresas brasileiras. Entre os itens do agro mais afetados estão o complexo florestal, carnes, café, laranja, açúcar, etanol e produtos de origem vegetal.
Atualmente, os Estados Unidos são o maior importador de cafés do Brasil. No ano passado, foram mais de 8 milhões de sacas embarcadas para o país, que consome mais de 24 milhões de sacas anuais e compra cerca de 30% do café exportado pelo Brasil.
O diretor destacou que a National Coffee Association (NCA), entidade que representa o setor nos EUA, está atuando para reverter a decisão. Segundo Matos, o presidente da NCA, Bill Murray, esteve recentemente no Brasil, durante o Coffee Summit, e manifestou preocupação com as tarifas.
Estudos econômicos apontam que, para cada dólar gasto na importação de café brasileiro, são gerados US$ 43 na economia dos EUA. O café representa 1,2% do PIB norte-americano, movimentando US$ 343 bilhões e gerando 2,2 milhões de empregos.
Matos disse ainda que existe a possibilidade de o café ser incluído em uma lista de exceção, por ser considerado recurso natural não disponível nos EUA, que não produz café e depende totalmente da importação do produto.
Ele lembrou que anúncios anteriores feitos por Trump foram modificados, como ocorreu com o Vietnã, que teve tarifa reduzida de 42% para 20%. Outros países concorrentes têm tarifas menores, como Indonésia (32%) e Nicarágua (18%).
“Temos que ter os melhores negociadores e tratar o assunto de forma pragmática, para gerar benefícios no fluxo de comércio”, afirmou. O Cecafé trabalha junto à NCA e ao governo de Washington para demonstrar os efeitos positivos do café brasileiro e buscar um entendimento que reduza os impactos.