Piai: Tenho 33 anos e sou de Presidente Prudente, interior de São Paulo, no Pontal do Paranapanema. Sou produtor rural. Meu pai é veterinário, presidente de cooperativa; meus tios são agrônomos. Nasci em uma fazenda, mas sou administrador, pós-graduado em gestão pública. Trabalhei muito durante a campanha do governador [de São Paulo] Tarcísio. Fui o coordenador regional da campanha dele no oeste paulista e, depois, comecei no Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) como diretor-executivo.
CR – Sua família já tem histórico na agricultura?
Sim, com certeza. O meu pai é formado na Unesp de Jaboticabal, o meu avô, Giuseppe Mario Filizola, era produtor rural, plantava amendoim, soja, milho, já teve cana também. Meu pai tira leite e tenho alguns tios na pecuária de corte. A família é diversificada.
CR – Por ter participado da campanha do governador Tarcísio de Freitas, imaginava ocupar o cargo de secretário de Agricultura?
Não imaginava. Eu sou o secretário de Agricultura mais novo da história de São Paulo. Para mim é uma honra. É um cargo de extrema importância. O agro é o que movimenta o Brasil e o mundo. Em São Paulo não é diferente. O agro de São Paulo está batendo recordes neste ano, como na balança comercial, quase 7% a mais do que o ano passado, [representando] 30% do PIB e 40% das exportações. Graças a Deus o governador viu que nós tínhamos muito para entregar no Itep. Com nosso time, conseguimos fazer a maior regularização fundiária rural da história de São Paulo. Em seis meses, entregamos milhares de títulos. Títulos registrados em cartório, à margem da matrícula, com um memorial descritivo e com endereço digital, que é um grande diferencial do estado de São Paulo.
CR – Mas por conhecer as demandas do setor, tinha pretensão pelo cargo?
Como eu sou do Pontal do Paranapanema, que é a região que tinha o maior problema de regularização fundiária do estado de São Paulo e muitos conflitos agrários, tive 63 mil votos e fiquei como suplente. O governador me chamou para essa missão no Itesp, porque o objetivo dele no estado de São Paulo é segurança jurídica e paz no campo. Objetivo era resolver a questão fundiária no estado. E eu conhecia essa questão porque sou da região. Então, comecei esse trabalho no Itesp e fui feliz cada dia que eu fiquei por lá, um órgão maravilhoso, com uma qualidade técnica de funcionários assustadora. Conseguimos promover a maior regularização fundiária rural da história de São Paulo. Essa regularização vai continuar até o final do mandato do governador Tarcísio. Vamos titular todos os assentados do estado de São Paulo.
CR – Então podemos dizer que aquela velha história de conflitos no Pontal do Paranapanema acabou?
É passado, acabou. A ordem agora é preservar a Constituição Federal: propriedade privada é sagrada. Ter e gerar segurança jurídica porque isso é investimento, emprego, dignidade. As duas regiões mais pobres de São Paulo, Vale do Ribeira e Pontal do Paranapanema, são as que mais sofriam de insegurança jurídica. Não é possível alar em prosperidade e emprego se a palavra segurança jurídica não estiver ao lado.
CR – Isso vale para todo o estado de São Paulo, visto que já noticiamos algumas invasões de terras, inclusive em regiões que eram produtivas?
Isso vale para todo o estado de São Paulo. A ordem do governador é clara: não vão ser toleradas no estado de São Paulo invasões de propriedades.
CR – Quais são as suas principais prioridades, além da regularização fundiária?
Eu falaria em transição e segurança energética, já que São Paulo é um estado que tem tudo para liderar essa questão no Brasil. Além disso, crédito e conectividade. Esses são alguns pilares da nossa administração, junto com a regularização fundiária.
CR – Rural é um tema crucial, e é interessante notar que também cobrimos aqui um programa que foi criado no governo anterior, o Rotas Rurais, que foi muito bem-sucedido. Ele estabeleceu os CEPs para propriedades rurais, facilitando a entrega de insumos e garantindo a segurança pública.
