A safra de soja na região de Bagé, no Rio Grande do Sul, está enfrentando sérios desafios devido a condições climáticas adversas.
O plantio, já atrasado, foi seguido por chuvas volumosas e constantes no final de abril, afetando quase 600 mil hectares que ainda estavam no campo.
Esse número representa mais de 40% da área plantada, que é de aproximadamente 1,1 milhão de hectares.
O engenheiro agrônomo da Emater/RS, Guilherme Zorzi, descreveu os efeitos devastadores das chuvas prolongadas. “A umidade excessiva após a maturação provoca a germinação dos grãos ainda na lavoura e a debulha das vagens, que se abrem devido aos ciclos repetidos de umedecimento e secagem, resultando na queda dos grãos no solo e apodrecimento”, afirmou.
Zorzi destacou que os agricultores não conseguem acessar os campos para realizar a colheita devido às condições do solo.
Mesmo em dias secos, a umidade impede o funcionamento adequado das máquinas, comprometendo a eficiência da colheita, que está estimada em 75,5% na região.
Os grãos colhidos nessas condições chegam aos armazéns com altos níveis de umidade, germinação e danos por fungos, o que leva a descontos significativos e desvalorização do produto, explicou o agrônomo.
Antes das chuvas, a quebra na produção era mínima, apesar de algumas áreas terem enfrentado estiagem durante a fase de enchimento dos grãos em fevereiro e março. No entanto, a situação se agravou após o início das chuvas, aumentando os prejuízos nas áreas ainda não colhidas. A perda média na região já atinge 31%, com tendência de aumento conforme a colheita avança. A expectativa é que a ceifa se estenda até o final de junho, dependendo das condições climáticas.
“Se as chuvas persistirem, muitas áreas podem ser consideradas perda total, e outras que ainda poderiam ser colhidas podem também atingir essa condição”, concluiu Zorzi.