Contra as projeções da grande maioria das consultorias públicas e privadas, o Rally da Safra, realizado pela Agroconsult, elevou a estimativa de produção de soja nesta safra 23/24.
Agora, para a empresa, o Brasil deve colher 156,5 milhões de toneladas da oleaginosa, com produtividade média estimada em 56,2 sacas por hectare. O número é praticamente 10 milhões de toneladas a mais do que o indicado no último relatório da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), fixado em 146,8 milhões de toneladas.
Entre os fatores que explicam o aumento está o fato de o Rally ter revisto em 753 mil hectares a mais a área plantada nesta temporada, somando, ao todo, 46,4 milhões de hectares, ao passo que a Conab indica 45,1 milhões de hectares. Isso significa que, em termos relativos, a expedição técnica “encontrou” a área de soja inteira do estado do Maranhão ou de São Paulo a mais do que a entidade pública.
De acordo com a consultoria, isso se deve pela implantação de uma ferramenta de avaliação de safra que usa algoritmos para analisar imagens de satélite.
“Ao longo dos últimos 20 anos do Rally da Safra estivemos muito focados em ir a campo com rigor metodológico para trazer as melhores informações a respeito da produtividade de cada uma das regiões do Brasil. Porém, a produtividade é apenas um dos fatores de produção. Há três anos definimos o objetivo de acrescentar à metodologia do Rally a validação da área plantada por meio de imagens de satélite. Investimos então na implementação do Cropdata, uma ferramenta de análise de safra que utiliza algoritmos para analisar, processar e classificar imagens de satélite”, explica André Debastiani, coordenador do Rally da Safra.
Aumento de área no Brasil
Em comparação com os números da Conab, as novas estimativas da Agroconsult para a safra 23/24 apontam um aumento de 707 mil hectares na área plantada da região Centro-Oeste, de 445 mil hectares na região Sudeste, de 78 mil hectares no Sul e de 59 mil hectares no Nordeste, totalizando a diferença de 1,2 milhão de hectares. Somente a região Norte sofreu um ajuste de 39 mil hectares a menos que nos dados oficiais.
Já em relação à produção de soja 23/24, os 10 milhões de toneladas a mais em relação à Conab resultam da diferença de 5,4 milhões de toneladas entre as produtividades estimadas para os estados e 4,2 milhões de toneladas referem-se às diferenças nas estimativas de área plantada.
“Com os ajustes na área plantada, conseguimos cumprir com o objetivo inicial do Rally de reduzir a assimetria de informações do mercado. Apesar dessa nova área ser um dado novo para boa parte do setor, muitos já trabalhavam com áreas e volume de produção maiores, como é o caso de várias tradings de soja que utilizam a mesma metodologia para gerar estimativas”, explica Debastiani.
Ajustes de produtividade de soja
A Agroconsult ajustou também algumas produtividades com os resultados da etapa soja do Rally. Segundo a consultoria, no Rio Grande do Sul, as chuvas do final de fevereiro foram benéficas e trouxeram bons resultados nas primeiras áreas colhidas.
Os técnicos avaliaram lavouras no estado na semana de 18 de março e, em abril, retornarão para confirmar os dados. A estimativa de produtividade passou de 55 para 57,2 sacas por hectare.
Houve revisão positiva também nos seguintes estados (em sacas por hectare):
- Minas Gerais: de 57 para 63,4 sacas
- Goiás: de 59 para 62,2 sacas
- Mato Grosso: de 52,5 para 53,1
As revisões negativas ocorreram nas produtividades do estado de São Paulo, de 55 para 48 sacas por hectare, Paraná, de 58 para 56,1 sacas por hectare e Mato Grosso do Sul, com redução de 57,5 para 51,2 sacas por hectare.
Milho segunda safra
Já para o milho segunda safra, quase totalmente plantado, o Rally também ajustou a área para 16,3 milhões de hectares, com redução de 3,9% se comparada à safra passada.
A queda nos preços dos insumos nas últimas semanas levou os produtores a definirem a área nas regiões mais tardias, aponta a Agroconsult. A produção está estimada em 96,4 milhões de toneladas, com queda de 10,9% sobre 22/23.
O Rally da Safra prosseguirá em maio e junho, com seis equipes avaliando as lavouras de milho segunda safra. As áreas visitadas respondem por 97% da área de produção de soja e 72% da área de milho.