Neste governo, otimizamos o projeto. Todas as propriedades terão um CEP, um endereço rural digital. Isso significa dignidade. Durante a pandemia, muitas mulheres sofreram violência no campo, e a polícia não conseguia chegar à porta da propriedade. Às vezes, alguém ficava doente, e a ambulância não conseguia encontrar a propriedade. As pessoas não tinham a dignidade de pedir um iFood, usar o Waze ou o Google Maps. Isso é segurança. Estamos estabelecendo parcerias com várias secretarias. Este programa, premiado internacionalmente, trará dignidade para o campo.
CR – Você mencionou que São Paulo está quebrando recordes em exportações, sendo um estado muito diversificado na produção agrícola e pecuária, incluindo leite, café, cana-de-açúcar e soja. Fale um pouco sobre o desenvolvimento multicultural de São Paulo.
São Paulo é muito eclético, com predominância de médias e pequenas propriedades liderando o PIB do estado, principalmente nas exportações. O setor sucroenergético, com 35% proveniente da cana-de-açúcar e das usinas, é uma oportunidade para transição energética com biometano, biogás e amônia verde. Enfrentamos desafios, como apenas 6% das propriedades sendo irrigadas. A expansão da irrigação aumentaria a produtividade significativamente.
CR – O que falta para melhorar o sistema de irrigação? As questões ambientais atrapalham?
Não apenas a irrigação, mas também uma resolução simplificada para gestão de resíduos, produção de metano, usinas verdes de compostagem e bioinsumos. Nossa secretaria está trabalhando em conjunto com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo para garantir sustentabilidade, segurança jurídica e agilidade em aprovações ambientais.
CR – São Paulo possui várias bacias suficientes para abastecer as necessidades humanas e irrigar a agricultura. Isso se traduz em geração de empregos e alimentos. Em regiões como o Vale do São Francisco, essa utilização sustentável das águas trouxe prosperidade. Como São Paulo está lidando com essa questão?
A segurança jurídica é essencial. O Pontal do Paranapanema tem água em abundância para irrigação, mas o investimento é alto. Com a regularização fundiária resolvida, agora estamos vendo investimentos significativos em irrigação no Pontal.
CR – Investimento é crucial na produção agrícola em larga escala. O governador está atento a essas questões?
Muito atento a crédito e seguro rural. Com eventos climáticos mais frequentes, o seguro rural se torna vital. O Brasil precisa expandir o seguro rural para apoiar os produtores e protegê-los contra riscos elevados.
CR – Alguns estados estão criando taxas sobre o agronegócio. Goiás e Mato Grosso já o fazem. São Paulo pretende seguir esse caminho?
A criação de um fundo começa pela necessidade. São Paulo, sendo um estado diferenciado e com boa infraestrutura, não vê, por enquanto, a necessidade de taxar o setor para infraestrutura.
CR – Excelente. Agora, sobre a pecuária, que conquistou um avanço importante na condição sanitária, rumo ao status de livre de febre aftosa sem vacinação. O que isso significa para o rebanho paulista?
Significa uma conquista que agrega valor e liberdade ao produtor. Precisamos agora investir em rastreabilidade e precocidade para otimizar o setor.
CR – E sobre o greening afetando as lavouras de citros em São Paulo, como o estado tem lidado com isso?
Estamos enfrentando o greening com ações vigorosas, como extinção rápida de pomares abandonados, denúncias online, combate ao comércio ilegal de mudas cítricas e criação de fundo indenizatório para segurança dos produtores.
CR – No último dia 24, foram apresentadas medidas impactantes para os produtores paulistas. Quais são as mais importantes?
Destaco a regulamentação da Lei dos Defensivos Agrícolas, a criação do Fundo de PAC, e o Passaporte Equestre para facilitar a vida dos produtores e eventos de equídeos.
CR – Qual é a visão do governador sobre o agronegócio e suas expectativas para a gestão?
O governador reconhece a importância do agro, representando 30% do PIB de São Paulo e 40% da balança comercial. Ele espera que o agro continue crescendo, sendo um setor dinâmico, e promete apoio incondicional.